domingo, 4 de setembro de 2011

A crónica de Solange Pinto - todas as semanas aqui no "Farpas Blogue"




O toureio a pé 
precisa de apoio!


Longe de ser consensual, o tema do toureio a pé e do seu estado vegetativo (em terras lusas), ainda apaixona e faz ferver qualquer ambiente que sirva de palco a estas "discussões".
A expressão que utilizei para definir o momento de crise que o toureio a pé atravessa, "estado vegetativo", creio mesmo ser o melhor para ilustrar em termos figurativos aquilo que por aqui se passa.
O toureio a pé existe, tem os seus intérpretes cujo valor é indiscutível, mas vegetam à espera de oportunidades que teimam em não chegar...
Dos antigos matadores de toiros, reza a história. História bonita, que a todos nos orgulha, mas que apenas podemos recordar como momentos que teimam em não ver repetido o seu sucesso.
Do "meu tempo", talvez o mais reluzente nesta matéria, fazem parte os dois mais emblemáticos toureiros a pé da história da tauromaquia falada em português. Vítor Mendes e Pedrito de Portugal, cada um ao seu estilo e diga-se, radicalmente diferentes, dignificaram o toureio de capote e muleta, aliás, o primeiro sagrou-se mesmo e durante várias temporadas, o melhor matador bandarilheiro do mundo.
Mas hoje a realidade é outra, drástica e fatalmente diferente desta tal época dourada.
Os fanáticos do toureio a pé (onde, acreditem, me incluo), teimam em não querer ver, que Portugal, por não ter sorte de varas e morte do toiro na arena, dificilmente suportará corridas única, e exclusivamente apeadas. Tenho pena, lamento o facto, mas continuo a achar que a corrida mista é ainda a melhor solução para que o elo entre aficionados e este género de toureio não quebre na totalidade.
A corrida mista, pode permitir que os amantes de cavalos e forcados, tomem contacto com as lides a pé.
Na conferência de imprensa promovida na última semana pela empresa "Toiros & Tauromaquia", e que serviu para apresentar de forma oficial a Feira da Moita/2011, houve quem se insurgisse com estes comentários, estas opiniões e "discussões". Entendo que o coração fale mais alto, mas com mil diabos, será difícil ver que, dos matadores de toiros existentes na actualidade, apenas um toureia com relativa assiduidade?
Sim, porque Luís Vital "Procuna" é de todos o único que mantém uma temporada com compromissos aquém-fronteiras. E os outros? Que esperar? Sejamos francos e o Campo Pequeno é bom reflexo do que vou dizer. Que lotação teve o tauródromo lisboeta no dia em que o nosso melhor e mais reconhecido matador de toiros ali actuava, ainda por cima em dia de comemoração de efeméride (comemoração de trinta anos de alternativa)? Meia tímida casita...
As evidências falam por si. Mas lanço aqui o desafio aos que se dizem amantes do toureio a pé. Vão à corrida de quarta-feira na Moita (14 de Setembro) e mostrem que faz sentido. Mostrem que há vida no toureio a pé. Mostrem que a Moita ainda é o símbolo desta arte e o melhor dos 'emblemas' nesta vertente da tauromaquia.
O toureio a pé precisa de apoio!