segunda-feira, 24 de junho de 2024

Cavaleiros e forcados em tarde/noite de triunfo: grande curro de Branco Núncio em Alcácer

Bastinhas e Palha em "guerra" em Alcácer

José V. Claro - Costuma ter mais público a corrida de toiros que todos os anos se realiza em Alcácer do Sal, na praça que tem o nome do sempre lembrado Mestre Núncio (e que em breve vai encerrar as suas portas para obras de recuperação, sendo muito provável, embora ainda não esteja confirmado, que já não se realize este ano a corrida de Outubro). Costuma ter mais público e costuma ser ao domingo. 

Mas este ano, ao que consta, o presidente da Câmara trocou as voltas aos empresários (Luis M. Pombeiro em parceria com Samuel Silva e Jorge Dias): obrigou-os a dar a corrida ao sábado, contra os costumes. E queria que a dessem à tarde, sabendo-se de antemão que o calor afasta sempre público das bancadas nas touradas à tarde no Alentejo em tempo de caloraça. À noite, às tradicionais dez da noite, não podia ser, porque havia um espectáculo musical... e para ajudar à festa, a Selecção de Portugal jogava às cinco en punto de la tarde

Enfim, feitas as contas, os empresários arriscaram uma hora diferente do habitual (normal em Espanha, anormal por estas paragens), iniciaram a corrida às sete da tarde. Ou seja, não foi à tarde, nem à noite, foi à hora das corridas de nuestros hermanos.

Animal de hábitos, o público não foi, nem deixou de ir, isto é, encheu metade da lotação da praça. Foi uma belíssima corrida, com excelentes toiros da ganadaria Núncio, triunfos dos cavaleiros e dos forcados - mas foi uma corrida com menos público que o costume.

Nota alta para o grande curro da ganadaria Branco Núncio - cinco toiros de grande qualidade e extraordinárias condições de lide; e um, o quinto, que tocou a Francisco Palha, com qualidade, mas mais complicado que os manos e com muitas "teclas para tocar".

Viveu-se um grande ambiente, tendo o ganadeiro Filipe Núncio (filho de João Núncio) dado por duas vezes (com todo o merecimento) a volta à arena, no quarto e no sexto toiros.

Marcos Bastinhas, a atravessar um momento de grande solidez e muita euforia, esteve bem de saída, a receber os toiros e a cravar os compridos com grande verdade, dando vantagens; muito alegre e emotivo nas bandarilhas, nos cites e na excelente cravagem dos ferros, a levantar o público da bancada em ambos os toiros. 

Francisco Palha protagonizou também duas boas actuações - a primeira de beleza, verdade e estética; e a segunda, frente ao toiro mais difícil da tarde, de seriedade, poder, domínio e risco, superando todas as adversidades e triunfando forte.

António Telles Filho teve duas lides distintas, com maior destaque para a segunda, vindo sempre em crescendo e terminando com dois ferros - bandarilha curta e palmito - de grande qualidade, muito reconhecidos pelo público.

Valor e compromisso dos valentes das jaquetas de ramagens, tendo estado as pegas da tarde a cargo dos grupos de Montemor e Alcochete.

Pelos Amadores de Montemor pegaram Joel Santos (à primeira), João Vacas de Carvalho (à quinta, tendo passado pela enfermaria para ser observado, nada tendo sofrido, felizmente) e José Maria Marques (à segunda).

Pelos Amadores de Alcochete foram forcados de cara Vitor Marques, Manuel Pinto (ambos ao primeiro intento) e Pedro Dias (à segunda).

Fotos Maria Mil-Homens/Toiros com Arte

Ganadeiro Filipe Núncio (na foto, com Bastinhas) deu por duas
vezes (quarto e sexto toiros) merecidas voltas à arena
Um grande momento de António Telles Filho


Joel Santos, João Vacas de Carvalho e José Maria Marques
foram os forcados de cara pelo Grupo de Montemor


Pelo Grupo de Alcochete pegaram Vitor Marques, Manuel Pinto
e Pedro Dias