Não foi afinal tão pacífica quanto se disse a reunião dos cavaleiros com o presidente da Associação de Toureiros. Houve mesmo quem exigisse a sua demissão e quem lhe fizesse graves acusações. E quase chegou a haver grossa zaragata...
Contrariamente à versão que inicialmente nos foi transmitida por alguns dos toureiros presentes, a reunião desta semana no Picadeiro da Quinta da Horta, na Atalaia (Alcochete), entre um grupo de cerca de vinte cavaleiros tauromáquicos e três bandarilheiros com o presidente da Associação Nacional de Toureiros, Nuno Pardal (foto ao lado), "foi tudo menos pacífica", contrariam agora outras fontes que ouvimos.
Chegou mesmo a haver "grossa zaragata" e há até quem nos confidencie que "por pouco não se chegou a vias de facto" - entre Pardal e alguns jovens cavaleiros presentes. Terá sido o veterano cavaleiro João Palha Ribeiro Telles quem, calma e educadamente, conseguiu deitar água na fervura e abrandar alguns ânimos.
A demissão de Pardal dos cargos de presidente da Associação Nacional de Toureiros e do Fundo de Assistência dos Toureiros foi mesmo exigida por alguns dos cavaleiros presentes, havendo quem chegasse a alvitrar que "se alterassem os estatutos" da associação ou mesmo que "se formasse uma nova".
Mais grave que isso foram as acusações a Nuno Pardal de que teria "recolhido benefícios financeiros em proveito próprio" aquando do processo de venda da antiga sede do Sindicato dos Toureiros (hoje denominada Associação) na Praça da Alegria e da compra da nova sede nas Olaias, em Lisboa. O antigo cavaleiro exaltou-se e chegou mesmo a ameaçar que os processava judicialmente pelo crime de difamação.
No final da reunião só um dos jovens cavaleiros presentes terá tido uma conversa particular com Pardal pedindo-lhe desculpas por algumas afirmações que fez durante a atribulada sessão no picadeiro da Margem Sul.
Presente também no encontro, Rui Salvador, vice-presidente da Direcção da Associação de Toureiros, foi o único que em diversos momentos saíu em defesa de Pardal e procurou também acalmar os ânimos exaltados dos cavaleiros presentes.
Entretanto, muitos outros cavaleiros não convocados para a reunião de anteontem continuam a manifestar, nomeadamente nas redes sociais, o seu descontentamento pelo facto de "terem sido marginalizados", à semelhança dos matadores de toiros que, como ontem nos afirmou Rui Bento, "deveriam também ter estado neste reunião, porque pertencem à classe e os problemas que possam existir não são exclusivos dos cavaleiros".
Em marcha, pelos vistos, está uma estratégia liderada pelos promotores desta reunião para destituir Nuno Pardal da presidência da Associação Nacional de Toureiros. Esse facto, associado à marginalização por que se sentem atingidos muitos profissionais das arenas que não foram convocados para o encontro, está, segundo uma fonte que esta tarde ouvimos, "a criar um clima de desunião entre os toureiros, numa altura em que se deveria passar precisamente o contrário".
Aguardemos pela cenas dos próximos capítulos...
Fotos "Astérix - A Zaragata" e Emílio de Jesus/Arquivo