terça-feira, 16 de julho de 2013

Taurinos em brasa com o programa "Olé"... haja calma!

De todos, Castelo Branco foi o único que teve pouco ou nada a ver com a imagem
e a figura dos nobres forcados. Mas tinha que haver um... paciência!
Reacção dos taurinos contra o programa "Olé" até fizeram lembrar o mesmo
que em 1973 sucedeu quando Fernando Tordo cantou a célebre "Tourada"
no Festival RTP da Canção... Todos pensaram que era uma afronta à tauromaquia
e, afinal, era apenas e só uma letra política...


Miguel Alvarenga - Palavra de honra que às vezes me dá vontade de os abanar, de os sentar na minha frente e lhes explicar aquilo que não entenderam, ou melhor, em muitos casos, não lhes apeteceu entender. Os homens dos toiros são confusos, quezilentos, maldizentes, mal-dispostos.
O "motim" que se gerou no meio taurino por obra e graça do programa "Olé", transmitido pela SIC no último sábado em directo da praça de toiros do Campo Pequeno, fez-me lembrar os disparates que se disseram e se escreveram em 1973 quando Fernando Tordo cantou no Festival da Canção a célebre "Tourada" com letra de Ary dos Santos.
O saudoso Nuno Salvação Barreto, que da forcadagem era uma referência incontornável, ceou na própria noite do Festival no antigo Monumental com José Carlos Ary dos Santos e depois acalmou as hostes, que não tinham percebido que a letra era mais política que propriamente anti-taurina e a interpretaram com uma ofensa à arte tauromáquica...
No que ao programa "Olé" diz respeito, escreveu-se de tudo - e escreveram-se barbaridades - nas redes sociais. Houve, sobretudo, forcados e antigos forcados ofendidos com o que consideraram "uma afronta" à nobre arte de pegar toiros - e aos forcados, acima de tudo.
Vamos então por partes.
A SIC realizou na sua história duas corridas de toiros, uma em Santarém e outra em Lisboa. Exceptuando essas duas ocasiões, foi sempre um canal que não deu importância nem passou cartão à Festa Brava. Mas está no seu direito de não gostar de touradas. Ninguém pode obrigar...
Agora, "deu a cara", pôs algumas caras conhecidas, não propriamente grandes celebridades, mas indiscutivelmente famosos, pelo menos em termos televisivos, a fazer de forcados. Claro que o fez para ganhar audiências. Mas é legítimo que o faça. E ganhou-as. O programa bateu todos os recordes, foi visto por todos, na noite de sábado.
Foi mau? Penso que foi bom. E nem gerou, como geram as touradas, a reacção negativa dos anti-taurinos.
José Luis Gomes é também uma referência da forcadagem. Além de ter sido um grande pegador de toiros e cabo dos Forcados Amadores de Lisboa, é vice-presidente da associação que representa e engloba a maioria dos grupos de forcados nacionais. Aceitou integrar o júri deste programa. Não é propriamente uma figura que necessite dos quinze minutos de fama que se ganham quando se aparece na televisão. Também não é doido, nunca o foi. Se participou no "Olé" foi por que considerou - e a associação a que pertence também, certamente - que o programa não iria denegrir a imagem do forcado amador.
Os grupos de forcados de Santarém (apesar da ausência do seu cabo) e do Aposento da Moita também participaram no programa, coadjuvando os famosos nas suas pegas. São dois grupos consagrados e acima de quaisquer suspeitas. Se participaram foi, certamente, por que também entenderam que o programa não ia deixar de rastos a imagem do forcado amador.
A empresa da praça de toiros do Campo Pequeno, apesar de através da sua direcção de eventos e não da direcção tauromáquica, permitiu que o programa se desenrolasse no seu espaço - o que também significa que não entendeu que daí viesse mal algum ao mundo e, sobretudo, ao mundo da tauromaquia.
Feitas as contas, que mal teve o programa? Nenhum, digo eu. Exceptuando a ridícula figurinha do senhor Castelo Branco, que não é propriamente, nem de perto, nem de longe, o melhor e mais digno representante da figura do forcado amador, e que ainda por cima ia trajado meio de matador e meio de cavaleiro, tudo o mais decorreu na maior das normalidades.
Falou-se de forcados, falou-se da nobre arte de pegar toiros e falou-se de tauromaquia. Era preciso fazer uma tempestade num copo de água, como tantos a fizeram nas redes sociais, criticando o programa, escrevendo cobras e lagartos da SIC, parecia que tinha caído o céu sobre as praças de toiros todas?...
Tenham calma, tudo ficou como estava. E todos falaram - e bem, ainda por cima - das pegas e dos forcados.
Bom seria que os mesmos que no sábado encheram a praça do Campo Pequeno - mas a entrada era à borla... - também a enchessem na próxima quinta-feira, depois de amanhã, para assistiram a mais uma corrida de toiros da temporada e, ainda por cima, a um Concurso de Pegas. Mas isso é bem capaz de ser outra conversa...

Fotos D.R. e SIC