segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Cortesão: Política e politiquices dos "Prémios de Fim de Temporada"


Pertinente e polémico, como é seu timbre, João Cortesão debruça-se hoje no blog "sortes de gaiola" sobre a "política e politiquice dos prémios de fim de temporada". Um texto que aqui reproduzimos com a devida vénia:



Um  prémio (do latim praemiu) é algo concedido a uma pessoa ou grupo de pessoas como reconhecimento da excelência em determinado campo ou por um relevante serviço prestado
É um dado adquirido que esta história dos prémios é uma questão muito subjectiva. Há sempre quem discorde, e para isso basta a visão e o gosto de cada um. Se para o grande público as coisas tomam o calor das paixões, para os premiados nunca devia ultrapassar o encaixe do reconhecimento dos outros, mas algumas vezes não é assim. Faltam porque pensam que mereciam mais, ou faltam porque se estão cagando para quem os distingue.
Há dois tipos de prémios, uns mais concisos e redutores, do tipo "triunfador disto e daquilo", e outros mais abrangentes que se traduzem no prémio carreira, no prémio revelação, no prémio prestigio, e muitas outras variantes, que se podem comparar ás menções honrosas no caso dos prémios da literatura, da pintura, da arquictetura etc....
Pessoalmente estou convencido que muitos premiados com mensões honrosas noutras áreas que não a tauromaquia, estão convencidos que mereciam mais, mas, por humildade, educação, e pela importância que as distinções têm na área a que se dedicam, reservam essa opinião para si próprios e para aqueles que fazem parte da sua intimidade.
Em Espanha os toureiros deslocam-se a qualquer aldeia para receber prémios, em Portugal não é assim.
Que me lembre, só o prémio atribuído a Francisco Rivera Ordoñez pelo governo espanhol foi contestado, e foi, dada a vertente politíca do mesmo, acima de tudo por figuras já retiradas pagando Rivera Ordoñez, pelas invejas que ainda hoje se notam em relação ao seu avô e à visibilidade social da vida do matador distinguido.
Em cada prémio, seja qual for, há sempre uma componente de amizade e simpatia que é incontornável, mesmo no "Prémio Nobel" disto e daquilo, basta ver a contestação que se vive neste momento ao Prémio Nobel da Paz atribuído à Comissão Europeia.
Nas reacções dos não premiados ou dos premiados com prémios menores, contam e de que maneira as influências dos que os rodeiam, família, amigos ou ditos amigos, como também do staff. Quanto à familía essa influência é pura e natural. Quanto aos amigos ou ditos amigos, essa influência pode ser apaixonada, pode ser movida pela vontade enviusada de agradar enchendo o ego do visado, e pode mesmo ser de recalcados que há em todas as entourages, e que se transmitem ora de forma directa ora de forma indirecta, por exemplo via alcova...
A título de curiosidade, refiro os Prémios satíricos, que tipicamente reconhecem falhas ou realizações atípicas, que são usualmente concedidos por pessoas e organizações, tais como confrarias e colunistas.
Prémios satíricos incluem o Framboesa de Ouro (Razzies), uma contrapartida satírica ao Academy Award (Oscar) o qual destaca os piores filmes, e o Darwin Awards, "concedido às pessoas que parecem querer aprimorar o pool de genes humano ao acidentalmente se matarem ou cometer um erro estúpido por falta de atenção."
Se alguém tivesse a ousadia no nosso País, de criar prémios para a pior faena, para a pior pega, para o pior apoderado, para a pior empresa ou para o pior site ou blogue, eu queria ver quem ia receber um prémio desses... Se me tocasse a mim, eu ia com certeza.
Resumindo, não ir receber prémios sem uma evidente justificação, é uma falta de respeito, mais... é mesmo falta de educação.

Foto M. Alvarenga/Arquivo