Filipe Vinhais fotografado ontem à porta do Campo Pequeno, onde sonha um dia fazer a confirmação da sua alternativa |
Filipe Vinhais, cavaleiro e oficial da Força Aérea, cumpre em 2021 dez anos de alternativa |
Capitão da Força Aérea (ao lado, numa foto já com alguns anos) e cavaleiro tauromáquico, Filipe Vinhais assume "o romantismo dos antigos":
"Toureei pela primeira vez há 21 anos e em 2021 prefaço os 10 de alternativa. Sem nunca ter parado. Poucas corridas por ano, cinco ou seis, mas sempre no activo", afirma.
A primeira actuação em público foi no ano de 1999 em Santa Catarina da Serra, ao pé de Fátima. Em 2000 apresentou-se "já mais a sério", recorda, na desaparecida praça de Lagos do empresário Manuel Rosa "Tatá" e em 26 de Abril de 2003 fez a prova de cavaleiro praticante em Santo António das Areias, toureando dois anos depois (2005) pela primeira vez em Espanha.
Antigo aluno de Manuel Jorge de Oliveira, recebeu a alternativa das mãos do seu mestre, com o testemunho de António Telles e dos grupos de forcados de Lisboa e da Azambuja, a 19 de Julho de 2011 na praça de toiros do Cartaxo.
"Os toiros eram da Casa Avó e do Engº Jorge de Carvalho, foram duros, sobretudo os desta segunda ganadaria, duros e sérios, mas passei na alternativa, realizei o meu sonho", recorda.
É natural da Asseiceira, entre Tomar e Vila Nova da Barquinha, onde tem a sua quinta e onde treina os seus cavalos aos fins-de-semana, porque nos dias da semana reside em Lisboa, para estar mais perto da Base Aérea do Montijo, onde está destacado.
"Ainda tenho os dois cavalos da minha alternativa e actualmente tenho mais três novos, dois dos quais da minha criação, chegam e sobram para as corridas que faço. Na última temporada actuei em duas em Portugal e em três em Espanha. Vou andando devagar, mas sem nunca desistir e sempre com a mesma ilusão de que um dia as coisas hão-de ser diferentes e a minha hora há-de chegar", afirma.
Tem um camião de transporte de cavalos "à antiga", velhinho, mas que "serve perfeitamente". E conta: "Um colega meu, no ano passado, ao ver o camião chegar à praça, até me disse: 'É pá, isso parece o camião do Mestre Batista'... Não preciso de um 'porta-aviões' para transportar os meus cavalos!".
E confessa:
"Toureio por romantismo, porque gosto e me dá satisfação. Há vinte anos que toureio e tão cedo não penso ir embora. Depois de mim, já vi aparecer não sei quantos cavaleiros que prometiam mundos e fundos e de repente desapareceram... e a verdade é que eu ainda cá estou. Não tiro o lugar a ninguém, dou-me bem com toda a gente, nisto há lugar para todos!".
E quando lhe pergunto quais os maiores desejos que tem para a temporada de 2021, em que comemora 10 anos de alternativa, atira sem pestanejar:
"Olhe, gostava de confirmar a alternativa no Campo Pequeno, acho que já mereço pisar a arena da primeira praça do país... e gostava de um dia tourear em Madrid. São dois sonhos que não são de todo impossíveis...".
Para a presente temporada já tem "duas ou três coisas confirmadas em Espanha" e uma corrida "apalavrada" para Portugal.
"Ambições tenho muitas, mas de quem não tem ambições na vida, mas reconheço que as coisas não estão fáceis, não sou muito conhecido, ainda não tenho nome, mas as pessoas respeitam-me e eu respeito o público quando me visto de toureiro", diz, a terminar.
Fotos M. Alvarenga, Duarte Chaparreiro/Arquivo e D.R.