Ricardo Relvas recordou ontem no seu
blog "el redondel taurino" os seus inícios como fotógrafo, quando
tinha apenas 17 anos e começou a aprender no estúdio de mestre Apollo a revelar
negativos a preto e branco. Com as comissões desses primeiros trabalhos de
laboratório comprou esta máquina Rolleiflex em segunda mão (foto) e
"assim iniciei a minha história como fotógrafo".
"Tinha que calcular a quantidade de
disparos que fazia, porque o rolo era de apenas doze negativos" - conta. E
põe o dedo na ferida:
"Os fotógrafos de toiros tinham que
ser aficionados taurinos, a fim de saber pensar tal como o toiro para poder
disparar antes do momento oportuno e assim poder fazer a foto artística que se
guarda para a eternidade. Que arte e que domínio tiveram Figueiredo, Botán,
Jesus, etc., etc. e aquele que felizmente ainda se encontra entre nós, o decano
Cañito, com 99 anos. Estes senhores eram autênticos maestros da fotografia.Os
seus momentos foram únicos".
E hoje...
"Hoje, com 4.000 ou 7.000 euros
qualquer um é 'fotógrafo', ou antes, uma peça mais da máquina fotográfica,
porque hoje, em vez de fazerem fotos, parece que estão filmando, tal as
'rajadas' de disparos que chegam a produzir dores de cabeça e mau estar,
chegando a fazer numa corrida 600 ou 800 fotos. Obviamente que têm que obter
umas quantas muito boas. Mas não são momentos seus, pessoais, como eram os dos
antigos, são apenas momentos que a objectiva captou no meio de tanto disparo. E
é neste ponto que reside a diferença entre o fotógrafo artista que tenta
adivinhar o momento e o oportunista, que hoje não é mais que uma peça mais da
máquina fotográfica...".
Foto D.R.