sexta-feira, 1 de maio de 2020

"O Jornal" nasceu há 45 anos e marcou a diferença na nossa imprensa



Nasceu há 45 anos "O Jornal", um dos mais importantes baluartes da imprensa nacional da época pós-25 de Abril

Miguel Alvarenga - Foi a 1 de Maio de 1975, passam hoje 45 anos, que saíu o nº 1 de "O Jornal", "um semanário diferente que só o 25 de Abril tornou possível e que constiuiu uma expressão viva do seu espírito: livre, independente, aberto, plural sendo de esquerda democrática, responsável sendo rebelde. Diferente? Único, porque propriedade maioritária, depois exclusiva, dos próprios jornalistas que o fundaram e eram só quem nele 'ordenava' - desde eleger o director a aceitar ou não publicidade", como ontem recordou o antigo director do jornal José Carlos de Vasconcelos no seu artigo semanal na revista "Visão", a publicação que deu continuidade à história de "O Jornal".
E recordou:
"Um jornal único, dos jornalistas, em que o trabalho não era um modo de vida, mas um modo de viver, com entusiasmo, sentindo-se estar a contribur para um novo Portugal".
Houva tantas - muitas mesmo - edições históricas de "O Jornal", mas uma das mais recordadas será certamente esta que hoje aqui reproduzimos (em cima), de 19 de Setembro de 1975, a célebre entrevista de Hernâni Santos ao Comandante Alpoim Calvão, dirigente operacional do Movimento Democrático para a Libertação de Portugal (MDLP), chefiado pelo General Spínola, ao tempo exilado em Madrid e que dizia ao jornalista: "Espero comer as rabanadas de Natal em Portugal".
"O Jornal" era de esquerda. E nós, de "O Diabo", éramos de direita. Mas coabitávamos como profissionais da informação que nos orgulhávamos de ser nesse tempo-outro e até éramos vizinhos, eles na Rodrigues Sampaio, nós na Alexandre Herculano, era só um virar de esquina e todos os dias estávamos no mesmo café. 
Lembro-me muito bem do José Carlos de Vasconcelos, do saudoso Cáceres Monteiro (que, como presidente do Sindicato dos Jornalistas, me assinou a primeira Carteira Profissional), do Hernâni Santos, do Carneiro Jacinto, da Edite Soeiro, grandes jornalistas que eu admirava nesse tempo em que dava os primeiros passos na profissão - e com quem convivia, juntamente com o José Manuel Teixeira, diariamente, no café da Alexandre Herculano que todos frequentávamos várias vezes ao dia.
45 anos depois, uma saúde a "O Jornal" e a todos os que dele fizeram, na realidade, um grande e histórico jornal.