Toureiros tipo
Maria Armanda...
Há já alguns anos apareceu uma menina
portuguesa muito querida, que ganhou um prestigiado festival internacional de
canto para crianças. A menina cantou "Eu vi um sapo... tara... tara ...
tara....". Daí p'ra cá perdeu o pio e nunca mais piou.
Apareceu também um puto simpatiquíssimo
de nome Saul, que com bigode postiço cantava "O bacalhau quer'alho"
essa obra prima da música ligeira eternizada pelo seu criador o genial Quim
Barreiros.
Em Espanha houve igualmente duas
crianças geniais, o Joselito e a Marisol (esta, hoje, milita no Partido
Comunista espanhol).
Vem isto a propósito de uma conversa que
tive com o meu amigo Miguel Alvarenga em que o "Nº 1" fez o
paralelismo entre a tal Maria Armanda e alguns toureiritos...
É verdade, meu amigo Miguel, que o
paralelismo que fizeste é genial. Quem não se lembra dos putos Juan Pedro Galán
e Celso Ortega? E do "Niño de la Taurina"? E do Pareja Obregon? E do
Pepe Luís Vasquez filho? Etc., etc. e etc...
Em Portugal, também houve e pode continuar
a haver casos destes.
Estes putos começam por apontar coisas
boas, mas entretanto, as cargas que lhes põem em cima acabam por os fazer
naufragar. Já pensaram que o fenómeno "Michelito" dá a ideia que está
a desaparecer?
A propósito do que disse transcrevo uma
ode à criança escrita por Robert Musil:
“A criança é criativa porque é
crescimento e se cria a si própria. É como um rei, porque impõe ao mundo as
suas ideias, os seus sentimentos e as suas fantasias. Ignora o mundo do acaso,
pré-elaborado, e constrói o seu próprio mundo de ideais. Os adultos cometem um pecado bárbaro ao
destruir a criatividade da criança pelo roubo do seu mundo, sufocando-a com um
saber artificial e morto, e orientando-a no sentido de finalidades que lhe são
estranhas. A criança é sem finalidade, cria brincando e crescendo suavemente;
se não for perturbada pela violência, não aceita nada que não possa
verdadeiramente assimilar; todo o objecto em que toca vive, a criança é cosmos,
mundo, vê as últimas coisas, o absoluto, ainda que não saiba dar-lhes
expressão: mas mata-se a criança ensinando-a a ater-se a finalidades e
agrilhoando-a a uma rotina vulgar a que, hipocritamente, se chama realidade”.
Deixem brincar as
crianças... Porra...