terça-feira, 13 de outubro de 2020

Pombeiro e Levesinho: empresários em destaque na temporada da pandemia


A temporada da pandemia foi a mais atípica e também a mais curta de todas nos últimos anos - mas mesmo assim não nos podemos queixar muito. Com os concertos musicais cancelados, as festas populares adiadas para o ano, o futebol sem público e tudo o mais praticamente parado, a actividade tauromáquica foi das poucas a que teve mais vida. E, recorde-se, era aquela sobre a qual recaiam as maiores dúvidas. Várias empresas esforçaram-se por manter viva a chama da Festa, mas houve dois empresários que é de inteira justiça destacar: Luis Miguel Pombeiro e Ricardo Levesinho (fotos de cima)

Miguel Alvarenga - Fizeram-se manifestações, movimentaram-se os toureiros, houve gritos de revolta contra a discriminação a que estava a ser votada pelo Governo, tardou a ser autorizada, houve mesmo dois concertos na praça de toiros do Campo Pequeno quando as touradas ainda não estavam permitidas, mas a verdade é que a tauromaquia foi um dos poucos espectáculos que voltou a ter o seu esplendor neste ano horrível da pandemia. E Lisboa voltou a ter toiros em seis corridas, quando era a praça que todos temiam ficar parada. Não nos podemos queixar.

Houve menos corridas e muitas empresas que preferiram esperar por melhores tempos, cancelando os espectáculos que tinham sido anunciados. Houve, mesmo assim, empresários que se destacaram e levaram por diante arrojadas organizações, conseguindo que 2020 não ficasse na História como um ano sem touradas.

Luis Miguel Pombeiro deu o primeiro de todos os exemplos e o grande passo em frente quando a 11 de Abril levou a efeito na praça de Estremoz a primeira corrida de toiros a nível mundial depois do desconfinamento. Na véspera fora eleito como novo gestor do Campo Pequeno vencendo um concurso a que se apresentaram mais duas empresas, a de Rafael Vilhais e a da dupla José Luis Zambujeira/José Manuel Ferrera Paulo (Cachapim), cumprindo uma temporada de seis corridas na primeira praça do país, primando pela segurança e pelo escrupuloso cumprimento das regras da "nova normalidade".

Levou ainda efeito corridas nas praças do Cartaxo e de Azambuja, não realizando este ano, por decisão dos proprietários e das autarquias, corridas nas praças de Idanha-a-Nova e da Terrugem, que também lhe estão adjudicadas.

Foi indiscutivelmente o empresário do ano. Foi pelo menos, aquele que teve a coragem e a aficion de dar o primeiro passo em frente em prol da realização de corridas de toiros, quando a maioria dava um passo atrás e cancelava os espectáculos que tinham sido anunciados. Teve ainda a coragem, a ousadia e a aficion de "se atirar para frente" sózinho como gestor taurino da Catedral do Campo Pequeno.

Mas outro empresário se destacou nesta temporada da pandemia e é de inteira justiça realçá-lo: Ricardo Levesinho. Apesar de todas as restrições, apesar das praças não poderem utilizar as suas lotações completas, apesar dos desaires que enfrentou quando anunciou figuras mundiais para as suas praças e depois elas não vieram (casos de Miguel Ángel Perera na Moita e Sebastián Castella em Vila Franca), Levesinho promoveu duas corridas na Figueira da Foz, uma na Chamusca e levou por diante as feiras taurinas da Moita e de Vila Franca com louváveis organizações a que o público correspondeu em grande.

Na Moita houve três corridas (uma de três matadores que não estava no programa) e só não se realizou no último dia a novilhada porque choveu. Em Vila Franca, encheu a "Palha Blanco" em três grandes corridas e duas novilhadas de oportunidade aos novos. Todos os festejos tiveram alto nível e estavam muito bem rematados.

Pombeiro foi reconduzido na missão de continuar a ser o organizador das corridas em Lisboa pelos actuais gestores do Campo Pequeno e Levesinho foi também reconduzido pela Sociedade Moitense de Tauromaquia à frente dos destinos da praça "Daniel do Nascimento". Fez-se justiça!

Eles foram os mais destacados empresários desta temporada da pandemia. Mas houve outras empresas que também contribuíram decisivamente para que a Festa tivesse o esplendor que todos imaginavam impossível num ano tão atípico e tão estranho.

A Toiros & Tauromaquia, de Margarida e António José Cardoso, encheu por duas vezes a praça de Alcochete, com a lotação permitida, no mês de Agosto, não deixando que passasse em branco, apesar de não se terem realizado as tradicionais Festas do Barrete Verde, a sua tradicional Feira Taurina. Realizou ainda uma outra corrida em Reguengos de Monsaraz.

Destaque também para as duas corridas promovidas na praça de Vila Nova da Barquinha pela empresa Costume Genuíno, de José Gonçalves, que foi pioneira nas transmissões directas pela Ticketline em Live Stage, uma iniciativa de futuro e com futuro.

Rui Bento, depois de catorze anos de louvável e exemplar trabalho à frente dos destinos do Campo Pequeno, organizou duas corridas na Nazaré (com o apoio importante do empresário António Nunes) e uma em Almeirim, a única este ano transmitida pela RTP, tendo tido também um desempenho importante enquanto apoderado dos cavaleiros João Moura Júnior, Luis Rouxinol e Luis Rouxinol Júnior, que totalizaram os três 22 actuações num ano em que não se realizaram mais de 40 corridas.

Paulo Pessoa de Carvalho regressou à gestão da praça de toiros das Caldas da Rainha e encheu-a a 15 de Agosto. A Associação Praça Maior, que no ano anterior ressuscitara a Monumental de Santarém, devolvendo-lhe o carisma, a força e todo o seu esplendor, cancelou as três grandes corridas agendadas para 2020, mas acabou por levar a efeito uma corrida a 26 de Setembro na "Celestino Graça" com a lotação permitida esgotada e que constituiu uma das maiores corridas da temporada. E também a empresa de Évora, a Arena Eborense, depois de cancelar todas as corridas que tinha anunciado, acabou por realizar uma no passado dia 3 com a lotação possível esgotada.

O último grande sucesso da mais atípica de todas as temporadas aconteceu no último sábado em Monforte (organização do grupo de forcados local com o apoio da autarquia) com a triunfal corrida de comemoração dos 40 anos de alternativa de Paulo Caetano - uma corrida que Luis Miguel Pombeiro projecta repetir na próxima temporada em Lisboa.

Fotos Maria Mil-Homens e M. Alvarenga