"Com ele senti a reunião mais acoplada com o toiro, de todos os cavalos que tive" - assim recorda Pablo Hermoso de Mendoza o seu famoso cavalo "Gallo", que foi uma das grandes estrelas da sua quadra nos anos 90 e que morreu no passado dia 9 na sua herdade "Zarapuz" em Estella (Navarra, Espanha), enquanto ele actuava no Perú.
Castanho, Lusitano puro, de ferro Veiga, o "Gallo" foi um dos cavalos fundamentais na ascenção de Pablo Hermoso na década de 90. Embora sempre na sombra dos seus irmãos "Cagancho" e "Chicuelo", destacou-se pela sua morfologia, pela sua habilidade na cara do toiro e pelo seu "duende torero", como recorda Pablo Hermoso.
Nascido na Herdade do Pinheiro (Veiga) em 1986, o cavalo pertenceu anteriormente a João Moura e chamava-se "Champanhe", depois de o seu primeiro nome de registo ter sido "E-Nabo". Pablo comprou-o a Moura quando tinha oito anos e rebatizou-o com o nome de "Gallo", estreando-o na sua quadra em 1994 na praça de Villarubia de Santiago. O cavalo toureou até 1999 e a sua última actuação foi a 20 de Agosto desse ano na localidade navarra de Valtierra. Posteriormente, ainda viajou até ao Perú com Hermoso, mas uma complicada arterose nas mãos impediu-o de protagonizar a retirada que merecia. Apesar da sua escassez de forças, foi sempre reconhecido pela sua arte e habilidade nas arenas.
O "Gallo" está referenciado como o principal semental de cavalos toureiros da actualidade. Como reprodutor, deu produtos tão importantes como "Silveti", "Chenel", "Curro", "Pata Negra", "Disparate" e outros da quadra de Pablo Hermoso; "Pericalvo" de Andy Cartagena; "Gallito" de Sérgio Domínguez; "Rebujito" de João Salgueiro; "Dante" de Brito Paes; e "Ferruco" de Manuel Manzanares, entre muitos mais. A Associação Portuguesa de Criadores de Puro Sangue Lusitano reconheceu-o numa das suas edições como o melhor cavalo Lusitano de toureio.
Desde este mês, as cinzas do fantástico "Gallo" acompanham as de "Fusileiro", "Pata Negra", "Villa" e "Aldabica" na finca "Zarapuz" em Estella.
Fotos D.R./Arjona e Paco Ramírez/@Pablo Hermoso de Mendoza