sábado, 6 de abril de 2013

Ontem no Campo Pequeno: quase nada, um prego e Gil...

A noite estava fria e Rouxinol aqueceu-a!
Bohórquez impôs a sua classe - e fez a diferença!
Moura em grande no seu segundo toiro! Foi dele o ferro da noite!



Miguel Alvarenga e Emílio de Jesus (fotos) - Jogava o Benfica e o povo preferiu ir ao Estádio da Luz. Choveu e o povo preferiu ficar em casa. Foram as desculpas esfarrapadas - e infantis - que os "entendidos" encontraram para justificar e se convencer a eles próprios e aos outros, das razões do fracasso de público na tourada que ontem abriu a temporada do Campo Pequeno...
Desde a reabertura, este foi o primeiro grande "buraco" de assistência nas bancadas da nossa primeira praça. Um desolador "terço de entrada" ou menos, até. Tudo vermelho, que é a côr das cadeirinhas...
O cartel não prestava, não interessou os aficionados? Não acredito. Rouxinol vai a todas as freguesias e todas as capelinhas, ainda no domingo toureia aqui ao lado em Alcochete, mas não deixa de ser um grande toureiro e de estar em grande forma. Dá sempre gosto ver. Não acredito que as pessoas tenham faltado ao Campo Pequeno por estarem fartas do Luis...
Um cavaleiro (rejoneador) espanhol é sempre uma novidade e uma diferença. A maior parte deles são melhores e têm melhores cavalos que muitos dos nossos. É verdade. Fermín Bohórquez é uma das vedetas do país vizinho. Triunfou no festival a favor do forcado Nuno Carvalho (que ontem assistiu num camarote e foi brindado pelos dois grupos de forcados actuantes). Estava - e esteve - muito bem no cartel de abertura da temporada lisboeta.
João Moura Jr. quase não toureou em Portugal no último ano. Fartou-se de triunfar em Espanha. Não me digam que os aficionados não tinham interesse em vê-lo no Campo Pequeno, porque não acredito nisso.
Não obstante tudo isto, é verdade que hoje em dia não existem em Portugal toureiros com "força de bilheteira" para levarem público às praças. Como Moura no seu tempo. Como Batista, Zoio e tantos mais, no seu tempo. Como Pedrito, na altura em que "deu o tiro". Faltam ídolos na tauromaquia.
Mais grave que isso: o povo não tem dinheiro. Talvez se esteja a guardar para a segunda corrida de Lisboa (16 de Maio) e para ver Pablo Hermoso.
O fracasso de ontem em Lisboa pode ter sido um aviso assustador para o que será esta temporada em tempo de crise. Pode ter sido uma lição (se tiverem cabeça para a aprender) para os senhores empresários. Há que apostar em menos e mais atractivas corridas. Se o Tony Carreira cantasse todas as semanas no Pavilhão Atlântico nunca o enchia como enche... Nos toiros, é "mais do mesmo" a toda a hora - e é preciso mudar!
Por "morrer uma andorinha" nunca "acabou a Primavera". Mas é preciso não esquecer que, mesmo "não morrendo", pode ter ficado em causa - e em perigo. Vamos aguardar serenamente pela segunda corrida do Campo Pequeno e analisar então o que se passou nesta: se o público se estava a guardar para festejar os 30 anos de carreira do popular Joaquim Bastinhas, para rever o grande Pablo Hermoso depois da apoteose (ainda lembrada) que foi a sua última presença naquela arena, em Setembro do ano passado (três voltas e meia à arena, lembram-se?) e para a alternativa da nova vedeta do toureio equestre, João Maria Branco. Depois falamos...
Da corrida de ontem temos muito pouco para falar... A primeira parte passou sem história e nem me lembro de nada. Três toiros de Vinhas sem o mínimo de qualidades. Praça vazia e falta de toiros, de emoção e de transmissão - uma seca das antigas...
Na segunda parte, com toiros (excelente apresentação, isso há que reconhecê-lo) de melhor colaboração, Luis Rouxinol encheu-se de brios e aqueceu a noite fria com o seu pundonor, a sua garra e a sua arte de bom toureiro; João Moura Jr. pôs a "carne no assador" e foi dele o grande ferro da noite, a terminar uma lide de entrega e de imenso valor; e Fermín Bohórquez (que toureou no fim o "sobrero", por o seu toiro ter saído coxo) impôs a classe e o temple com que ao longo dos anos tem feito a diferença, mantendo o rótulo de classicismo que o torna único e distante das "modas" - em que nunca alinhou. Brilhante!
De resto, a tourada de ontem resume-se a este parágrafo - e nada mais ficou para recordar. Pedro Reinhardt dirigiu com a usual competência e também a habitual "rigidez". Não custava nada ter animado as lides da primeira parte com a banda. Sempre aquilo parecia mais qualquer coisa que um triste velório...
A noite valeu pelo belíssimo prego do lombo que a seguir saboreei no bar "Outro Tempo". E pelo momento em que finalmente conheci o novo empresário Henrique Gil e sua Mulher, Lúcia, super-simpáticos - que ontem me veio cumprimentar na praça e me deu um papel anunciando os toiros Graves para Portalegre (este que aqui está ao lado!). E não um "cheque"... como alguns, mais maldosos, alvitraram. As "vizinhas" ficaram em alvoroço... Mas ainda não foi desta que "fui comprado". Tranquilos...

Fotos Emílio de Jesus/fotojornalistaemilio@gmail.com