sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Novo artigo de André Cunha

André Cunha


Aficion Insular


O nosso “Criador” deseja conceber um lugar e um animal único. Para passar à realidade, de pincel em punho e tela pela frente, lança os primeiros traços e esboça o que viria a ser o planeta Terra. No auge de inspiração surgem nove migalhas de terra, apenas rodeadas por um abrangente mar azul, conjunto de ilhas que alguém baptizou de Açores. Acabara de criar uma das regiões mais belas, sítio de gente acolhedora, humilde e trabalhadora, destino paradisíaco e onde a qualidade de vida prevalece. Para o animal, usou da mesma inspiração e daí nasceu o Toiro, sinonimo de bravura, símbolo de virilidade, algo imponente e majestoso.
Destas palavras carregadas de elogios tem inicio uma autêntica história de amor, entre esta Região Autónoma do nosso Portugal e tais animais de raça brava, pois nutrimos enorme afecto ao Toiro e a tudo que gira em torno dele. Daí a nossa notoriedade pela Festa Brava e o destaque como uma das zonas mais aficionadas no que diz respeito à tauromaquia nacional e até mesmo internacional.
Não deve ser por simples acaso que se realizam Fóruns Mundiais de Cultura Taurina, um Congresso Mundial de Ganaderos de Toiros de Lide, uma das Feiras Taurinas mais importantes do país (Feira de São João), praças de toiros com localizações únicas, monumentos impares e de grande porte, Tertúlias reconhecidas além-fronteiras, gentes com cargos importantes em diversas associações, Feiras do Toiro e Cavalo, palestras e tentas, para não falar da tauromaquia popular, caracterizadas pelas mais de três centenas de Touradas à Corda, realizadas um pouco por quase todas as ilhas, mas com maior percentagem nas ilhas Terceira, Graciosa e São Jorge. Só com esforço, gosto e dedicação é possível levar avante a organização destes grandes marcos, como são exemplo os fóruns realizados, que contam com a presença das pessoas e dos meios mais influentes da tauromaquia mundial. Todos estes eventos elucidam como se vive a festa por estas paragens e demonstram a sua vitalidade e saúde. O Toiro Bravo assume papel de relevo na cultura açoriana.
Infelizmente, nem tudo é um mar de rosas, e onde há prós, também há contras. Desde logo pela geografia, que separa-nos da oferta, que nos impede de assistir a mais espectáculos e eventos de índole taurina, a insularidade restringe-nos o acesso a algumas coisas fúteis e tao básicas como a compra de um livro, revistas ou artigos decorativos alusivos à arte tauromáquica. Mesmo com todos os meios de comunicação actuais, a insularidade limita-nos a novas amizades e a troca de conhecimentos, de aficionados para aficionados. Contudo, a aficion não se perde, superam-se as adversidades e o vício aumenta gradualmente.
Na escuridão do Atlântico, vasto mar profundo que nos separa, o amor ao Toiro Bravo quebra fronteiras e qualquer outra barreira. Muitas vezes, e longe de ser uma fábula, é o amor ao Toiro que nos une.

Foto D.R.