sábado, 19 de setembro de 2020

Rescaldo da Feira da Moita: um balanço altamente positivo


Miguel Alvarenga - É altamente positivo o balanço da Feira da Moita, um ciclo que chegou a estar em dúvidas e se acabou por efectuar pela persistência e ousadia do dinâmico empresário Ricardo Levesinho e de toda a sua equipa.

Em ano de celebração do 70º aniversário da inauguração da praça "Daniel do Nascimento", acabaram por ter lugar três corridas de toiros, quando estavam previstas apenas duas e foi pena que o mau tempo impedisse a celebração, ontem, do quarto festejo, a novilhada popular que encerrava a feira.

O ciclo abriu na terça-feira com o "incidente Miguel Ángel Perera", ocorrência que ainda custa a entender e que teve como consequência a ausência do toureiro espanhol. Substituiu-o o nosso "Juanito" e acabou por dar um importante grito de alerta, apagando de todo o mau estar que existia pela "nega" de Perera em tourear. Levesinho poupou alguns euros e não ficámos pior servidos, antes pelo contrário.

A cavalo, brilhou João Telles e também Luis Rouxinol, se bem que o seu lote tivesse sido menos importante e de menor transmissão, o que retirou algum brilho ao sempre empenhado labor do cavaleiro de Pegões. Noite de êxito para os forcados Amadores da Moita. Bem apresentados, os toiros de Ribeiro Telles, uns mais murubes que os outros, serviram. Os dois de Ascensão Vaz para as lides a pé foram aceitáveis. Melhor o último, sem importância o primeiro, o tal que foi recusado pelo médico veterinário, motivou a "birra" de Perera e por fim acabou por ser lidado. Coisas da nossa Festa...

A corrida de quarta-feira era a que não estava no programa. Levesinho teve a coragem de se atirar para a frente e montar um cartel de três matadores nacionais. Eles tiveram, por sua vez, a coragem de vir à Moita tourear exigentes toiros de Palha. Destacaram-se "Cuqui" e "Juanito" nos primeiros toiros dos seus lotes. Casquinha teve dignidade, sem triunfar e também sem a vontade do costume. Foi uma noite marcante e séria para o toureio a pé. Fazia falta.

Por último teve lugar na quinta-feira, com a lotação permitida esgotada (na terça foi praça cheia e na quarta quase, o público, no geral, respondeu à chamada nas três corridas da. Moita) teve lugar a tradicional corrida dos cavaleiros em que se comemorava o 45º aniversário da fundação do grupo de forcados do Aposento da Moita - noite dura com toiros de Mata-o-Demo sérios, exigentes e emotivos, a dar água pela barba à forcadagem.

João Telles voltou a ser o grande triunfador numa noite de destaque também para Filipe Gonçalves e para a promessa que é o amador Tristão R. Telles. O Maestro António deslumbrou com a sua classe e maestria, o espanhol Andrés Romero teve uma lide acertadíssima mas com pouca matéria prima para o êxito e António Prates andou "assim-assim" com um toiro que servia.

Feitas as contas, há que reconhecer que no plano artístico e financeiro (grande adesão de público) a Feira da Moita foi um êxito e constituiu também, em termos de segurança e cumprimento das regras da "nova normalidade", um exemplo.

Foto D.R.