Miguel Alvarenga - O gosto pelos cavalos
"começou tarde", recorda, quanto tinha 10 ou 11 anos. O avô e o pai,
o equitador Luis Filipe Oliveira, foram sempre aficionados, mas sobretudo aos
cavalos. Desde pequeno que David Oliveira, 25 anos, se lembra de ir a corridas
a Lisboa, a Vila Franca, à Moita e "aquilo fascinava-me". Pela
amizade de seu pai ao antigo cavaleiro José Manuel Correia Lopes (a quem
convidou já para um dia ser seu padrinho de alternativa), David começou a ter
contacto com o mundo dos toiros. Queria ser cavaleiro, mas o pai foi sempre
contra. "Acabei por me dedicar às provas de Equitação de Trabalho",
conta, onde esteve catorze anos e onde alcançou todas as metas que havia para
conquistar. Foi campeão do mundo, da europa e nacional. Um antigo cavalo seu, o
"Mulato", está no "Guiness" por ter ganho três provas
"top" em três anos consecutivos.
Nas arenas, finalmente com o
consentimento paterno, David estreou-se há dois anos, na praça de S. Manços.
Foi um dos mais destacados cavaleiros amadores nas temporadas de 2010 e 2011.
Este ano avança para a prova de praticante, que deverá fazer no mês de Abril e
prepara-se com afinco para mais altos vôos. Iniciamente apoderado pelo forcado
António Vasco, passou esta temporada a ser dirigido pelo conhecido taurino
Carlos Calado, que nos informa estar delineado um ambicioso projecto para 2012.
O toureiro está moralizado e
entusiasmado com este novo ciclo da carreira que abraçou com entusiasmo. Tem a
sua quadra de cavalos sediada em Bucelas, onde nasceu, na Quinta da Amorosa. E
há dois meses que divide o seu tempo e os seus treinos entre Bucelas e o
Ramalhal (Torres Vedras), onde monta e prepara os cavalos da coudelaria de
Vanessa Dias da Costa na Quinta da Queimada.
Foi aí que assistimos ontem a mais um
treino de David Oliveira com quatro cavalos desta coudelaria, o
"Belmonte", o "Ximango" (um lindíssimo Ortigão Costa
preto), o "Ribatejo da Broa" (ferro Veiga) e o "Atrevido".
Da sua quadra, tem como cavalos de
confiança o "Vintage", filho do "Quiebro" de Rui Fernandes,
o "Zaque" e o "Zagalote".
Mestre Núncio, José Mestre Batista e
Manuel Jorge de Oliveira, que nunca viu tourear, são algumas das suas
referências. João Moura, António Telles e Pablo Hermoso são, daqueles que já
viu actuar, os que elege como preferidos.
A "Palha Blanco", em Vila
Franca, é a praça onde já lhe aconteceu tudo: "Já ali triunfei e já ali
passei também um mau bocado, numa garraiada da sardinha assada, com um toiro
que, à saída, um senhor de idade me disse que tinha sido o pior toiro em 60
anos naquela praça...".
Chegar um dia ao Campo Pequeno é um dos
seus sonhos. "Estou a trabalhar para isso", diz com entusiasmo.
Fotos M. Alvarenga