Ministério da Cultura pediu opinião aos promotores de espectáculos em recintos ao ar livre sobre as novas regras que vão ser anunciadas para a sua reaberura em Junho. Mas voltou a ignorar por completo o sector tauromáquico...
Segundo noticiou ontem o "Correio da Manhã", os promotores de espectáculos e companhias de teatro e dança têm até segunda-feira (amanhã) para comunicar ao Ministério da Cultura a sua opinião àcerca das novas regras para a realização de espectáculos ao ar livre ou em recinto fechados que reabrirão em Junho, com vista a minimizar a transmissão da Covid-19.
O Governo deverá anunciar esta terça-feira todas as regras que vão pontuar nos espectáculos que a partir de 1 de Junho já se poderão realizar e onde deverão estar enquadradas as corridas de toiros, mas a verdade é que, contactado Paulo Pessoa de Carvalho, presidente da Associação Portuguesa de Empresários Taurmáquicos, ao sector taurino "o Ministério da Cultura não pediu opinião nenhuma"...
Pessoa de Carvalho desconhecia em absoluto este facto, que esta tarde lhe comunicámos. E a realidade é que no que respeita às praças de toiros, a maioria das medidas que vão ser impostas estão a causar preocupação na classe empresarial e também nos artistas e ganadeiros, uma vez que obrigam à utilização apenas de cerca de 30% da lotação dos recintos, o que para muitos dos promotores de touradas é "inviabiliza nalguns casos e prejudica imenso noutros a realização de espectáculos".
Nas redes sociais já houve mesmo quem comentasse que "era muito mais honesto da parte do Governo admitir a proibição das touradas".
De facto, a lotação dos espaços é a principal preocupação dos empresários e promotores de espectáculos, uma vez que, salienta o "CM", interfere no preço dos bilhetes e na rentabilidade dos espectáculos.
No documento que engloba as medidas restritivas e que será apresentado na terça-feira, o Ministério da Cultura determina que sé poderá existir um espectador por cada 20 metros quadrados (algo acima dos dois metros) nos espectáculos ao ar livre, onde estarão enquadradas as corridas de toiros - mais do dobro do que foi decretado em Espanha para as praças de toiros, que é uma distância de nove metros quadrados.
"Trata-se de um presente envenenado. O Ministério da Cultura vai fingir que nos dá um presente deixando-nos reabrir as praças de toiros a partir de Junho, mas no fim está a cortar-nos as pernas ao exigir essa distância entre espectadores, que vai inviabilizar a realização de espectáculos em praças com lotações inferiores aos 3 mil espectadores e tornar muito difícil o negócio nas outras. Há praças onde, feitas as contas, só vão poder estar 200 espectadores ou 300, o que é um número que inviabiliza por completo a rentabilidade do negócio e até mesmo a possibilidade de podermos avançar com a retoma da actividade", diz-nos um empresário.
A distância exigida de 20 metros quadrados entre espectadores, refere o "Correio da Manhã", significa, por exemplo, que no Terreiro do Paço, em Lisboa, com capacidade para 20 mil pessoas, só poderão estar mil. No que às praças de toiros diz respeito, é uma questão de se fazerem contas...
Fotos M. Alvarenga e D.R.