sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Campo Pequeno: recordando os anos de ouro

Um mês depois da alternativa em Salamanca, Júlio Robles fez a sua estreia
no Campo Pequeno ao lado de "Paquirri", em Agosto de 1972
Corrida luso-espanhola em Lisboa em 1966, com a particularidade de se anunciar
no programa, ao lado dos dois matadores, a participação no tércio de bandarilhas
do então bandarilheiro Mário Coelho, membro da quadrilha do espanhol
Andrés Vásquez. A cavalo, Peralta e Lupi lidaram dois toiros desembolados


Porque Recordar é Viver, continuamos a lembrar alguns dos momentos mais significativos que marcaram a longa história da centenária praça de toiros do Campo Pequeno, ainda e sempre a maior referência nacional em termos tauromáquicos - desta vez, as corridas de apresentação em Lisboa de duas grandes Figuras do toureio espanhol, os matadores Júlio Robles e Andrés Vásquez, respectivamente em 1972 e 1966.
Júlio Robles acabara de receber a alternativa um mês antes - a 9 de Julho de 1972 em Salamanca, apadrinhado por Diego Puerta com o testemunho de Paco Camino - e fazia a sua estreia em Portugal num atractivo mano-a-mano com Francisco Rivera "Pquirri", que era ao tempo um dos grandes ídolos da afición lisboeta e no qual o empreesário Manuel dos Santos apostava forte todas as temporadas. Lidaram-se oito toiros da afamada ganadaria de António Cabral Ascenção, a preferida pelas primeiras Figuras e actuaram a cavalo Manuel Conde e Luis Miguel da Veiga, tendo pegado o Grupo de Forcados Amadores de Évora sob o comando de João Nunes Patinhas.
A 13 de Agosto de 1990, Júlio Robles viria a ser vítima de grave colhida na praça francesa de Béziers, ficando tetraplégico e vindo a falecer onze anos mais tarde, a 14 de Janeiro de 2001. Afortunadamente, "Paquirri" viria a falecer em 1984 vítima de cornada na praça espanhola de Pozoblanco.
O outro cartaz que hoje recordamos diz respeito à corrida nocturna de 7 de Julho de 1966 no Campo Pequeno, um cartel luso-espanhol em que actuaram como cavaleiros o português José Samuel Lupi e o espanhol Angel Peralta - que lidaram os seus segundos toiros desembolados - e a pé o nosso José Júlio e o espanhol Andrés Vásquez. Lidaram-se oito toiros da ganadaria de Herdeiros do Dr. António Henriques da Silva e pegaram os Forcados da Tertúlia Tauromáquica do Montijo, ao tempo comandados por Renato Dias.
O programa da corrida tinha uma particularidade, que aqui se destaca: anunciava que o tércio de bandarilhas seria desempenhado "pelos três melhores bandarilheiros da actualidade juntos pela primeira vez". Ao lado dos nomes dos dois matadores intervenientes, surgia também em grande destaque o do bandarilheiro Mário Coelho (que mais tarde viria a ser também importante matador de toiros), que pertencia e pertenceu durante anos à quadrilha de Andrés Vásquez e que muitas vezes em Espanha foi também anunciado com meritório destaque nos cartéis. O público ia à praça ver Andrés Vásquez, mas também o seu valoroso bandarilheiro português, muitas vezes referenciado na época como "o melhor do mundo".

Foto D.R.