
O toureio a pé
precisa de apoio!
Longe de ser consensual, o tema do
toureio a pé e do seu estado vegetativo (em terras lusas), ainda apaixona e faz
ferver qualquer ambiente que sirva de palco a estas "discussões".
A expressão que utilizei para definir o
momento de crise que o toureio a pé atravessa, "estado vegetativo",
creio mesmo ser o melhor para ilustrar em termos figurativos aquilo que por
aqui se passa.
O toureio a pé existe, tem os seus
intérpretes cujo valor é indiscutível, mas vegetam à espera de oportunidades
que teimam em não chegar...
Dos antigos matadores de toiros, reza a
história. História bonita, que a todos nos orgulha, mas que apenas podemos
recordar como momentos que teimam em não ver repetido o seu sucesso.
Do "meu tempo", talvez o mais
reluzente nesta matéria, fazem parte os dois mais emblemáticos toureiros a pé
da história da tauromaquia falada em português. Vítor Mendes e Pedrito de
Portugal, cada um ao seu estilo e diga-se, radicalmente diferentes,
dignificaram o toureio de capote e muleta, aliás, o primeiro sagrou-se mesmo e
durante várias temporadas, o melhor matador bandarilheiro do mundo.
Mas hoje a realidade é outra, drástica e
fatalmente diferente desta tal época dourada.
Os fanáticos do toureio a pé (onde,
acreditem, me incluo), teimam em não querer ver, que Portugal, por não ter
sorte de varas e morte do toiro na arena, dificilmente suportará corridas
única, e exclusivamente apeadas. Tenho pena, lamento o facto, mas continuo a
achar que a corrida mista é ainda a melhor solução para que o elo entre
aficionados e este género de toureio não quebre na totalidade.
A corrida mista, pode permitir que os
amantes de cavalos e forcados, tomem contacto com as lides a pé.
Na conferência de imprensa promovida na
última semana pela empresa "Toiros & Tauromaquia", e que serviu
para apresentar de forma oficial a Feira da Moita/2011, houve quem se
insurgisse com estes comentários, estas opiniões e "discussões".
Entendo que o coração fale mais alto, mas com mil diabos, será difícil ver que,
dos matadores de toiros existentes na actualidade, apenas um toureia com
relativa assiduidade?
Sim, porque Luís Vital
"Procuna" é de todos o único que mantém uma temporada com
compromissos aquém-fronteiras. E os outros? Que esperar? Sejamos francos e o
Campo Pequeno é bom reflexo do que vou dizer. Que lotação teve o tauródromo
lisboeta no dia em que o nosso melhor e mais reconhecido matador de toiros ali
actuava, ainda por cima em dia de comemoração de efeméride (comemoração de
trinta anos de alternativa)? Meia tímida casita...
As evidências falam por si. Mas lanço
aqui o desafio aos que se dizem amantes do toureio a pé. Vão à corrida de
quarta-feira na Moita (14 de Setembro) e mostrem que faz sentido. Mostrem que
há vida no toureio a pé. Mostrem que a Moita ainda é o símbolo desta arte e o
melhor dos 'emblemas' nesta vertente da tauromaquia.
O toureio a pé precisa de apoio!

