quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Entrevista exclusiva: Miguel Alvarenga sem papas na língua... p'ra variar!




O jornal "Farpas" acabou há quase um mês, vem aí um novo jornal, mas entretanto Miguel Alvarenga consolida o "Farpas Blogue" e leva-o à liderança da informação taurina na internet, com mais de cinco mil visualizações por dia - um recorde absoluto. Onde se mete, ele ganha - o que ninguém imaginava é que também tivesse uma vitória estrondosa na internet, ele que sempre foi anti-modernices. O balanço da nova actividade e as declarações sempre polémicas - para ler já a seguir!

Entrevista de Hugo Teixeira e Rita Barreiros (fotos)

- Estamos quase há um mês sem o jornal "Farpas" e continuamos sem novidades do "Novo Farpas"...
- O novo jornal vai surgir, com um novo formato, uma nova cara, mais páginas e uma revista por mês no interior. Há muitas novidades, mas está tudo a ser planeado e reestruturado...
- Prometeste o jornal para o início de Setembro...
- Ou de Outubro. Disse que precisava de dois meses para descansar em termos de jornal. Estou neste momento a terminar o meu livro e a iniciar outro...
- ... outro?
- Sim, estou a acabar o livro sobre a história da minha prisão no Linhó, que não tem nada ou tem muito pouco a ver com touradas e estou a escrever outro, esse sim, sobre a nossa Festa, que se deverá intitular "Festa Brava ou Festa Mansa: as histórias que eu sei...".
- Um best-seller?
- Sei lá, gostava que sim!
- Entretanto, o "Farpas Blogue" segue em grande e é um sucesso...
- Sinceramente, nem eu pensava que fosse um sucesso tão grande! Quando consulto - e divulgo - diariamente os dados fornecidos pela base de dados do Google, acredita que fico espantado. Tenho falado com várias pessoas, não do meio taurino e o que me dizem é que é muito raro um blog ou um site de tauromaquia ter, como temos tido, mais de cinco mil visualizações por dia! É incrível, a minha alma está parva!
- E tu que eras o mais anti possível em relação à internet e a estas "modernices"...
- Era e continuo a ser... mas o que é que eu hei-de fazer se o futuro está aqui?
- Em tudo o que te metes, ganhas?
- Não fui feito para perder, mas não tenho ganho tudo... às vezes, perco, já tenho perdido. Mas no caso do "Farpas Blogue" ou do "blogui", como eu lhe chamo, nunca pensei que as coisas corressem como estão a correr... Não pensava que fosse "mais um", mas não imaginava um sucesso tão brutal. Foi de mais! Em todos os aspectos.
- Isso pode ser também um sucesso em termos financeiros?
- Pode - e deve! É claro que os aficionados que nos visitam não pagam um cêntimo, ao contrário do que sucede com o jornal. Mas, em contrapartida, há a adesão dos empresários, dos toureiros e de muitas empresas fora do meio taurino que já entenderam o sucesso de publicitar as suas marcas, os seus produtos, num blog que tem mais de cinco mil visitantes por dia. Se eu fosse empresário tauromáquico, nem perdia tempo a colar cartazes nas paredes... publicitava as minhas corridas neste blog!
- Voltando atrás e ao que interessa, o "Novo Farpas" quando sai, afinal?
- Estou altamente pressionado, no bom sentido, pelos editores, para que saia o mais depressa possível, mas, para falar verdade, a minha vontade é que surja só no início da próxima temporada, vamos ver!
- Que tal de férias a Sul?
- Boas. Tenho gozado a praia, mas não tenho deixado de trabalhar. Estava mesmo a precisar de descanso. Tenho gerido bem o meu tempo. Umas horas no computador a actualizar o "blogui", outras a adiantar os dois livros e um tempo por dia para a família e a praia. Também preciso de trabalhar "p'ró bronze"! Tenho estado a Sul, a seguir vou para longe, bem longe, umas duas semanas. Aí sim, para descansar...
- E ficamos sem blog?
- Não. Infelizmente, neste momento do campeonato, não posso mesmo "perder a corrida". O computador vai comigo. É uma "seca", mas vai...
- Há vários sites e vários blog's taurinos em Portugal. Nenhum é como o "Farpas"?...
- Têm todos muito boa vontade, mas não passam disso. Não quero comentar. Há sites e blog's feitos por amigos meus, incluindo o teu, e não me ficava bem comentar. Fazem todos o melhor que podem...
- ... mas tu fazes melhor, é isso?
- Não comento, não sei se faço melhor ou pior. Sou eu... e as pessoas dos toiros, e não só, gostam de me ler... Acho que os sites, para já não falar dos blog's, são feitos com imenso entusiasmo e muito boa vontade, mas - e eles próprios o reconhecem - com uma grande dose de amadorismo. E em tudo na vida, para se singrar, temos que ser profissionais a mil por cento... que a cem não chega!
- ... as pessoas lêem o "Farpas Blogue" pelas polémicas, Miguel?
- Pela diferença.
- Sabes tudo primeiro que os outros?...
- Nem sempre, mas quase sempre. Por exemplo, agora que estou de férias, recebo imensos telefonemas (infelizmente...) na praia a darem-me notícias disto e daquilo. Só se fosse doido é que saía da praia a correr para ir escrever as novidades no computador. Às vezes, os outros escrevem primeiro. Depois, eu escrevo de maneira diferente...
- Qual é, afinal, o teu segredo, Miguel?
- Não tenho nenhum segredo e mesmo que tivesse, não contava... para não deixar de ser segredo!
- Achas que criaste escola, que tens seguidores, que modificaste a crítica taurina em Portugal?
- Se modifiquei ou não, não sou eu que tenho que o dizer... não sei. Inovei, talvez. Escola, acho que vou deixar. Tenho seguidores, isso tenho.
- Já houve um blog anti-Alvarenga, já houve vetos dos forcados, tanta coisa... como resistes?
- Resistindo! Acho que sou, nesse aspecto, à prova de bala...
- Os cães ladram e a caravana passa, é isso?
- Os cães ladram e eu tenho mais de cinco mil leitores por dia. É isso!
- Tens muitos inimigos?
- Não, que estupidez! Tenho alguns tipos que não me gramam, só isso... mas têm que viver com isso, porque eu não vou desistir!
- Este ano não há a Corrida "Farpas"?
- Não.
- Porquê?
- A Corrida "Farpas" arrancou com o apoio do Engº Inácio Ramos e de António Luis Raimundo, na Moita. Depois, passou para as mãos do meu querido amigo e saudoso Manuel Gonçalves. No ano passado ainda a fiz com o seu filho, António Manuel, mas sem os resultados anteriores, em todos os aspectos. Estou cá para escrever, não para fazer touradas. Foi giro enquanto durou. A Corrida "Farpas", quanto a mim, morreu quando morreu Manuel Gonçalves, já não tem razão de existir. Era uma corrida que tinha a sua marca e sem ele não me apetece fazê-la...
- Mas chegou a ser anunciado que ia ser feita com o empresário João Pedro Bolota...
- Falou-se e falámos disso, mas não vi da parte do João Pedro, meu amigo, o empenho que tinha Manuel Gonçalves. Penso que o problema do "veto" da Associação de Forcados o assustou... e eu não insisti, entendi que não valia a pena estar a pôr em causa a sua actividade empresarial...
- Mas em Setúbal fez-se uma Selecção de Forcados por o grupo da terra não ter sido "autorizado" pela associação a pegar com grupos associados...
- Isso é tão ridículo que acho que nem vale a pena lembrar...
- Achas que a Associação de Forcados teve dois pesos e duas medidas... uma para o Grupo de Setúbal e outra para a Corrida "Farpas"?
- A Associação de Forcados é uma coisa tão sem sentido que eu nem vou perder tempo a comentar isso, era dar-lhes uma importância que, graças a Deus, não têm... Pergunto: se se dão ao luxo de "vetar" empresas que optarem por contratar grupos não associados (e ainda nenhuma empresa "os teve no sítio" para fazer isso e vermos depois o que acontecia!), porque razão não têm coragem para também "vetar" os cavaleiros que aceitam ombrear em corridas com grupos de forcados não associados? Se "vetam" uns, tinham que "vetar" os outros... Mas os pesos e as medidas não são os mesmos... há várias situações... pelos vistos!
- Há uma guerra tua com o Grupo de Montemor?
- Por amor de Deus! Ainda há dias dei uma entrevista ao Diogo Marcelino no programa "Faenas" da Rádio Ultra FM e nomeei o Grupo de Forcados Amadores de Montemor como o meu grupo de referência há muitos anos! Admiro todos os grupos, tenho, graças a Deus, bons amigos em q     uase todos os grupos e admito todos os grupos, ao contrário da Associação, que só admite alguns. Não tenho nenhuma guerra com o Grupo de Montemor. A Associação de Forcados é uma coisa, o Grupo de Montemor é outra e tem mesmo que o ser, por mais que o Potier não queira fazer essa diferença e insista em prejudicar, porque tem prejudicado e muito, o Grupo de Montemor!
- Nessa entrevista ao programa "Faenas", que a meu ver foi altamente polémica...
- ... querias que fosse o quê?...
- ... pois! Nessa entrevista também classificaste Fernando Santos como o mais importante empresário taurino português...
- Pois classifiquei. E é. Àparte do Campo Pequeno, que é o que é por ser o Campo Pequeno, o empresário que mais espectáculos dá por ano em Portugal tem sido o Maestro Fernando dos Santos em Albufeira. É uma injustiça - e eu já fui injusto com ele e já assumi isso, enquanto esteve no C. Pequeno - esquecer-se um empresário destes que dá mais oportunidades aos novos que os outros todos juntos e que promove no Verão grandes corridas na Monumental de Albufeira, além de ter aquela que é, no momento, uma das melhores ganadarias do país. Outra coisa de que as pessoas se esquecem...
- Maurício Vale e José Luis Gomes deixaram ontem de apoderar os cavaleiros Mateus Prieto e Ana Rita. Queres comentar?
- Eram "parcerias" que não têm uma importância do outro mundo. Se me dissessem que o João Moura se tinha separado do Abel, que o Salgueiro rompera com o "Nené"... isso tinha matéria para se comentar. Nestes casos, não. É igual ao litro, como se costuma dizer...
- Criticaste o regresso do cavaleiro Tiago Carreiras ao Campo Pequeno na próxima quinta-feira, queres explicar porquê?...
- Quem tem que explicar não sou eu, será, na melhor das hipóteses o Rui Bento. Gostei muito do Tiago Carreiras quando apareceu, entusiasmou-me, acreditei. Depois "pifou"... coisa que já aconteceu a muitos, infelizmente. Não tenho absolutamente nada contra o Tiago Carreiras, mas vi-o este ano em Lisboa, não esteve nada de especial e penso que não se justifica minimamente a sua repetição, sobretudo quando há muitos mais cavaleiros com valor que justificariam estar no Campo Pequeno, numa corrida destas com Moura e Telles, e não estão. Mas se alguém tem que explicar as razões por que ele vai ser repetido, é o Rui Bento e não eu...
- Explicar a quem?
- Se calhar, em primeiro lugar, aos senhores administradores do Campo Pequeno. E depois, ao público.
- Outro escrito teu que marcou esta temporada: mandáste o Cerejo para casa...
- Não mandei nada...
- Mais ou menos...
- Nada disso. As pessoas, quando querem, interpretam tudo mal. Conforme lhes convém. Tenho admiração pelo João Pedro Cerejo, como tenho por todos os que se põem diante de um toiro. Acho que tem muito boa vontade, não anda aqui para fazer mal a ninguém, mas considero que não está minimamente preparado para fazer o que insiste em fazer...
- ... para tourear, é isso?
- Claro. As brutais colhidas que sofreu este ano falam por si. Bem sei que até os melhores sofrem colhidas e quedas e temos o exemplo recente de João Moura em Lisboa. Mas considero que no caso de Cerejo se trata de uma inconsciência que um dia pode ter consequências fatais, Deus permita que não, mas já vi cavaleiros ficarem piores com quedas muito menos aparatosas do que as que ele tem tido. Imaginem, Deus queira que não, que um dia ele cai, como tem caído, e morre. De quem é a culpa depois? Dele ou dos que andam a "governar vida" à conta da ilusão dele? Há coisas que têm que ser ditas e que o mal é os senhores e os meninos da crítica terem medo de as dizer, para não perderam o cartão de entrada à borla em determinadas praças... Preciso de explicar mais? Acho que não! Andam por aí uns meninos e umas meninas a dizer cobras e lagartos das mordidelas do cavalo do Ventura nos toiros, mas não arriscam dizer nada deste caso do Cerejo. Que coerência e que credibilidade é que essa gente pode ter?... Só para não perderam a entrada de borla no Campo Pequeno, não vi nem li nenhum deles questionarem as razões porque o Cerejo apareceu numa tourada televisionada em Lisboa... Se se justificasse, se fosse um toureiro que andásse aí na berra, a triunfar, eu entendia. Assim, não entendi. Foi para confirmar a alternativa... dezoito anos depois de a ter recebido? Arranjem outra estória, que essa não a engolimos...
- Miguel, já vamos longe e oportunidades não hão-de faltar para te ouvir mais vezes. Como vai a temporada?
- Vai igual às outras, muito "mais do mesmo" e o Maestro Moura a liderar, assim como os "antigos", o Bastinhas, o António Telles, o Rui Salvador, o Rouxinol... o costume! E alguns novos a dar nas vistas, casos do Duarte Pinto, do Tomás Pinto, do Moura Caetano, dos filhos Moura e Telles, do Marcos Bastinhas, Telles Bastos, do Francisco Palha... mas sem contudo romperem e esgotarem praças, como acontecia com os "antigos"...