terça-feira, 2 de novembro de 2021

A história de Blás Romero "El Platanito", a quem chamavam "o Cordobés dos pobres"

A história de Blás Romero "El Platanito" (nascido em Castuera, Badajoz, em 1945) é digna de uma telenovela, como hoje refere na sua edição online o jornal espanhol "La Razón", que entrevista o antigo toureiro, hoje (há quarenta anos) vendedor de lotaria nas ruas do bairro El Pilar em Madrid.

Chamavam-lhe "o Cordobés dos pobres", mas esses triunfos dos anos sessenta acabaram esquecidos. "Quando quis ser toureiro, ajudaram-me Luis Miguel Dominguín e seu irmão Domingo. Eu tinha 17 anos e muitas ilusões por cumprir. Eles alojaram-me no Hotel Victoria em Madrid e pagavam-me mil pesetas por cada novilhada", recorda o toureiro retirado.

"El Platanito" - porque o pai tinha um armazém de plátanos (bananas) e assim ganhou essa alcunha - chegou mesmo a tomar a alternativa de matador de toiros. Foi a 18 de Outubro de 1970 em Vista Alegre (Madrid), apadrinhado por Joaquín Bernardó, com o testemunho de "Currito", ante toiros de Conde de Ruiseñaba.

"Os Dominguín e os irmãos Lozano abriram-me nesse tempo as portas do êxito. Cheguei a tourear algumas tardes com 'El Cordobés' e Palomo Linares. 'El Cordobés', um dia, vaticinou-me o futuro... Disse-me 'um dos dois acabará vendendo lotarias'... e acertou! Com Palomo Linares não me dava muito bem, havia uma forte rivalidade entre nós, estávamos sempre a discutir, não tínhamos sintonia", conta Blás Romero.

"Ganhei muitíssimo dinheiro... que foi estafado por pessoas que subiram ao carro da minha fama. Roubaram-me muitos milhões, enganaram-me", acusa.

Depois os êxitos foram sendo cada vez menos e "El Platanito" em 1972 montou um espectáculo de toureio cómico. Recorda:

"Montei a trupe cómica 'El Platanito', que até tinha anões toureiros e... José Ortega Cano actuava na parte série do meu espectáculo. Quando me retirei e ele se converteu num ídolo, não se portou bem comigo, ignorou-me completamente. Em contrapartida, o futebolista Juanito dava-me uma mão sempre que eu precisava".

Conta até que se apaixonou por uma anã, "mas 'Antoñete' sacou-ma... não dá para acreditar, mas foi verdade".

Blás Romero é casado e tem quatro filhos. "Nenhum quis ser toureiro, têm as suas profissões, as coisas hoje são distintas do que eram naquele tempo", afirma.

"El Platanito" revela que até Monserrat Caballé chegou a ser sua fã e que um dia o convidou a ir passar uma semana a sua casa, "mas não fui".

Em quarenta anos a vender lotaria, nunca entregou um prémio. Mas, refere, "graças a Deus as pessoas não têm isso em conta e continuam a comprar-me lotaria e assim vou ganhando a vida".

"El Platanito" foi protagonista de um filme, "Jogando para morrer"

Em 25 de Junho de 1970, meses antes de tomar a alternativa, toureou no Campo Pequeno, contratado pelo saudoso Manuel dos Santos, na noite em que se apresentava em Lisboa o toureiro Manuel Valente, o célebre "Espontâneo do Zip-Zip", repartindo ainda cartel com os cavaleiros Fernando de Andrade Salgueiro e José Luis Sommer de Andrade e os forcados do Aposento do Barrete Verde de Alcochete, com toiros de João Gregório.

Dois anos mais tarde voltou ao Campo Pequeno, mas pelo Carnaval e já com o seu espectáculo cómico-taurino.

Fotos larazon.es e D.R.

"El Platanito" vende lotaria nas ruas de Madrid há 40 anos.
Nesta foto, com o matador de toiros Uceda Leal

Momento de um reencontro recente com "El Cordobés"
Chamavam-lhe "o Cordobés dos pobres"
Entrevista a um jornal nos tempos da glória
Em 1972 formou o seu grupo cómico-taurino.
Na parte séria actuava José Ortega Cano
 
"Um ciclone chamado Platanito" - capa da revista "Blanco
y Negro" e cartaz do seu espectáculo cómico-taurino

Programa da corrida em que se apresentou no Campo
Pequeno, em Lisboa, em Junho de 1970
"Jogando para morrer", o filme da sua vida