segunda-feira, 17 de junho de 2019

Continuamos a andar alegremente em contramão...


Miguel Alvarenga - Não tenho e nunca tive, muito pelo contrário e os que me conhecem sabem isso, qualquer simpatia por este (des)governo socialista onde entram pais, mulheres, filhos e sobrinhos, muita trapalhada e geringonça e cujo chefe até já manifestou o seu desrespeito pela tradição e pela cultura deste povo, num discurso anti-taurino que surpreendeu tudo e todos, depois de há uns anos ter estado numa barreira do Campo Pequeno a aplaudir lides e pegas e de até ter ido à arena condecorar, enquanto presidente da Câmara de Lisboa, o antigo cabo dos Forcados Amadores de Lisboa, José Luis Gomes; para além de incluir ainda uma infeliz, inculta e prepotente ministra da Cultura que sempre que fala, sem conhecimento do que fala, mete água.
Mais, ainda: o regime democrático, chamem-me os nomes que quiserem, sempre me fez mal à cabeça, à digestão, a tudo. Não tenho nada a ver com esta gente. Nunca voto. Tenho, aliás, imenso orgulho em não votar. Uns dizem que faço mal, que assim reforço a Esquerda, mas dá-me igual: com o meu voto não contam nunca. Não me dou a esse trabalho.
Contudo e graças a Deus, recebi de meus Avós e de meus Pais, dos ensinamentos colhidos nessa escola de vida é é o Colégio Valsassina, uma coisa que se chama educação. Não como de boca aberta, não cuspo na sopa, sei estar à mesa e por muito doido que seja, sei respeitar os outros.
Ontem o ministro Capoulas Santos, responsável pela pasta da Agricultura (foto), um governante que, tenha a côr que tiver, jamais deixou de dar a cara pela arte tauromáquico e esteve inúmeras vezes presente em corridas (não se lembram?), assistiu numa barreira à Corrida da CAP em Santarém, ladeado pelo secretário-geral e o presidente da Confederação dos Agricultores, Luis Correia Mira e Eduardo Oliveira e Sousa. Honrou-nos com a sua presença. E nós, aficionados, devíamos ter sabido agradecer-lhe. Mas não. Fizemos (alguns) tudo ao contrário, como é, infelizmente, habitual...
Ao contrário de agradecernos e nos congratularmos com a sua presença e quando Francisco Graciosa, dos Amadores de Santarém, lhe brindou a terceira pega da tarde, ouviram-se sonoros assobios de... protesto. Pode não ter sido, e acredito que não foi, uma vaia directa a Capoulas Santos, mas antes um sinal de descontentamento pelo governo de António Costa. Mas não foi bonito. Foi deselegante, foi falta de educação e foi, acima de tudo, falta de bom senso.
Num momento em que a tauromaquia está debaixo de fogo, em que até se corre o risco (por que se corre mesmo) de ficarmos sem touradas no Campo Pequeno; num momento em que passamos a vida a protestar pela ausência dos políticos nas nossas praças e sobretudo pelo facto do presidente Marcelo continuar a recusar estar presente na primeira praça do país, apesar dos convites que lhe têm sido endereçados; num momento em que os políticos, decididamente, viraram as costas à tauromaquia, salvo raríssimas excepções, temos um membro do governo numa praça (cheia, ainda por cima) e brindamo-lo com uma vaia vergonhosa...
Lamentável. É feio não saber estar. Mais feio não saber receber em nossa casa quem nos honra com a sua visita.
Um dia, lembrem-se disso que ontem aconteceu em Santarém.  Quando isto acabar, quando as praças fecharem como eles querem, não se venham depois queixar. Eu, por mim, estou tranquilo. Sou jornalista e no dia em que não houver toiros para escrever sobre eles, cá me arranjarei a escrever de outras coisas - como sempre fiz. Mas muitos não têm essa (minha) sorte.
Foi feio o que aconteceu ontem em Santarém. Mas foi, acima de tudo, uma grande e vergonha manifestação de falta de educação por parte dos que assobiaram e vaiaram o ministro Capoulas Santos.
Continuamos alegremente a andar sempre em contramão. E um dia, que não deve estar muito longe, havemos de pagar (caro, muito caro) por isso. É pena que não abram os olhos.

Foto Mónica Mendes