terça-feira, 18 de setembro de 2018

Bernardo Campino, cabo do GFA do Cartaxo: "Estamos há dois anos na ANGF e temos procurado dignificar e elevar a arte de pegar toiros"

Agradável jantar ontem no "Rubro" do Campo Pequeno com João Duarte e
Bernardo Campino, o jovem cabo do Grupo de Forcados Amadores do Cartaxo
O Grupo do Cartaxo fotografado no Campo Pequeno com a administradora
da empresa. Drª Paula Mattamouros Resende
"Somos um grupo de amigos que se juntou para pegar toiros", diz o cabo
Bernardo Campino
O actual Grupo de Forcados do Cartaxo foi fundado em 2012, mas na realidade
a primeira formação aconteceu há 95 anos, em 1923. Em baixo, uma grande
pega de Duarte Campino, irmão do cabo Bernardo, na praça do Cartaxo 

Não conhecia Bernardo Campino, o jovem cabo do mais novo grupo de forcados associado na ANGF, o dos Amadores do Cartaxo. João Duarte trouxe-o ontem para um agradável jantar no "Rubro" do Campo Pequeno

O actual Grupo de Forcados Amadores do Cartaxo foi formado em 2012, mas na realidade esta formação existe, apesar de ter passado por várias interrupções, desde 1923, data da sua estreia.
"Oficialmente, ou melhor dizendo, historicamente, o grupo foi formado em 1923, pelo que teria hoje 95 anos de existência e era um dos mais antigos do país, mas a verdade é que isso não pode ser contabilizado dessa forma, uma vez que o grupo sofreu várias interrupções, esteve vários anos desactivado e não nos podemos por isso colocar ao mesmo nível de grupos que têm um historial sem paragens, a pegar ininterruptamente", conta Bernardo Campino, jovem e valoroso forcado que em 2012 assumiu, por eleição dos companheiros, a chefia do actual GFA do Cartaxo.
"Somos um grupo de amigos e, mais que isso, de familiares. Tenho no grupo um irmão e vários primos. Juntámo-nos em 2012 e decidimos formar de novo o grupo. De 2012 a 2014 pegámos só em festas particulares, em treinos, não em praça. A partir daí e porque não estávamos na Associação Nacional de Grupos de Forcados, pegámos sempre em solitário em corridas na praça do Cartaxo. Só no ano passado é que entrámos para a ANGF e passámos a pegar com outros grupos e noutras praças. Na última temporada pegámos na novilhada do Campo Pequeno e este ano já fomos a uma corrida, a de 21 de Junho (extra abono), com os toiros de Veiga Teixeira, pegando os nossos dois à primeira. No final desta temporada termina o período experimental de dois anos na ANGF, passamos então a ser sócios efectivos", acrescenta o cabo.
Bernardo Campino nasceu no seio de uma família ligada aos toiros. É neto do famoso embolador Luis Campino e sobrinho do actual embolador do mesmo nome. No Cartaxo, dedica-se à agricultura, mas as pegas e o mundo da forcadagem são o seu maior encanto.
"Não somos melhores, nem piores que os outros. Temos defendido com dignidade a arte de pegar toiros", sintetiza. E diz mais: "E sempre com o maior dos respeitos por todos os grupos, sobretudo os mais antigos, e pelos forcados que neles fizeram história".
Nesta temporada, o grupo pegou sem seis festejos. "Não podemos pedir mais, estamos satisfeitos com o resultado, só há dois anos é que pertencemos à ANGF, somos neste momento o grupo mais jovem. Mas é evidente que ambicionamos mais. Pegar duas vezes no Campo Pequeno foi já um marco importante. Este ano regressámos também à praça da Nazaré, onde o grupo não pegava há 31 anos. O Cartaxo é uma terra com muita tradicição aficionada e por isso consideramos que se justifica em pleno ter o seu grupo de forcados. Na próxima temporada vamos tentar chegar mais longe, marcar presença noutras praças e entrar numa ou noutra corrida importante, como esta temporada aconteceu na de Lisboa", diz-nos.
Terra do bom vinho, o Cartaxo é também terra de valentes forcados.

Fotos D.R. e Maria Mil-Homens