A fadista Fernanda Maria faleceu esta segunda-feira em Lisboa, aos 87 anos, disse à agência Lusa a poetisa Maria de Lourdes de Carvalho, amiga da intérprete de êxitos como "Não Passes com Ela à Minha Rua" ou "Saudade Vai-te Embora".
Fernanda Maria Carvalheda Silva, de seu nome completo, nasceu na freguesia do Socorro, no Hospital de S. José em 6 de Fevereiro de 1937. O seu pai era tipógrafo e cantava muito bem o fado, pelo que deverá ter sido com ele que apanhou o compasso e o gosto pelo Fado.
Desde muito nova, 12/13 anos, empregou-se a servir à mesa, na "Adega Patrício", de que era proprietária a fadista Lina Maria Alves. Mais tarde passou para o restaurante de Argentina Santos, a "Parreirinha de Alfama", e foi ali, naquele espaço tão especial, que surgiu uma das maiores intérpretes do género, símbolo do mais puro estilo fadista.
Os seu êxitos perduram na memória, senhora de uma voz "límpida e segura", como afirmou o júri do Prémio Amália, que a distinguiu em 2007 com o Prémio de Carreira.
Entre as gravações da fadista, foram grandes êxitos temas como "O Meu Marialva", "Aquela Velhinha", "Rosa Enjeitada", "Não Passes com Ela à Minha Rua" e "Saudade Vai-te Embora".
A obra de Fernanda Maria está ainda editada nas coleções "O Melhor de", da discográfica EMI/Valentim de Carvalho (2009), e "Estrelas da Música Portuguesa" (2015), da Ovação.
Fernanda Maria foi uma "fadista castiça", como se diz no meio, tornando-se indubitavelmente numa das grandes referências do Fado. Foi também autora de algumas letras que cantou, como "A razão do meu viver", que gravou na melodia do Fado Menor, e, recentemente, o fadista Ricardo Ribeiro gravou da autoria de Fernanda Maria o tema "Prédio em Ruína", numa melodia de Domingos Camarinha.
Que em paz descanse.
Fotos D.R.