sexta-feira, 8 de novembro de 2019

As bonitas palavras de Paulo Caetano de homenagem a Joaquim Bastinhas, lidas ontem na Feira da Golegã

Marcos Bastinhas e Ivan Nabeiro, visivelmente emocionados, ladeando José
Veiga Maltez, presidente da Câmara da Golegã, com uma moldura de fundo
composta por muitos cavaleiros tauromáquicos, ontem no Largo do Arneiro
no momento da emotiva homenagem à memória de seu pai, o saudoso
Maestro Joaquim Bastinhas
Bastinhas foi durante anos a fio uma das mais emblemáticas presenças
da Feira da Golegã
Joaquim Bastinhas, na foto com seu filho Ivan, com "Tomix" e José
Luis Cochicho, numa das suas últimas presenças na Golegã
Joaquim Bastinhas há um ano, com seu filho Marcos e uma jovem aficionada
de 102 anos que tanto o admirava, naquela que foi a sua derradeira aparição
pública - o seu adeus - antes de ser hospitalizado e que ocorreu precisamente
na Feira da Golegã. Na foto de baixo, o saudoso cavaleiro com o seu amigo
e companheiro Paulo Caetano, cujo texto de homenagem foi ontem lido
no Arneiro da Feira no momento em que todos renderam tributo à memória
do inigualável toureiro

Ontem ao início da noite no Arneiro da Feira, na Golegã, durante o habitual desfile de cavaleiros tauromáquicos, foi prestada pela Câmara Municipal uma significativa, emotiva e mais qaue merecida homenagem è memória do saudoso Joaquim Bastinhas, falecido no último dia do ano passado e que foi, durante anos e anos, uma das mais emblemáticas presenças nesta Feira Nacional do Cavalo - que decorre até à próxima segunda-feira, dia 11. Um acto de que vamos publicar a seguir todas as fotos.
Para o celebrar, foram lidas estas lindíssimas palavras do cavaleiro Paulo Caetano, também publicadas no catálogo oficial da XXI Feira Internacional do Cavalo Lusitano/XLIV Feira Nacional do Cavalo, que aqui vos deixamos:

"Foi daqui, deste lugar tão especial, que o Bastinhas disse Adeus.
"Só quem conhece, verdadeiramente, a alma desta Feira, pode entender porque é que o Adeus teria de ser aqui.
"Muito mais do que um palco de festa, este Arneiro conta uma história.
"Um história sem tempo e sem modas. Uma história de amor que une pessoas de todos os lados e de todo o lado através de uma paixão simples, pura, inexplicável, como todas as paixões, numa representação verdadeira de vidas, cuja razão de ser é o cavalo, cujo argumento segue ao ritmo de quem tem o talento de o entender, respeitar e amar.
"Para quem sente a alma desta Feira, sabe que os seus recantos enfumaçados guardam a imagem dos verdadeiros protagonistas desta peça. Daqueles que através da sua carreira, do seu talento, mas acima de tudo da comunhão entre a sua personalidade e a da Golegã, fazem com que não nos consigamos lembrar dela sem nos lembrarmos deles. Que não a consigamos celebrar sem os celebrarmos.
"O Joaquim Bastinhas pertence a esse excelso grupo de personagens que marcaram a fogo a pele desta Feira com o Ferro da alegria, do entusiasmo e da entrega, tatuando-a com a arte de bem montar a cavalo, do convívio são e aberto e do saber ser Português sem reticências.
"O Joaquim Manuel vivia o São Martinho da mesma maneira como interpretava o Toureio a Cavalo. De forma genuína, de coração cheio, de braços abertos e alegria contagiante. O andamento dos seus cavalos no Arneiro era como o da sua personalidade em Praça, exuberante, cativante e alegre e a sua posição em sela como a sua trajectória de vida recta, forte e equilibrada.
"Infelizmente, a lembrança do homem e do amigo, do exemplo de lealdade como colega, do legado que deixou fruto da iniciativa e responsabilidade que punha em tudo o que construía, do amor e dedicação incondicionais à sua família, da atenção e fidelidade que dispensava a todos os que o acompanhavam, do esmero com que cuidava da sua casa, da casa dos seus cavalos, dos seus arreios, das suas searas e da terra que tanto amava, não atenua a saudade que temos da sua presença.
"Resta-nos a recordação, a gratidão e o louvor.
"Hoje, no dia mais marcante da Feira do Cavalo, iluminados pelo seu eterno sorriso, vamos todos homenagear o homem e o artista com um clamoroso Olé, e, olhando para o céu e depois para este palco belo e enfumarado, entender claramente que só poderia ser aqui, nesta arena em todos são toureiros de uma mesma faena, em que todos são actores da mesma história, cheia de cavalos, cavaleiros, replecta de espectáculo, de arte e do público que ele tanto amava, que só poderia ser daqui, do Arneiro da Feira, que o Bastinhas diria Adeus.
"Olé, Bastinhas!"

Paulo Caetano

Fotos M. Alvarenga, Emílio de Jesus/Arquivo e Luis M. Pombeiro