sábado, 29 de setembro de 2012

Novo artigo de André Cunha



Bravas emoções

André Cunha - Ser português é ombrear com o destino e com a saudade, tantas vezes sofrimento carregado pelo nosso triste Fado. Sentimentos e emoções todos têm, todos falamos sobre elas, mas nem sempre vivemos as situações por nós próprios. Quantas vezes somos iludidos pela teoria do "penso que...". Para aniquilar tal ideia devemos ser actores principais, viver na íntegra a experiência. Só depois se fala com bases solidificadas através da vivência.
Rumo ao ponto base deste conjunto de parágrafos, a relação que existe entre a Festa Brava e o role de sentimentos que em torno dela giram, nunca colocando de parte uma óptica pessoal, mas com certeza comum a grande percentagem dos aficionados.
Toiros, touradas e espectáculos tauromáquicos. Ir ou ficar pode ser dilema para muitos. Este pensamento só é de alguém que nunca assistiu ao vivo e a cores a uma corrida de toiros, ou de pessoa que não nutre assim tanto gosto pelo mundo dos toiros. Um aficionado opta sempre pelo "ir", tem vontade e prazer em ir.
Como podem opinar se gostam ou não se nunca experimentaram ou tiveram oportunidade de assistir in loco, desfrutar do ambiente e envolvência do espectáculo? Tomo-o como um julgamento falso! 
Adrenalina, risco e surpresa estão sempre lado-a-lado, são a força que nos move até aos eventos taurinos, rituais carregados de simbolismo e que fomentam um misto de emoções fortes, difícil de explicar a quem apenas acompanha no conforto do sofá. Não há alta definição ou 3D que substitua o cenário real, não há uma transmissão pura e leal da acção, quanto mais a total percepção das emoções que podem ser vividas.
Admirar em campo aberto a imponência e majestosidade do toiro bravo, um puro guerreiro que leva nos seus genes uma mensagem de bravura. O toureiro que atira lances de capote, crava bandarilhas e desenha faenas de muleta como se não tivesse corpo, liberto e à mercê dos pitons do oponente. Quiebros milimétricos por parte dos recortadores, que fazem suster a respiração. A classe dos cavalos, a determinação dos forcados. O efeito que gera o simples estalar do foguete, quando alguém faz levantar a porta da gaiola. O olhar soberbo e rasgado que espelha "fúria", o abrir da porta dos curros, o toque do cornetim que invade a mente e faz acelerar o coração. Pisar seus terrenos, chamá-lo de frente e de guarda-sol aberto, estar próximo do toiro. Carradas de encontrões, escapar no último segundo e valentes sustos, inocentes orgasmos são resultado do simples facto de estar perto da emoção. Porque tudo isto não se explica com facilidade. Sente-se!
O recado está dado, mesmo que para trás tenham ficado inúmeros apêndices. Querem saber o que se sente? Querem saber qual o ambiente que se vive? Trouxa às costas e siga para os Toiros.

Fotos Fernando Silveira e D.R./@André Cunha