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Manuel Telles Bastos deu ontem à noite em Évora duas lições soberbas de como se toureia bem a cavalo |
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Houve ferros "à Moura", mas as duas actuações do Maestro ontem em Évora estiveram algo aquém do seu melhor |
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Luis Rouxinol esteve regular na lide do toiro de S. Marcos e depois protagonizou uma lide de alto nível com o de Falé Filipe |
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O empresário António Manuel Cardoso "Nené" com Carlos Ferreira e os membros da direcção do Club de Rugby de Évora, presidido por Manuel Couto (segundo da esquerda, na foto) |
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A primeira pega da noite foi concretizada à quarta tentativa por João Madeira, dos Amadores de Évora |
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José Pelado (S. Manços) pegou à quinta tentativa o segundo toiro da noite |
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Na cara do terceiro toiro da noite esteve José Passanha, que fez à primeira a melhor pega da intervenção dos Amadores de Évora, com excelente intervenção do primeiro ajuda |
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A grande pega da noite foi a quarta, de João Pedro Fortunato, o valente cabo dos Forcados de S. Manços |
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A quinta pega, por Miguel Direito (Évora) foi concretizada à terceira. A sexta (foto de baixo), foi consumada com brilhantismo à primeira por Jorge Valadas, dos Amadores de S. Manços |

Miguel Alvarenga - A arte e a classe de bem tourear a cavalo esteve ontem em grande destaque na corrida realizada em Évora por obra e graça de Manuel Ribeiro Telles Bastos, que foi o mais destacado na lide dois dois toiros do seu lote.
Numa temporada em que tem toureado muito mais do que lhe é habitual (sente-se o trabalho do novo apoderado Pedro Penedo), Manuel está muito rodado e está, sobretudo, moralizado, bem montado, com uma regularidade consistente e notável.
É um jovem (maneira de dizer...) que sobressai entre a nova geração de cavaleiros pelo cumprimento das regras do toureio à antiga. Na sua bonita e clássica interpretação da arte de bem lidar toiros a cavalo, nunca houve lugar para os modernismos e para actuações populistas. Ontem em Évora, tanto no seu primeiro toiro, o sobrero de Falé Filipe, porque o que lhe tocava saíu a coxear, como depois no segundo, de São Marcos, dois toiros exigentes e sem facilitar, Manuel Telles Bastos abriu simplesmente o compêndio e com a simplidade e a classe que o caracterizam, não houve pecados em nenhuma fase das lides. Tudo o que fez foi bem feito, com gosto, com solenidade. Bregou com saber, entrou pelos toiros dentro com decisão e cravou ferros emotivos, de alto a baixo, reunindo impecavelmente ao estribo, vencendo sempre o piton contrário, como vem escrito nos livros. Duas actuações muito sóbrias e plenas de verdade e de arte. Melhor dizendo, duas soberbas lições.
João Moura, primeiro com um toiro de São Marcos e depois com um de Falé Filipe, ambos bem apresentados e com codícia, consentindo, mas a exigirem, alternou grandes momentos com outros menos bons, sobretudo no segundo, em que sofreu demasiados toques. Alguns ferros não ficaram cravados, mas apesar de o público o ter assobiado, há que explicar que existe qualquer deficiência na ferragem utilizada pela empresa Toiros & Tauromaquia. Não foram só os ferros, os compridos sobretudo, de Moura que não ficaram nos toiros. Aconteceu também com Rouxinol, como já tinha acontecido recentemente na Feira de Alcochete. "Nené" tem que rever esta situação.
Voltando a João Moura, protagonizou momentos de grandeza, mas alternou-os com outros mais aflitivos. Não deu volta à arena no quarto toiro da ordem.
Luis Rouxinol esteve regular, sem alcançar o seu máximo, no segundo toiro da noite, de São Marcos e andou depois muito mais próximo de si próprio no quinto, de Falé Filipe, um bom toiro com o qual deu tudo de si, lidando com brilhantismo e cravando em terrenos de compromisso com a arte que é seu apanágio. Terminou com um ousado par de bandarilhas, conquistando o público.
Os toiros de São Marcos e de Falé Filipe não facilitaram a vida aos valentes forcados dos grupos de Évora e de S. Manços.
Pelos forcados da casa pegaram João Madeira à quarta; José Passanha à primeira (muito bem) e Miguel Direito à terceira. O duelo de ontem foi claramente ganho pelos Amadores de S. Manços, com uma primeira pega (segunda da corrida) menos conseguida, de Miguel Pelado, à quinta, já a sesgo e com o grupo todo em cima; e duas muito boas pelo cabo João Pedro Fortunato (a aguentar um violentíssimo derrote, fechado à córnea que nem um herói, na grande pega da corrida) e por Jorge Valadas (sexta), concretizada também ao primeiro intento, com garbo e grande brilhantismo e com o grupo a ajudar muito bem tanto nesta como na pega do cabo.
Era a primeira corrida do Club de Rugby de Évora e embora não sendo uma data tradicional em Évora, a praça registou uma boa moldura humana de praticamente três quartos. Na direcção da corrida, com a usual aficion e o seu sempre bom senso e competência, esteve Agostinho Borges, assessorado pelo médico veterinário Dr. Carlos Santana.
A "surpresa bombástica" que a empresa anunciava nos cartazes para o fim da corrida era a estreia em praça do jovem Tomás Moura, o filho mais novo do Maestro Moura, mas a mesma não foi autorizada pela IGAC e pela Comissão de Protecção de Menores, o que se entende, pois a lei diz que apenas podem participar em espectáculos taurinos amadores com idade superior a 12 anos e o Tomás tem apenas 9. Em alternativa, a vaca que Tomás saíu à arena para que e enfrentassem os mais afoitos jovens elementos do Club de Rugby.
Fotos Florindo Piteira