segunda-feira, 13 de maio de 2013

Ontem em Salvaterra: a classe de Paulo Santos, a garra de Botero e o prémio de Marcelo Mendes

A classe e o temple de Paulo Jorge Santos:
momento alto da corrida de ontem em Salvaterra
Jacobo Botero galvanizou o público com uma actuação fantástica
Marcelo Mendes num grande momento com o cavalo "Único";
e, em baixo, com o prémio conquistado... sem a concordância do público...



Miguel Alvarenga - Corridas como a de ontem em Salvaterra de Magos (a IX Tourada do Tomate) com jovens cavaleiros da II Divisão (alguns deles prestes a dar o salto para a primeira), promissoras futuras Figuras (caso, sobretudo, do jovem colombiano Jacobo Botero - um "caso"!) acabam por suscitar maior expectativa e superior interesse aos aficionados, fartos que andamos todos de elencos que são sempre "mais do mesmo", com os mesmos nomes, os mesmos toureiros, etc. e tal... E a prova disso está na forte presença de público ontem nas bancadas da praça ribatejana (mais de meia casa), que respondeu dizendo "presente" ao apelo dos dinâmicos empresários Vasco Dotti e Ricardo Levesinho.
Um cavaleiro já quase veterano (António Maria Brito Paes), quatro a ponto de despontarem (Paulo Jorge Santos, Tiago Carreiras, Marcelo Mendes e Tomás Pinto) e um jovem que começa seriamente a dar que falar (o colombiano Jacobo Botero, pupilo de Rui Fernandes) compunham um bem rematado elenco - "fora do normal" a que estamos habituados. Sempre os mesmos já enjoa. Ontem, em Salvaterra, houve sangue novo, variedade de estilos, interpretações distintas da arte de tourear a cavalo - em suma, toureiros para todos os gostos.
No final havia troféus e o que contemplou a melhor lide coube a Marcelo Mendes - sem a concordância do conclave, que "premiou" a escolha do júri com um ruidoso protesto. Não que Marcelo tivesse estado mal, mas a escolha popular recaía sobretudo na grande faena de Paulo Jorge Santos e na lide desembaraçada e com momentos de muita emoção com que Jacobo Botero fechou a corrida, galvanizando o público e demonstrando, sem mais lugar a dúvidas, que vai mesmo ser um "caso" - e um caso bem sério. Ponham-se "a pau" com ele!...
Muitíssimo bem montado, fazendo alarde de excelente equitação, dando mesmo azo a que nos questionemos por que razão não está colocado em grandes cartéis e nas maiores competições, Paulo Jorge Santos só não foi uma "surpresa" por que já lhe reconhecemos os méritos e a classe do seu bom toureiro (com inspiração Mendozista) há longo tempo, mas foi, disso não tenho dúvidas, um triunfador pleno da corrida de ontem em Salvaterra. Tudo o que fez, fez bem, impondo verdade e emoção às sortes, temple e gosto na brega e nos remates. Saber, também. Merece mais. Muito mais.
Marcelo Mendes protagonizou uma actuação notável, de "menos a mais", terminando em grande com o seu já célebre cavalo "Único", único mesmo, destacando-se e recriando-se nos remates das sortes com a agilidade que o faz diferente e torna aliciante o binómio cavalo-toiro num extraordinário "bailado de arte" e de bom gosto.
Tiago Carreiras não utilizou ontem o seu famoso cavalo "Quirino", demonstrando que está de novo em excelente forma e que pode ainda chegar a tempo de "apanhar o comboio" sem ter que se valer, como noutros tempos, do "craque" da sua quadra. Esteve decidido e valente e voltou a subir os degraus que tinha descido.
Também Tomás Pinto está de novo "na guerra", moralizado e montado para recuperar o tempo perdido, depois de no ano passado ter toureado muito menos para se dedicar ao seu curso universitário (médico dentista). Voltou em pleno e mostrou ontem em Salvaterra que vamos poder contar de novo com a sua arte e a sua garra.
A corrida terminou com uma actuação verdadeiramente empolgante do jovem colombiano Jacobo Botero e o que atrás escrevi dele já disse tudo - o menino que um dia se apaixonou pelo toureio a cavalo vendo Rui Fernandes actuar no seu país (Colômbia) e aqui se radicou (na Charneca da Caparica, em casa do referido ginete) para aprender a arte, é hoje uma Figura em potência e vai dar muito que falar nos próximos tempos, acreditem. Botero nasceu toureiro, aprendeu, cresceu e vai chegar longe. Sente-se maturidade, segurança, tranquilidade e uma raça desmedida em tudo o que faz e como o faz. Nasceu uma estrela pela mão dedicada e solidária de Rui Fernandes - a quem também é preciso aplaudir e reconhecer pelo que se empenhou em ajudar e "formatar" este jovem sonhador.
Sairam à praça seis bonitos e sérios toiros da ganadaria Ortigão Costa, de excelente jogo e entrega, que proporcionaram e contribuiram para o bom desempenho dos cavaleiros, mas dificultaram a vida aos forcados. Destoou apenas o primeiro, mais reservado, com o qual não pôde brilhar António Maria Brito Paes - que não esteve bem, nem mal. Procurou o triunfo, mas acabou por não o encontrar, apesar do seu esforço e do seu empenho.
A corrida de ontem em Salvaterra foi muito bem dirigida por Rogério Jóia, que impôs ritmo e alegria, concedendo música e incentivando os jovens toureiros. Na forcadagem, destacou-se o grupo da terra em tarde azarada para a rapaziada do Aposento da Chamusca.
No início foi guardado um minuto de silêncio em memória, entre outros, do saudoso provedor da Misericórdia de Salvaterra, do antigo cabo dos forcados locais António Lapa, de Dª Maria de Fátima Brito Paes, do forcado José M. Teles (Amadores de Vila Franca) e de Hélder Sobral Mendonça, fundador do programa "Sol e Toiros".
Já a seguir: todas as fotos de Emílio de Jesus. A não perder!

Fotos Emílio de Jesus/fotojornalistaemilio@gmail.com