O jornal "Farpas" acabou há
quase um mês, vem aí um novo jornal, mas entretanto Miguel Alvarenga consolida
o "Farpas Blogue" e leva-o à liderança da informação taurina na
internet, com mais de cinco mil visualizações por dia - um recorde absoluto.
Onde se mete, ele ganha - o que ninguém imaginava é que também tivesse uma
vitória estrondosa na internet, ele que sempre foi anti-modernices. O balanço
da nova actividade e as declarações sempre polémicas - para ler já a seguir!
Entrevista de Hugo Teixeira e Rita
Barreiros (fotos)
- Estamos quase há um mês sem o jornal
"Farpas" e continuamos sem novidades do "Novo Farpas"...
- O novo jornal vai surgir, com um novo
formato, uma nova cara, mais páginas e uma revista por mês no interior. Há
muitas novidades, mas está tudo a ser planeado e reestruturado...
- Prometeste o jornal para o início de
Setembro...
- Ou de Outubro. Disse que precisava de
dois meses para descansar em termos de jornal. Estou neste momento a terminar o
meu livro e a iniciar outro...
- ... outro?
- Sim, estou a acabar o livro sobre a
história da minha prisão no Linhó, que não tem nada ou tem muito pouco a ver
com touradas e estou a escrever outro, esse sim, sobre a nossa Festa, que se
deverá intitular "Festa Brava ou Festa Mansa: as histórias que eu sei...".
- Um best-seller?
- Sei lá, gostava que sim!
- Entretanto, o "Farpas
Blogue" segue em grande e é um sucesso...
- Sinceramente, nem eu pensava que fosse
um sucesso tão grande! Quando consulto - e divulgo - diariamente os dados
fornecidos pela base de dados do Google, acredita que fico espantado. Tenho
falado com várias pessoas, não do meio taurino e o que me dizem é que é muito
raro um blog ou um site de tauromaquia ter, como temos tido, mais de cinco mil
visualizações por dia! É incrível, a minha alma está parva!
- E tu que eras o mais anti possível em
relação à internet e a estas "modernices"...
- Era e continuo a ser... mas o que é
que eu hei-de fazer se o futuro está aqui?
- Em tudo o que te metes, ganhas?
- Não fui feito para perder, mas não
tenho ganho tudo... às vezes, perco, já tenho perdido. Mas no caso do
"Farpas Blogue" ou do "blogui", como eu lhe chamo, nunca
pensei que as coisas corressem como estão a correr... Não pensava que fosse
"mais um", mas não imaginava um sucesso tão brutal. Foi de mais! Em
todos os aspectos.
- Isso pode ser também um sucesso em
termos financeiros?
- Pode - e deve! É claro que os
aficionados que nos visitam não pagam um cêntimo, ao contrário do que sucede
com o jornal. Mas, em contrapartida, há a adesão dos empresários, dos toureiros
e de muitas empresas fora do meio taurino que já entenderam o sucesso de
publicitar as suas marcas, os seus produtos, num blog que tem mais de cinco mil
visitantes por dia. Se eu fosse empresário tauromáquico, nem perdia tempo a
colar cartazes nas paredes... publicitava as minhas corridas neste blog!
- Voltando atrás e ao que interessa, o
"Novo Farpas" quando sai, afinal?
- Estou altamente pressionado, no bom
sentido, pelos editores, para que saia o mais depressa possível, mas, para
falar verdade, a minha vontade é que surja só no início da próxima temporada,
vamos ver!
- Que tal de férias a Sul?
- Boas. Tenho gozado a praia, mas não
tenho deixado de trabalhar. Estava mesmo a precisar de descanso. Tenho gerido
bem o meu tempo. Umas horas no computador a actualizar o "blogui",
outras a adiantar os dois livros e um tempo por dia para a família e a praia.
Também preciso de trabalhar "p'ró bronze"! Tenho estado a Sul, a
seguir vou para longe, bem longe, umas duas semanas. Aí sim, para descansar...
- E ficamos sem blog?
- Não. Infelizmente, neste momento do
campeonato, não posso mesmo "perder a corrida". O computador vai
comigo. É uma "seca", mas vai...
- Há vários sites e vários blog's
taurinos em Portugal. Nenhum é como o "Farpas"?...
- Têm todos muito boa vontade, mas não
passam disso. Não quero comentar. Há sites e blog's feitos por amigos meus,
incluindo o teu, e não me ficava bem comentar. Fazem todos o melhor que
podem...
- ... mas tu fazes melhor, é isso?
- Não comento, não sei se faço melhor ou
pior. Sou eu... e as pessoas dos toiros, e não só, gostam de me ler... Acho que
os sites, para já não falar dos blog's, são feitos com imenso entusiasmo e
muito boa vontade, mas - e eles próprios o reconhecem - com uma grande dose de
amadorismo. E em tudo na vida, para se singrar, temos que ser profissionais a
mil por cento... que a cem não chega!
- ... as pessoas lêem o "Farpas
Blogue" pelas polémicas, Miguel?
- Pela diferença.
- Sabes tudo primeiro que os outros?...
- Nem sempre, mas quase sempre. Por
exemplo, agora que estou de férias, recebo imensos telefonemas
(infelizmente...) na praia a darem-me notícias disto e daquilo. Só se fosse
doido é que saía da praia a correr para ir escrever as novidades no computador.
Às vezes, os outros escrevem primeiro. Depois, eu escrevo de maneira
diferente...
- Qual é, afinal, o teu segredo, Miguel?
- Não tenho nenhum segredo e mesmo que
tivesse, não contava... para não deixar de ser segredo!
- Achas que criaste escola, que tens
seguidores, que modificaste a crítica taurina em Portugal?
- Se modifiquei ou não, não sou eu que
tenho que o dizer... não sei. Inovei, talvez. Escola, acho que vou deixar.
Tenho seguidores, isso tenho.
- Já houve um blog anti-Alvarenga, já
houve vetos dos forcados, tanta coisa... como resistes?
- Resistindo! Acho que sou, nesse
aspecto, à prova de bala...
- Os cães ladram e a caravana passa, é
isso?
- Os cães ladram e eu tenho mais de
cinco mil leitores por dia. É isso!
- Tens muitos inimigos?
- Não, que estupidez! Tenho alguns tipos
que não me gramam, só isso... mas têm que viver com isso, porque eu não vou
desistir!
- Este ano não há a Corrida
"Farpas"?
- Não.
- Porquê?
- A Corrida "Farpas" arrancou
com o apoio do Engº Inácio Ramos e de António Luis Raimundo, na Moita. Depois,
passou para as mãos do meu querido amigo e saudoso Manuel Gonçalves. No ano
passado ainda a fiz com o seu filho, António Manuel, mas sem os resultados
anteriores, em todos os aspectos. Estou cá para escrever, não para fazer
touradas. Foi giro enquanto durou. A Corrida "Farpas", quanto a mim,
morreu quando morreu Manuel Gonçalves, já não tem razão de existir. Era uma
corrida que tinha a sua marca e sem ele não me apetece fazê-la...
- Mas chegou a ser anunciado que ia ser
feita com o empresário João Pedro Bolota...
- Falou-se e falámos disso, mas não vi
da parte do João Pedro, meu amigo, o empenho que tinha Manuel Gonçalves. Penso
que o problema do "veto" da Associação de Forcados o assustou... e eu
não insisti, entendi que não valia a pena estar a pôr em causa a sua actividade
empresarial...
- Mas em Setúbal fez-se uma Selecção de
Forcados por o grupo da terra não ter sido "autorizado" pela
associação a pegar com grupos associados...
- Isso é tão ridículo que acho que nem
vale a pena lembrar...
- Achas que a Associação de Forcados
teve dois pesos e duas medidas... uma para o Grupo de Setúbal e outra para a
Corrida "Farpas"?
- A Associação de Forcados é uma coisa
tão sem sentido que eu nem vou perder tempo a comentar isso, era dar-lhes uma
importância que, graças a Deus, não têm... Pergunto: se se dão ao luxo de
"vetar" empresas que optarem por contratar grupos não associados (e
ainda nenhuma empresa "os teve no sítio" para fazer isso e vermos
depois o que acontecia!), porque razão não têm coragem para também
"vetar" os cavaleiros que aceitam ombrear em corridas com grupos de
forcados não associados? Se "vetam" uns, tinham que "vetar"
os outros... Mas os pesos e as medidas não são os mesmos... há várias
situações... pelos vistos!
- Há uma guerra tua com o Grupo de
Montemor?
- Por amor de Deus! Ainda há dias dei
uma entrevista ao Diogo Marcelino no programa "Faenas" da Rádio Ultra
FM e nomeei o Grupo de Forcados Amadores de Montemor como o meu grupo de
referência há muitos anos! Admiro todos os grupos, tenho, graças a Deus, bons
amigos em q uase
todos os grupos e admito todos os grupos, ao contrário da Associação, que só
admite alguns. Não tenho nenhuma guerra com o Grupo de Montemor. A Associação
de Forcados é uma coisa, o Grupo de Montemor é outra e tem mesmo que o ser, por
mais que o Potier não queira fazer essa diferença e insista em prejudicar,
porque tem prejudicado e muito, o Grupo de Montemor!
- Nessa entrevista ao programa
"Faenas", que a meu ver foi altamente polémica...
- ... querias que fosse o quê?...
- ... pois! Nessa entrevista também
classificaste Fernando Santos como o mais importante empresário taurino
português...
- Pois classifiquei. E é. Àparte do
Campo Pequeno, que é o que é por ser o Campo Pequeno, o empresário que mais
espectáculos dá por ano em Portugal tem sido o Maestro Fernando dos Santos em
Albufeira. É uma injustiça - e eu já fui injusto com ele e já assumi isso,
enquanto esteve no C. Pequeno - esquecer-se um empresário destes que dá mais
oportunidades aos novos que os outros todos juntos e que promove no Verão
grandes corridas na Monumental de Albufeira, além de ter aquela que é, no
momento, uma das melhores ganadarias do país. Outra coisa de que as pessoas se
esquecem...
- Maurício Vale e José Luis Gomes
deixaram ontem de apoderar os cavaleiros Mateus Prieto e Ana Rita. Queres
comentar?
- Eram "parcerias" que não têm
uma importância do outro mundo. Se me dissessem que o João Moura se tinha
separado do Abel, que o Salgueiro rompera com o "Nené"... isso tinha
matéria para se comentar. Nestes casos, não. É igual ao litro, como se costuma
dizer...
- Criticaste o regresso do cavaleiro
Tiago Carreiras ao Campo Pequeno na próxima quinta-feira, queres explicar
porquê?...
- Quem tem que explicar não sou eu,
será, na melhor das hipóteses o Rui Bento. Gostei muito do Tiago Carreiras
quando apareceu, entusiasmou-me, acreditei. Depois "pifou"... coisa
que já aconteceu a muitos, infelizmente. Não tenho absolutamente nada contra o
Tiago Carreiras, mas vi-o este ano em Lisboa, não esteve nada de especial e
penso que não se justifica minimamente a sua repetição, sobretudo quando há
muitos mais cavaleiros com valor que justificariam estar no Campo Pequeno, numa
corrida destas com Moura e Telles, e não estão. Mas se alguém tem que explicar
as razões por que ele vai ser repetido, é o Rui Bento e não eu...
- Explicar a quem?
- Se calhar, em primeiro lugar, aos
senhores administradores do Campo Pequeno. E depois, ao público.
- Outro escrito teu que marcou esta
temporada: mandáste o Cerejo para casa...
- Não mandei nada...
- Mais ou menos...
- Nada disso. As pessoas, quando querem,
interpretam tudo mal. Conforme lhes convém. Tenho admiração pelo João Pedro
Cerejo, como tenho por todos os que se põem diante de um toiro. Acho que tem
muito boa vontade, não anda aqui para fazer mal a ninguém, mas considero que
não está minimamente preparado para fazer o que insiste em fazer...
- ... para tourear, é isso?
- Claro. As brutais colhidas que sofreu
este ano falam por si. Bem sei que até os melhores sofrem colhidas e quedas e
temos o exemplo recente de João Moura em Lisboa. Mas considero que no caso de
Cerejo se trata de uma inconsciência que um dia pode ter consequências fatais,
Deus permita que não, mas já vi cavaleiros ficarem piores com quedas muito
menos aparatosas do que as que ele tem tido. Imaginem, Deus queira que não, que
um dia ele cai, como tem caído, e morre. De quem é a culpa depois? Dele ou dos
que andam a "governar vida" à conta da ilusão dele? Há coisas que têm
que ser ditas e que o mal é os senhores e os meninos da crítica terem medo de
as dizer, para não perderam o cartão de entrada à borla em determinadas
praças... Preciso de explicar mais? Acho que não! Andam por aí uns meninos e
umas meninas a dizer cobras e lagartos das mordidelas do cavalo do Ventura nos
toiros, mas não arriscam dizer nada deste caso do Cerejo. Que coerência e que
credibilidade é que essa gente pode ter?... Só para não perderam a entrada de
borla no Campo Pequeno, não vi nem li nenhum deles questionarem as razões
porque o Cerejo apareceu numa tourada televisionada em Lisboa... Se se
justificasse, se fosse um toureiro que andásse aí na berra, a triunfar, eu
entendia. Assim, não entendi. Foi para confirmar a alternativa... dezoito anos
depois de a ter recebido? Arranjem outra estória, que essa não a engolimos...
- Miguel, já vamos longe e oportunidades
não hão-de faltar para te ouvir mais vezes. Como vai a temporada?
- Vai igual às outras, muito "mais
do mesmo" e o Maestro Moura a liderar, assim como os "antigos",
o Bastinhas, o António Telles, o Rui Salvador, o Rouxinol... o costume! E
alguns novos a dar nas vistas, casos do Duarte Pinto, do Tomás Pinto, do Moura
Caetano, dos filhos Moura e Telles, do Marcos Bastinhas, Telles Bastos, do
Francisco Palha... mas sem contudo romperem e esgotarem praças, como acontecia
com os "antigos"...