segunda-feira, 29 de setembro de 2025

Os 50 anos dos Maestros!

Em 2026 cumprem-se 50 anos da primeira vez que o então “niño prodígio” João Moura saíu em ombros da Monumental de Madrid (10 de Junho de 1976) e cumprem-se também no dia 10 de Fevereiro, 50 anos sobre a chegada às bancas do nº 1 do semanário  “O Diabo” (10 de Fevereiro de 1976), dirigido por Vera Lagoa e onde o director do “Farpas”, Miguel Alvarenga, iniciou a sua carreira de jornalista.

O “Farpas” pode avançar que algumas actividades conjuntas, entre as quais um grande jantar em Lisboa e uma grande corrida de toiros (a do “Farpas”) em praça e data a anunciar, vão celebrar estas duas efemérides. 

Miguel Alvarenga iniciou-se na profissão integrando a equipa liderada por Maria Armanda Pires Falcão (Vera Lagoa) que fundou o semanário "O Diabo" e da qual faziam parte também grandes nomes do Jornalismo, como Carlos Martinho Simões, António Ramos, Navarro de Andrade, Rui Tovar e Rui Romano, entre outros. 

Ao segundo número, o jornal foi democraticamente suspenso pelo Conselho da Revolução e deu lugar, no mês seguinte, ao jornal "O Sol", com a mesma equipa e que viria a ser vítima de um atentado à bomba. Foi aí que tudo começou.


Miguel Alvarenga foi depois Chefe de Redacção do semanário "A Rua", dirigido por Manuel Maria Múrias e em 1980 regressou a "O Diabo", onde foi também Chefe de Redacção e Director do jornal "O Crime" (pertencente ao mesmo grupo editorial). 


Em 1990 fundou e dirigiu o semanário "O Título", em sociedade com Fernando Alegrete, depois o "Festa Brava" e mais tarde o "Farpas", que deu depois origem a este blogue de sucesso. Em simultâneo, colaborou em muitos outros jornais, programas de rádio e de televisão ao longo da sua carreira.


Em 2010 e início de 2011 cumpriu um ano e duas semanas de prisão (ao fim-de-semana, no novo regime de Prisão em Dias Livres-PDL) no Estabelecimento Prisional do Linhó, acusado do "crime" de "abuso de liberdade de imprensa". Foi, depois de Manuel Maria Múrias, seu antigo director no jornal "A Rua", o segundo jornalista a cumprir pena de prisão no chamado "regime democrático" nascido na abrilada de 1974. "Tive muito orgulho nisso", não se cansou de dizer nas várias entrevistas que concedeu a jornais e televisões durante o período de reclusão.


João Moura estreou-se na Monumental de Las Ventas, em Madrid, na tarde de 27 de Maio de 1976, deixando todo o mundo "de boca aberta" numa histórica actuação, com apenas 16 anos de idade, a um toiro da ganadaria portuguesa de Núncio e utilizando precisamente dois cavalos que haviam pertencido ao Mestre: o "Importante" e o "Ferrolho"


A Espanha inteira ficou a falar do "niño prodígio" e o jovem Moura recebeu o troféu como melhor cavaleiro da Isidrada.


Dias depois, a 10 de Junho, é repetido em Madrid na mais importante corrida do calendário taurino espanhol, a de Beneficência. Lida um toiro de Bohórquez, a que corta as duas orelhas e sai, com um sorriso meio tímido, em ombros pela Porta Grande. 


O rei Juan Carlos assiste à corrida, recebe o toureiro português ao intervalo no Camarote Real e torna-se imediatamente fã da "revolução mourista".


Ao longo de cinco décadas, João Moura saíu nove vezes em ombros pela Porta Grande de Madrid - e apenas nove porque o rojão de morte foi sempre em Espanha o seu "calcanhar de Aquiles".


Em Las Ventas, o Maestro português é ainda hoje um ídolo incontestado e adorado pela aficion de Madrid.


Fotos João Carlos D'Alvarenga, Emílio de Jesus/Arquivo e D.R.


1976: João Moura em Las Ventas com o rei Juan Carlos; e, em
baixo, Miguel Alvarenga com Vera Lagoa