domingo, 27 de abril de 2025

Santa Eulália, ontem: lembrou-se José Barradas e viram-se momentos de bom toureio

Miguel Alvarenga - Voltei a Santa Eulália, altar de uma tauromaquia diferente e tão agradável. Voltei à bonita e bem cuidada praça onde Alberto Barradas, com o apoio do empresário Luis Pires dos Santos, há quatro anos nos proporciona um momento de lembrança e de homenagem a seu sempre lembrado irmão, o saudoso José Tello Barradas. Cronista taurino, escritor, brilhante conferencista, apoderado de toureiros e, acima de tudo, um dos mais conhecedores e mais entendidos aficionados que conheci.

O 4º Memorial registou ontem uma agradável entrada de público, em dia de sol e calor, com três quartos das bancadas bem preenchidos.

Foram lidados novilhos da ganadaria de Gregório de Oliveira, com nota positiva para os primeiros quatro, exigente e complicado o quinto (diz o ditado que não há quinto mau, mas ontem houve), manso e com arrancadas perigosas o sexto.

Viram-se momentos agradáveis e sem se poder dizer que houve um triunfador em destaque, pode dizer-se que os seis cavaleiros estiveram cada qual ao seu estilo, divertindo e emocionando o público com actuações aplaudidas e todas premiadas com música pelo competente e entendedor director de corrida Marco Gomes.

Luis Rouxinol esteve como sempre está: bem; Marcos Bastinhas marcou a diferença, como também sempre o faz, todos ou quase todos toureiam igual, quando entra em praça o Marcos as coisas têm um sabor diferente; Duarte Pinto é um clássico e um perfeccionista e assim esteve ontem em Santa Eulália, com a bonita particularidade de ter sido o único que brindou a Ana e Luis Barradas, filhos dos saudoso José Barradas; Gonçalo Fernandes deixou uma vez mais marcado o imenso valor da sua luta, vive lá para a Serra da Estrela, longe de tudo e longe dos centros da tauromaquia, mas continua a cumprir com louvável dignidade os compromissos para que, com toda a justiça, o chamam - e é de louvar que os empresários se lembrem que ele existe, como o fizeram Barradas e Pires dos Santos, a quem brindou, como a Bastinhas, em sinal de reconhecida gratidão; Miguel Moura "bailou com a mais feia", tocou-lhe um novilho incerto, incómodo e sem investidas claras, a que deu a volta com apurada maestria e toda a raça do toureio mourista, muita bem esteve em Santa Eulália, depois de na véspera ter ganho o prémio para a melhor lide em Alter - soma e segue!; fechou praça o muito valoroso António Prates, que "bailou com uma ainda mais feia", um novilho manso, com arrancadas perigosas e que cedo procurou o refúgio em tábuas, Prates esteve enorme, dominador, arriscando, pisando terrenos de alto risco e conseguiu levar o barco a bom porto, mercê de muito trabalho e valente entrega.

Pegaram os forcados de Arronches (João Eduardo Mano à primeira e David Pernas à segunda), de Monforte (Nuno Ramalho e Rodrigo Sampaio, ambos ao primeiro intento) e Académicos de Elvas (José Pedro Silva à segunda e David Ruas à quarta, na mais complicada, mas rigíssima e valorosa pega da tarde).

Bem os bandarilheiros das quadrilhas de todos os cavaleiros e excelente direcção de Marco Gomes, com a aficion e a competência de sempre.

Amanhã, segunda-feira, voltamos a Santa Eulália com mais reportagens - as sequências das seis pegas e os melhores momentos das lides dos seis cavaleiros e as fotos dos Famosos - não perca!

Fotos M. Alvarenga

Luis Rouxinol
Marcos Bastinhas
Duarte Pinto

Gonçalo Fernandes
Miguel Moura
António Prates