Miguel Alvarenga - Para variar e, como
aliás eu esperava, a montanha pariu um rato. Não propriamente um rato. Apenas e
só... um ratinho. Amoroso e pequenino. Engraçado, quase como o Mickey.
Houve uma excitação geral e desenfreada
nos dias que antecederam a fantástica assembleia-geral - extraordinária, ainda
por cima... e extraordinária mesmo! - dos senhores empresários, esta tarde na
praça do Campo Pequeno.
Iam crucificar, expulsar, sei lá mais
quê, os Tendeiros. Só faltou mesmo anunciar que os iam atirar da janela do
Salão Nobre do Campo Pequeno para a rua, assim como naquele célebre 1º de
Dezembro atiraram com o pobre do Miguel de Vasconcellos, atirando nesse dia com
o próprio país pela janela...
Enfim... feitas as contas, ficou tudo
como dantes e ninguém levantou cabelo. Afinal, os Tendeiros não falsificaram
nenhum documento - como se suspeitava e alguns mesmo os acusavam. Afinal, os
Tendeiros voltaram a sair da reunião com o mesmo voto de confiança com que
tinham sido apoiados e defendidos na primeira assembleia-geral. Afinal, os
Tendeiros não são nenhuns aldrabões, nem falsificaram nada para obter a
confiança dos seus parceiros empresários. Infelizmente, ninguém tratou de
apurar quem tentou tramar os Tendeiros. Era importante que o fizessem, mas
pelos vistos ninguém o fez...
Os senhores empresários mantiveram o "veto" aos forcados - o que é outra estupidez crassa. Apesar da falta de senso
que em determinadas ocasiões norteou a atitude da Associação de Forcados,
apesar de existir um processo dessa mesma associação contra o
"Farpas" (sou insuspeito por isso), reconheço que a associação faz
falta e é precisa. Mais que isso: com todas as faltas de senso que têm
caracterizado a sua actuação, não nego que José Potier tem feito o papel que,
se calhar, mais ninguém era capaz de fazer. Admiro - porque sou igual - quem
luta pelos seus ideais sem olhar para trás. E ele, à sua maneira, luta. Mas
adiante...
Pergunto apenas: no tempo de empresários
como Manuel dos Santos, Américo Pena, Nuno Salvação Barreto, José Agostinho dos
Santos, Manuel Gonçalves, Rogério Amaro e tantos mais desse tempo, para já não
falar de José Guerra e de outros de antigamente, haveria lugar a parvoíces
destas?...
Na assembleia-geral (extraordinária,
ainda por cima!) de hoje, falou-se de coisas importantes? Falou-se da
necessidade de combater a crise, de montar cartéis inovadores, de levar público
às praças, de alcançar sucesso? Não, claro que não. Pelo contrário, discutiu-se
o sexo dos anjos, fez-se uma espécie de caça às bruxas, estiveram umas horitas
entretidos com coisas que não interessam a ninguém e a seguir foram jantar e
beber uns copos...
Valeu a pena? Sentiram-se importantes,
pensaram que estavam a fazer um Conselho de Ministros e a decidir coisas
cruciais para a Festa, acharam que eram os maiores do mundo e que sem eles nada
andava para a frente... e pronto, mais nada.
Vale a pena ter empresários taurinos
assim? A maior parte deles (salvo raras excepções) não teriam hoje qualquer
protagonismo se não fossem, efectivamente e tão só, simples... empresários taurinos. Ou fingissem
que o são. Assim, sentem-se bem, acham-se importantes, pensam que decidem e
presumem que pensam, que é ainda o mais grave. Julgam-se inteligentes e brincam
aos inteligentes...
No fim, a direcção da APET emitiu um
comunicado onde não diz nada. Mais valia estar caladinha.
Iam liquidar os Tendeiros e os Tendeiros
sairam reforçados. Iam fazer as pazes com os forcados e a estupidez do
"veto" permanece. Iam discutir e resolver coisas importantes e no fim
vieram a Lisboa beber uns copos...
Alguém pode levar a sério esta tropa
fandanga? Tirem-me deste filme!...
Foto D.R.
