Pertinente e polémico, como é seu timbre, João Cortesão debruça-se hoje no blog "sortes de gaiola" sobre a "política e politiquice dos prémios de fim de temporada". Um texto que aqui reproduzimos com a devida vénia:
Um
prémio (do latim praemiu) é algo concedido a uma pessoa ou grupo de
pessoas como reconhecimento da excelência em determinado campo ou por um
relevante serviço prestado
É um dado adquirido que esta história
dos prémios é uma questão muito subjectiva. Há sempre quem discorde, e para
isso basta a visão e o gosto de cada um. Se para o grande público as coisas
tomam o calor das paixões, para os premiados nunca devia ultrapassar o encaixe
do reconhecimento dos outros, mas algumas vezes não é assim. Faltam porque
pensam que mereciam mais, ou faltam porque se estão cagando para quem os
distingue.
Há dois tipos de prémios, uns mais
concisos e redutores, do tipo "triunfador disto e daquilo", e outros
mais abrangentes que se traduzem no prémio carreira, no prémio revelação, no
prémio prestigio, e muitas outras variantes, que se podem comparar ás menções
honrosas no caso dos prémios da literatura, da pintura, da arquictetura etc....
Pessoalmente estou convencido que muitos
premiados com mensões honrosas noutras áreas que não a tauromaquia, estão
convencidos que mereciam mais, mas, por humildade, educação, e pela importância
que as distinções têm na área a que se dedicam, reservam essa opinião para si
próprios e para aqueles que fazem parte da sua intimidade.
Em Espanha os toureiros deslocam-se a
qualquer aldeia para receber prémios, em Portugal não é assim.
Que me lembre, só o prémio atribuído a
Francisco Rivera Ordoñez pelo governo espanhol foi contestado, e foi, dada a
vertente politíca do mesmo, acima de tudo por figuras já retiradas pagando
Rivera Ordoñez, pelas invejas que ainda hoje se notam em relação ao seu avô e à
visibilidade social da vida do matador distinguido.
Em cada prémio, seja qual for, há sempre
uma componente de amizade e simpatia que é incontornável, mesmo no "Prémio
Nobel" disto e daquilo, basta ver a contestação que se vive neste momento
ao Prémio Nobel da Paz atribuído à Comissão Europeia.
Nas reacções dos não premiados ou dos
premiados com prémios menores, contam e de que maneira as influências dos que
os rodeiam, família, amigos ou ditos amigos, como também do staff. Quanto à
familía essa influência é pura e natural. Quanto aos amigos ou ditos amigos,
essa influência pode ser apaixonada, pode ser movida pela vontade enviusada de
agradar enchendo o ego do visado, e pode mesmo ser de recalcados que há em
todas as entourages, e que se transmitem ora de forma directa ora de forma
indirecta, por exemplo via alcova...
A título de curiosidade, refiro os
Prémios satíricos, que tipicamente reconhecem falhas ou realizações atípicas,
que são usualmente concedidos por pessoas e organizações, tais como confrarias
e colunistas.
Prémios satíricos incluem o Framboesa de
Ouro (Razzies), uma contrapartida satírica ao Academy Award (Oscar) o qual
destaca os piores filmes, e o Darwin Awards, "concedido às pessoas que
parecem querer aprimorar o pool de genes humano ao acidentalmente se matarem ou
cometer um erro estúpido por falta de atenção."
Se alguém tivesse a ousadia no nosso
País, de criar prémios para a pior faena, para a pior pega, para o pior
apoderado, para a pior empresa ou para o pior site ou blogue, eu queria ver
quem ia receber um prémio desses... Se me tocasse a mim, eu ia com certeza.
Resumindo, não ir receber prémios sem
uma evidente justificação, é uma falta de respeito, mais... é mesmo falta de
educação.
Foto M. Alvarenga/Arquivo