segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Monumental de Almeirim ainda sem soluções...


A Monumental de Almeirim continua sem empresário, depois de António Manuel Cardoso "Nené" ("Toiros & Tauromaquia"), anterior concessionário, ter manifestado aos proprietários, Santa Casa da Misericórdia, o seu desinteresse em continuar.
Entre os membros da Misericórdia de Almeirim estão dois conhecidos ganadeiros, João Santos Andrade (presidente da Associação de Ganadeiros) e o Lobo de Vasconcellos, que não encontraram ainda soluções palpáveis para a praça. Ao que se diz, há alguns empresários pretendentes à adjudicação, mas o problema imediato passa, segundo fonte da Santa Casa, pela necessidade de obras no imóvel. Os proprietários pretendem, à semelhança do que este ano se fez em Setúbal, entregar a Monumental a um empresário que se responsabilize pelas obras e que as amortize num determinado número de anos através da gestão da mesma. Mas, em tempo de acentuada crise, os empresários tauromáquicos têm posto algumas reticências a essa empreitada, sobretudo pelo estado a que a praça de Almeirim chegou, em termos de aficion. Outrora uma das mais cobiçadas praças de toiros do país - considerada uma das melhores e maiores que temos em Portugal - a Monumental foi-se degradando nas últimas temporadas e perdendo o seu carisma. O público foi-se também desinteressando e as corridas ali realizadas registaram sempre fracas afluências.
Inaugurada em 16 de Maio de 1954 por iniciativa de vários aficionados almeirinenses representados por Manuel Laudácias, D. Luis de Margaride e Teodoro Prudêncio da Silva Santos, a Monumental de Almeirim, com lotação para 6.700 espectadores, foi projectada pelo arquitecto António Mendes e a construção esteve a cargo do engenheiro Manuel José Baptista. Sucedeu a uma outra praça ali existente anteriormente, com capacidade para 3 mil espectadores, edificada em madeira nos terrenos da Quinta da Alorna e que fora inaugurada em 22 de Outubro de 1938.
A actual praça de toiros Monumental de Almeirim viveu o seu apogeu sobretudo nos finais da década de 70, quando gerida pelo trio Carlos Gomes-Carlos Ferreira-Manuel João Maurício. Era palco, todos os anos, da corrida inaugural da temporada, no Domingo de Ramos, com grandes cartéis e praça cheia. O público aficionado esperava todos os anos pela abertura da época em Almeirim, com corridas de grande impacto, toiros de Prudêncio (toiros a sério!) e grandes cartéis em que tomaram parte as maiores figuras de então, Domecq, Vidrié, Batista, Veiga, Zoio, Oliveira, Moura, Telles e tantos mais.
Félix González, empresário espanhol, chegou a ter a concessão da praça no início dos anos 90, mas desistiu da adjudicação pelos fracassos económicos que ali se verificaram. Realizou, inclusivé, uma corrida em que actuaram mano-a-mano o cavaleiro Rui Fernandes e o matador "El Juli", não registando sequer meia casa.
Data do ano 2000 um projecto do arquitecto John Chamberlain para cobrir a praça, mas nunca foi por diante por falta de verbas.

Foto D.R.