Declarações de Hélder Parker, novo cabo do Grupo de Forcados de Tomar, estão a causar um "incêndio" de proporções gigantescas nas redes sociais. As opiniões dividem-se sobre a pavorosa corrida de ontem na praça de toiros de Tomar. Paulo Graça, antigo cabo do Grupo de Tomar, põe os pontos nos iis e afirma que "há grupos que não estão minimamente preparados para pegar toiros de verdade e a Associação de Forcados tem que tomar posição"
Há os que defendem que toiros como os de São Martinho lidados e pegados ontem em Tomar servem para "acabar com a Festa" e os que opinam, entre os quais muitos antigos forcados de renome, que "estes são os toiros que põem tudo no seu sítio" e que se se passou aquilo que se passou foi porque os dois grupos (Montijo e Tomar) não se encontram preparados para enfrentar toiros de verdade.
Na rede social Facebook e nomeadamente na página "Realidades Taurinas", o cabo Hélder Parker (foto ao lado) opinou que "este tipo de toiros é uma ajuda a acabar com a Festa, o público não vem à praça para ver isto, os cavaleiros não toureiam isto, os bandarilheiros não querem tourear isto e os forcados muito menos querem pegar. Estar a sujeitar a malta a lesões... ou será que vocês não têm 'grupo' para pegar toiros duros e pedirem forcados de 'verdade'?".
E neste momentos são já inúmeros os comentários e as opiniões da mais diversa índole que apoiam e que reprovam as palavras do novo cabo do histórico grupo de forcados tomarense, que ontem assumiu a chefia sucedendo a Marco Fernando de Jesus.
Mário Poejo, por exemplo, antigo forcado, afirma que "pois... isto é o toiro a meter todos e cada um em 'su sítio'" e André Gonçalez defende que "são este tipo de toiros que levam o aficionado à praça, é o toiro-toiro que faz o aficionado, que existam toureiros e forcados que não tenham coração é outra conversa".
E João Manuel Cortez Pereira recorda que "sempre foi assim, estão mal habituados, com toiros destes é que se fazem as grandes pegas que ficam na história dos forcados e dos grupos".
Pedro Ricardo diz que "o problema é que se houvesse mais umas ganadarias com toiros de verdade a mostrar bravura, haveria maior selectividade nos grupos de forcados" e, referindo-se depois às palavras de Hélder Parker, afirma que "declarações como esta é que dão força aos anti-taurinos".
Mário Pereira, outro antigo e valoroso forcado (do Grupo do Montijo), escreve: "Pelo que ouvi dizer, na primeira corrida TV (em Tomar) os seis toiros eram para o Grupo de Tomar, porque será que não os quiseram pegar sózinhos?". E replica João Cortez Pereira: "Obviamente ainda lá estavam a esta hora...".
Também José Rodrigues, antigo forcado do Grupo de Tomar, entra nesta polémica para comentar:
"Tenho pena que um cabo de um grupo de forcados tenha estas declarações. Da próxima vez, se acham que está mal não aceitem a corrida em protesto, assim toda a gente fica a saber que não querem ser cabos de um grupo de primeira, mas sim de um grupo que se farda de vez em quando para pegar os miseráveis novilhos que nos últimos dez anos se passearam nesta praça de Tomar. Para quem começou ontem, estas declarações não me dizem que terá o futuro esperado, o discurso deveria ter sido: meus amigos, é para estes toiros que nos temos que preparar e fazer dos outros passeios para o nosso grupo. Sorte e outra vontade e outra atitude são precisos urgentemente. O público, pela parte que me toca, gosta de toiros-toiros. Os novilhos são para as novilhadas, os toiros para as toiradas".
E Rui Godinho, histórico antigo forcado dos Amadores de Coruche, o famoso "Peitaça", diz de sua justiça, com a autoridade e o saber que o seu estauto de grande forcado lhe confere: "O que percebe este cabo de toiros? Isso devia de ser no meu tempo, para ver se falava assim e o que faz isto é nunca terem apanhado toiros a sério".
Ventura Doroteia, também um experiente forcado e que fala do que sabe, opina: "Mas então agora querem os toiros telecomandados? Os toureiros, como os bandarilheiros e como os forcados, têm que saber lidar com as características dos toiros, sejam eles bons ou maus, sejam eles bravos ou mensos. Desculpem-me, mas quem não tem cu não se meta a paneleiro... Grupos de forcados? Ou bando de forcados? A diferença é essa, os verdadeiros grupos de forcados nunca, mas nunca, deixavam entrar o toiro vivo (sem ser pegado) para os curros. Os forcados têm que ter raça, vontade e muita determinação para os toiros duros".
Isabel Rosa Oliveira, aficionada de Tomar, defende que o empresário João Pedro Bolota "devia ser vetado", indo ao extremo de o acusar de "tentativa de assassínio" e pergunta: "Será que depois da carnificina desta noite vão deixar este senhor e os seus capangas continuar a fazer corridas de toiros?".
Luis Miguel Pombeiro, director do semanário "Olé!", escreve também nesta troca de galhardetes no Facebook:
"O empresário chama-se João Pedro Bolota. A pegar perdeu um olho. Foi operado quatro vezes à coluna, dois traumatismos cranianos, várias vezes pernas e braços partidos, fractura de fígado, fractura do baço, duas vezes acompanhado por batedores para o hospital em estado crítico e vem agora este falar mal dele? Fiquem em casa a fazer crochet, que só picam os dedos. Ao João Pedro só lhe digo que mude a fórmula e aposte de forma certeira. E ainda lhe pergunto: é verdade que o Grupo de Tomar queria pegar os seis toiros?...".
Questionado pelo "Farpas" a dar a sua avalizada opinião sobre toda esta polémica, Paulo Graça, antigo cabo dos Amadores de Tomar, um dos grandes forcados nacionais e que passou ainda pelos grupos de Alcochete e Lusitanos, disse-nos:
"Toda esta polémica e todas estas declarações são uma vergonha e demonstram que o que aconteceu ontem em Tomar foi, na realidade, a grande confirmação de que é necessário e urgente que haja uma selecção entre os grupos de forcados. A dita Associação de Forcados não vê estas coisas? Impõe-se que tome uma posição firme e que comece a separar o trigo do joio. Há, na verdade, como ontem se viu, grupos que estão habituados a pegar 'garraios' e que não estão minimamente preparados para pegar toiros a sério. Essa e só essa é a realidade e a verdade do que ontem se passou na praça de toiros de Tomar. Se os toiros eram mansos ou eram bravos, isso é uma questão secundária. Eram toiros de verdade, sérios e duros, daqueles que separam o trigo do joio. E os toureiros e os forcados têm que estar preparados e em forma para enfrentar todo e qualquer toiro ou então mudem de ramo...".
Fotos M. Alvarenga