Ausente ontem no almoço de Natal da Real Tertúlia D. Miguel I, no Restaurante "Solmar", em Lisboa, por estar ainda em recuperação de recente operação ao joelho, o cavaleiro praticante João Salgueiro da Costa (foto ao lado) - evocado por Andrade Guerra, presidente do Diectório, como um dos cinco "injustiçados" nesta temporada de 2014, enviou o texto que a seguir publicamos na íntegra e que foi lido por seu Avô, o também cavaleiro tauromáquico Fernando de Andrade Salgueiro:
É com muita pena que não estou presente,
mas a recente cirurgia ao joelho não me permite estar neste almoço. É sempre
uma honra ser convidado por essa tertúlia, os valores e a verdade que trazem à
Festa estão cada vez mais em vias de extinção, e como cavaleiro praticante só
posso agradecer o contributo prestado fazendo uma retrospectiva da minha
carreira.
Houve maus e bons momentos, e
responsabilizo-me pelos dois. Tenho sido algo irregular e tenho sofrido as
consequências disso.
Porém já tive lides de grande nível que
a meu ver deveriam ter tido mais repercussão. Admito que para as empresas sou
ainda um risco, daí talvez ter menos contratos do que os que gostaria, mas fica
a certeza de que cada vez que entro em praça, é com a intenção de tourear com a
máxima verdade, emoção e pureza.
Eu sei que por vezes a minha seriedade
me prejudica. Fui este ano criticado pela questão das voltas à arena no final
da lide. Fizeram soar a antipatia o que se trata de respeito pelo público.
Se o público não pede a volta, eu não a
posso dar. Também já me chamaram arrogante por pedir um aumento de cachet
depois de ter sido triunfador da temporada.
Não se trata de quantias exorbitantes,
trata-se do toureio ser a única e total actividade e eu depender dela.
Penso que é compreensível que ambicione
ganhar cachets que consigam suportar os custos da minha profissão, não sou
arrogante por estar consciente do meu triunfo quando ele aparece, pois também
me responsabilizo sempre pelos meus fracassos. Quando fracasso a culpa não é do
toiro, não é do piso nem é do empresário. Quando triunfo também não.
Para terminar agradeço ao meu avô a
leituras destas palavras, não haveria melhor pessoa para transmitir esta
mensagem, já que o toureiro que tento ser se deve aos ensinamentos de toda a
dinastia.
Bom Natal.
João Salgueiro da Costa
Fotos Fernando Clemente/www.parartemplarmandar.com, M. Alvarenga e Emílio de Jesus/Arquivo