Miguel Alvarenga abriu ontem na Sala Vip do Coliseu "Comendador Rondão de Almeida", em Elvas, a conferência de imprensa de apresentação da "encerrona" de João Moura no próximo dia 5 de Outubro relembrando a memorável trajectória do cavaleiro e o sucesso das três anteriores ocasiões em que enfrentou também seis toiros, a primeira das quais em Setembro de 1979 na Monumental de Santarém. Publicamos na íntegra o texto lido ontem pelo director do "Farpas":
34 anos separam a corrida do próximo dia
5 de Outubro, aqui, no Coliseu "Comendador Rondão de Almeida", da outra em que,
em 1979, a 30 de Setembro, na Monumental de Santarém,
João Moura lidou sózinho, pela primeira
vez, sete toiros - seis, mais o sobrero - sendo também a primeira vez que um
cavaleiro cometeu tal proeza na História da Tauromaquia nacional e também a
primeira vez que a praça "Celestino Graça", a maior de Portugal, com
12 mil lugares, esgotou em poucos dias a sua lotação.
Pelo meio, João Moura protagonizou ainda
mais duas "encerronas" (assim se denominam em Espanha as corridas em
que um toureiro enfrenta sózinho o desafio de lidar seis toiros), ambas de
enorme sucesso e ambas tendo como palco, cheia nas duas ocasiões, a primeira
praça de toiros do país, a do Campo Pequeno.
Ao longo de 35 anos de alternativa, que
esta temporada se assinalam, João Moura manteve-se no trono e foi, apenas e só,
o primeiro entre os primeiros. Haverá sempre um tempo antes e depois de João
Moura, como houve um tempo antes e depois de Mestre João Núncio e um tempo
antes e depois de José Mestre Batista. Eles foram os três grandes
revolucionários do toureio a cavalo e com eles surgiram, nos devidos tempos, as
inovadoras formas de lidar toiros a cavalo, que marcaram e fizeram a diferença.
Ao longo de 35 anos de alternativa,
desde que, com apenas 16 anos, se apresentou e triunfou na mais importante
arena do mundo, a da Monumental de las Ventas, em Madrid, conquistando a
Espanha inteira e dando que falar com o célebre cavalo "Ferrolho",
João Moura impôs a sua raça, a sua garra e a força com que um dia aqui chegou e
aqui deixou escrita a mais sólida e a mais bonita das histórias.
O difícil não foi só chegar. Foi
manter-se. E João Moura manteve-se, ao longo de quase quatro décadas, como
inquestionável e incontornável número-um do Toureio Equestre Mundial.
O desafio que agora propôs a si próprio,
aos 53 anos de idade, já com dois filhos lançados no difícil mundo que ele
mesmo continua a liderar, o mundo do toureio a cavalo, é a prova de que João
Moura continua vivo e bem vivo e mantém a casta, a raça e a garra que em 35
anos defendeu e impôs nas arenas de todo o mundo.
Vir a Elvas, ao seu Alentejo, enfrentar
de novo sózinho seis toiros, num momento em que podia gozar do conforto e da
comodidade de uma História já escrita e já feita, revelam a raça de um Homem e
confirmam a força de um Toureiro.
João Moura não vem provar nada a ninguém
e muito menos a si próprio. Vem aqui, a esta arena, no próximo dia 5 de
Outubro, partilhar com os aficionados e com os seus milhares de adeptos a
alegria de comemorar 35 anos de alternativa e ainda aqui estar, como na
primeira hora, a tratar os toiros por tu e a marcar a diferença sempre que
entra numa praça.
Fotos Hugo Teixeira/cortesia diariotaurino.blogspot.com