Moura Caetano liderou pelo segundo ano consecutivo o escalafón nacional de cavaleiros e Duarte Alegrete (em baixo) foi o toureiro (bandarilheiro) que mais toureou em 2024 |
Segundo o Relatório da Actividade Tauromáquica divulgado no final da semana pela Inpecção-Geral das Actividades Culturais (IGAC), foram objecto de autorização nesta temporada de 2024 um total de 164 espectáculos, dos quais se realizaram 143 - porque vinte foram cancelados devido ao mau tempo e um (em Novembro passado na Golegã) acabou por não ser autorizado, depois de inicialmente o ter sido.
Apesar do grande e crescente entusiasmo popular em torno das corridas, com muitas praças esgotadas e outras cheias, a realidade é que 2024 foi, comparativamente com os dois últimos, o ano em que se realizaram menos espectáculos tauromáquicos no nosso país - em 2023 tinham sido 166 e em 2022 houve 175.
Nada de anormal ou preocupante, a nosso ver. Há muitos anos que preconizamos a necessidade de diminuir o excessivo número de touradas que se dão entre nós. É preciso menos quantidade e mais qualidade. Não nos incomoda nada, por exemplo, que se realizem apenas quatro touradas por ano no Campo Pequeno. Incomoda-nos, sim, que se continuem a realizar tantas outras em outras praças em datas que não fazem sentido e com elencos que não chamam público nem dão dignidade ao espectáculo. Resumindo: mesmo assim, 143 festejos taurinos por ano ainda é um número demasiado alto e exagerado.
Dos 143 festejos efectuados entre nós, 114 foram corridas de toiros formais (com cavaleiros e forcados), 9 foram festivais taurinos, houve 8 corridas mistas (com cavaleiros e forcados e matadores de toiros), 6 novilhadas populares, 3 novilhadas e 3 espectáculos denominados de variedades taurinas.
119 espectáculos realizaram-se em praças fixas e 24 em redondéis portáteis, denominados pela IGAC como praças ambulantes.
Vila Franca de Xira foi o concelho com maior número de espectáculos realizados (9), seguido de Évora, Moita e Moura (cada um destes concelhos com 7 festejos realizados este ano).
A nível regional, o Alentejo continua na frente, com a realização de 54,55% dos espectáculos efectuados no país (um total de 78), seguido pelas região de Lisboa (31 espectáculos que representam 21,68%) e a Zona Centro com 20,98% (o que se traduziu em 30 festejos).
A nova empresa Toiros com Arte, de Jorge Dias e Samuel Silva, foi a que mais espectáculos levou a efeito, tendo promovido 20, seguida pela empresa Tauroleve de Ricardo Levesinho com 17 e pelas de José Charraz e a Toiros & Tauromaquia (de Margarida e António José Cardoso), cada qual com 11 espectáculos promovidos nas praças que gerem.
O cavaleiro João Moura Caetano, com 31 actuações, foi o que mais toureou em arenas nacionais, tendo participado em mais 9 festejos em Espanha, totalizando 40 e liderando pelo segundo ano consecutivo o escalafón nacional.
Marcos Bastinhas foi o segundo em número de corridas (22) e João Moura Jr. o terceiro com 21.
Manuel de Oliveira foi o cavaleiro praticante com mais corridas em 2024 (11), seguido por Diogo Oliveira (8), que entretanto tomou a alternativa em Outubro em Vila Franca; e por Francisco Maldonado Cortes, com 7.
No que respeita à categoria de cavaleiros amadores, os três da frente foram Tomás Moura (5 actuações), Vasco Veiga (3) e Miguel Felisberto (2).
Quanto ao toureio a pé, num ano em que os nossos matadores e novilheiros tourearem muito pouco, ficou na frente o matador Joaquim Ribeiro "Cuqui" com apenas 3 festejos, seguido pelo novilheiro Gonçalo Alves (2) e pelos novilheiros praticantes João Mexia (5) e João Fernandes (4).
Os toureiros de prata (bandarilheiros) foram aqueles que mais corridas somaram em Portugal: Duarte Alegrete ficou na frente com 54 actuações, sendo assim o toureiro que mais vezes se exibiu nesta temporada entre nós. Seguem-se João Bretes com 46 e Jorge Alegrias com 44.
Na categoria de bandarilheiros praticantes, Diogo Fernandes e José Maria Maldonado Cortes (com 24 actuações cada) lideram e António Caravaca ficou à frente na categoria de bandarilheiro amador com 7 festejos.
Quanto aos grupos de forcados, ficaram na frente os Amadores de Montemor e os Amadores de Beja com 15 actuações cada, seguidos pelos grupos de Cascais e São Manços (13 cada), e pelos Amadores da Moita e Amadores de Coimbra (12 cada).
O Relatório da Actividade Tauromáquica divulgado pela IGAC contabiliza ainda as vezes em que os seus delegados (directores de corrida) assumiram funções, tendo ficado na frente Marco Gomes com 18 intervenções, seguido por Tiago Tavares (15) e Ricardo Dias (13).
Jorge Moreira da Silva (39), José Luis da Cruz (35) e Ana Gião e Carlos Santana (15 cada) foram os médicos veterinários com maior números de intervenções em espectáculos como assessores dos directores de corrida.
No documento, o Inpector-Geral Luis Silveira Botelho agradece "aos trabalhadores da IGAC que, em 2024, acompanharam todas as tarefas associadas à atividade tauromáquica” e deixa um apelo aos agentes taurinos para que possam continuar “a velar pelo cumprimento das regras que incorporam o quadro legal em vigor, designadamente, ao nível da protecção do bem-estar animal, das condições técnicas e de segurança dos recintos e no funcionamento normal e regular deste tipo de espectáculos em termos que o dignifiquem e ancorados no estrito respeito das normas previstas na legislação que disciplina todos os aspetos que lhe estão associados”.
Fotos M. Alvarenga
A empresa Toiros com Arte, de Jorge Dias e Samuel Silva, foi a que mais espectáculos tauromáquicos promoveu este ano: 20 |