terça-feira, 29 de abril de 2025

Borja Jiménez e Diogo Peseiro em Almeirim: a Verdade do Toureio a Pé!

Miguel Alvarenga - Estão actualmente reunidas todas as condições para que o matador sevilhano Borja Jiménez possa, e deva, assumir o estatuto de novo ídolo dos aficionados portugueses, se houver da parte dos empresários visão e decisão para que isso aconteça e, com isso, se contribua para dar um novo esplendor ao toureio a pé e à corrida mista - para que isto não caia na desgraça de motivar o desinteresse das pessoas por sempre tudo mais do mesmo

Uma certeza temos: Rui Bento vai continuar a apostar no toureio a pé. É preciso que outros o façam também. Mas que saibam como, onde e com quem o devem fazer.

Ainda no final dos anos 60, princípio dos 70, Manuel dos Santos contribuiu decisivamente, enquanto empresário da então primeira praça do país, a do Campo Pequeno, para o nascimento de novos ídolos do toureio a pé que levassem o público às praças. Francisco Rivera "Paquirri" e Dámaso González foram as figuras de Lisboa nesse tempo de ouro. 

Mais tarde, já depois da morte do grande empresário, seu filho Manuel Jorge e os outros que o acompanhavam nessa grande equipa que geria o Campo Pequeno (José Cardal, Américo Pena, José Agostinho dos Santos, Alfredo Ovelha e o jornalista José Sampaio) voltaram a apostar em novos ídolos: Pedro Moya "Niño de la Capea" e Francisco Ruiz Miguel, e mais tarde Francisco Nuñez "Currillo", terão sido os últimos. Depois veio a revolução de Abril, a Revolução Mourista, bem mais sólida e bem mais clara que a outra, e acabaram-se os ídolos do toureio a pé, chegou o tempo dos ídolos-cavaleiros.

Mais recentemente, quando Rui Bento estava ao leme do Campo Pequeno, chegou um outro ídolo: Juan José Padilla. Rui Bento apostou e ganhou. Agora, por coincidência pela mão do mesmo Rui Bento, Borja Jiménez reúne as condições todas para se tornar o novo ídolo - que faz falta.

O próprio Borja Jiménez, entrevistado este domingo em Almeirim pelo jornalista do site "Infocul", revelou que há "coisas a falar, estamos a fechar, mas ainda não há nada fechado" para que volte esta temporada ao nosso país, outra vez pela mão do empresário Rui Bento. "Com certeza, estaremos juntos em várias ocasiões este ano" - adianta o matador, acrescentando que "o Rui Bento fez uma boa aposta, vamos fazer várias coisas com ele, vamos tourear várias corridas com o maestro Rui Bento, esperamos que sejam muitas".

A corrida de domingo em Almeirim foi uma corrida importante. Séria. Dura. "De Madrid". E foi um aviso a outros empresários que projectam trazer figuras do toureio espanhol ao nosso país. Um aviso muito sério mesmo. E muito complicado e comprometedor. 

Depois de termos visto Borja Jiménez e o novo matador nacional Diogo Peseiro enfrentar em Almeirim toiros-toiros com mais de 500 quilos, com presença, trapio, idade, importância e seriedade, quem é que vai aceitar que outras figuras venham cá gozar com a malta, sacar o dinheiro e dar uns muletazos a bezerros cómodos? Não vai ser fácil promover a mentira, quando em Almeirim se decretou e aclamou a Verdade!

Borja Jiménez esteve ali, deu a cara, entregou-se como se estivesse em Las Ventas, num acto de respeito pelo público e de grande profissionalismo. Toureou como os maiores. Deixou um ambiente do outro mundo. É um toureiro em permanente ebulição, a triunfar todos os dias, a sair em ombros constantemente, está preparado e motivado.

Brindou a primeira faena ao público e a segunda ao ganadeiro, Engº Francisco Lobo de Vasconcellos.

Diogo Peseiro não saíu por baixo, esteve enorme, com decisão, com atitude, arriscando, dando também a cara, demonstrando que toda a sua luta valeu a pena. É finalmente matador de toiros - e nós todos aclamamos e aplaudimos a sua trajectória, a sua persistência, a sua raça e a sua paixão. Temos (eu tenho!) orgulho nele!

Os seus dois toiros eram também exemplares muito sérios, até talvez mais complicados que os outros, mas apesar de ter toureado pouco ou nada, ainda, este ano, Diogo esteve à altura do grande desafio.

Brindou a primeira faena a sua Mãe e a segunda ao público.

Ficam os melhores momentos das faenas de ambos - uma tarde em que se viu e aplaudiu com entusiasmo a Verdade do Toureio a Pé!

Fotos M. Alvarenga
































Borja Jiménez: sinfonia de arte e de verdade!












































Diogo Peseiro: triunfo e afirmação do nosso novo matador