quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Praça de toiros de Setúbal: um mistério à portuguesa...

Ano de 2011: empresário João Pedro Bolota fez as obras em tempo recorde e a
praça "Carlos Relvas" reabriu, depois de dois anos encerrada, em 30 de Julho
desse ano. A empresa Aplaudir ia geri-la por 12 anos, mas fê-lo só ao longo de 6


Fechada durante esta temporada e sem que se iniciassem as anunciadas obras de reabilitação que a Câmara Municipal prometera no início do ano, a praça de toiros "Carlos Relvas", em Setúbal, afundou-se num mar de incógnitas. E a empresa Aplaudir de João Pedro Bolota sai seriamente prejudicada deste filme...
Recuando no tempo, em 2011 João Pedro Bolota chegou a um acordo com os proprietários da praça (duas famílias setubalenses, uma das quais a do antigo empresário, o saudoso Jorge Pereira dos Santos) para a reabilitar. A praça estava parada há dois anos.
No dia 1 de Fevereiro de 2011, a empresa Aplaudir anunciava em comunicado que chegara a acordo com os proprietários e que iria proceder às necessárias obras de reabilitação da praça, tornando-a funcionável. O empresário João Pedro Bolota fez as obras (fotos de cima) e ficava com a adjudicação da praça por um período de 12 anos, até 2023.
"A aficion setubalense e os portugueses merecem mais este esforço da Aplaudir", lia-se no comunicado. As obras decorreram em tempo recorde, a cargo do empresário Bolota e a praça foi reinaugurada a 30 de Julho desse ano de 2011 com uma corrida em que actuaram os cavaleiros António Telles, Manuel Lupi e Duarte Pinto e pegaram os Forcados Amadores de Setúbal e uma Selecção de Forcados do Distrito de Setúbal comandada pelo próprio João Pedro Bolota, glória da forcadagem ao longo de três décadas e antigo cabo dos Forcados Amadores de Alcochete. Lidaram-se toiros espanhóis da ganadaria de Conde de la Maza (cartaz ao lado).
Nos seis anos seguintes, a Aplaudir realizou sempre as tradicionais corridas em Setúbal e este ano viu-se confrontada no início do ano com a notícia de que a Câmara Municipal adquirira a praça às famílias proprietárias e ia cobri-la, transformando-a num pavilhão multiusos. Faltavam ainda seis anos para a concessão atribuída a João Pedro Bolota no acordo feito em 2011 com os proprietários da "Carlos Relvas".
Em Fevereiro deste ano, Pedro Pina, vereador da Cultura da Câmara de Setúbal, anunciou durante o almoço comemorativo do 43º aniversário da Tertúlia Tauromáquica Setubalense que a autarquia iria comprar a praça e que esta passaria a ter uma utilização multifacetada para espectáculos de vária índole, mantendo, obviamente, como prioridade as corridas de toiros.
Segundo ainda o vereador, todo este projecto não prejudicaria a realização das corridas que a empresa Aplaudir programara para os dias 29 de Julho e 5 de Agosto, nem as tradicionais Marchas Populares que costumam desfilar na arena em Junho - mas a realidade é que prejudicou e a praça esteve encerrada toda a temporada.
Pedro Pina anunciou a abertura de um concurso público para as obras, através de leasing imobiliário com um preço base de 1.191 mil euros, anunciando também que tanto o concurso como o início das obras se desenrolariam "num breve espaço de tempo" e frisou na altura que as obras deveriam estar concluídas em 2019/2020 e que a empresa Aplaudir se manteria na gestão da praça, tal como fora acordado em 2011 com os proprietários da mesma.
Passados sete meses, as obras não se iniciaram ainda e do concurso público também nada se sabe. O site toureio.pt de Hugo Calado contactou a Câmara e foi-lhe dito que "o projecto de reconversão da praça de toiros 'Carlos Relvas' está neste momento a ser desenvolvido" e que "só mais para final do ano haverá desenvolvimentos sobre este assunto"...
Quando regressam os toiros a Setúbal é, assim, uma incógnita - ou melhor dizendo, um mistério à portuguesa...

Fotos D.R./Arquivo