A classe e o temple de Paulo Jorge Santos: momento alto da corrida de ontem em Salvaterra |
Jacobo Botero galvanizou o público com uma actuação fantástica |
Marcelo Mendes num grande momento com o cavalo "Único"; e, em baixo, com o prémio conquistado... sem a concordância do público... |
Miguel Alvarenga - Corridas como a de
ontem em Salvaterra de Magos (a IX Tourada do Tomate) com jovens cavaleiros da
II Divisão (alguns deles prestes a dar o salto para a primeira), promissoras
futuras Figuras (caso, sobretudo, do jovem colombiano Jacobo Botero - um
"caso"!) acabam por suscitar maior expectativa e superior interesse
aos aficionados, fartos que andamos todos de elencos que são sempre "mais
do mesmo", com os mesmos nomes, os mesmos toureiros, etc. e tal... E a
prova disso está na forte presença de público ontem nas bancadas da praça
ribatejana (mais de meia casa), que respondeu dizendo "presente" ao
apelo dos dinâmicos empresários Vasco Dotti e Ricardo Levesinho.
Um cavaleiro já quase veterano (António
Maria Brito Paes), quatro a ponto de despontarem (Paulo Jorge Santos, Tiago
Carreiras, Marcelo Mendes e Tomás Pinto) e um jovem que começa seriamente a dar
que falar (o colombiano Jacobo Botero, pupilo de Rui Fernandes) compunham um
bem rematado elenco - "fora do normal" a que estamos habituados.
Sempre os mesmos já enjoa. Ontem, em Salvaterra, houve sangue novo, variedade
de estilos, interpretações distintas da arte de tourear a cavalo - em suma,
toureiros para todos os gostos.
No final havia troféus e o que
contemplou a melhor lide coube a Marcelo Mendes - sem a concordância do
conclave, que "premiou" a escolha do júri com um ruidoso protesto.
Não que Marcelo tivesse estado mal, mas a escolha popular recaía sobretudo na
grande faena de Paulo Jorge Santos e na lide desembaraçada e com momentos de
muita emoção com que Jacobo Botero fechou a corrida, galvanizando o público e
demonstrando, sem mais lugar a dúvidas, que vai mesmo ser um "caso" -
e um caso bem sério. Ponham-se "a pau" com ele!...
Muitíssimo bem montado, fazendo alarde
de excelente equitação, dando mesmo azo a que nos questionemos por que razão
não está colocado em grandes cartéis e nas maiores competições, Paulo Jorge
Santos só não foi uma "surpresa" por que já lhe reconhecemos os
méritos e a classe do seu bom toureiro (com inspiração Mendozista) há longo tempo, mas foi, disso não tenho dúvidas, um triunfador pleno
da corrida de ontem em Salvaterra. Tudo o que fez, fez bem, impondo verdade e
emoção às sortes, temple e gosto na brega e nos remates. Saber, também. Merece
mais. Muito mais.
Marcelo Mendes protagonizou uma actuação
notável, de "menos a mais", terminando em grande com o seu já célebre
cavalo "Único", único mesmo, destacando-se e recriando-se nos remates
das sortes com a agilidade que o faz diferente e torna aliciante o binómio
cavalo-toiro num extraordinário "bailado de arte" e de bom gosto.
Tiago Carreiras não utilizou ontem o seu
famoso cavalo "Quirino", demonstrando que está de novo em excelente
forma e que pode ainda chegar a tempo de "apanhar o comboio" sem ter
que se valer, como noutros tempos, do "craque" da sua quadra. Esteve decidido e valente e
voltou a subir os degraus que tinha descido.
Também Tomás Pinto está de novo "na
guerra", moralizado e montado para recuperar o tempo perdido, depois de no
ano passado ter toureado muito menos para se dedicar ao seu curso universitário
(médico dentista). Voltou em pleno e mostrou ontem em Salvaterra que vamos
poder contar de novo com a sua arte e a sua garra.
A corrida terminou com uma actuação
verdadeiramente empolgante do jovem colombiano Jacobo Botero e o que atrás
escrevi dele já disse tudo - o menino que um dia se apaixonou pelo toureio a
cavalo vendo Rui Fernandes actuar no seu país (Colômbia) e aqui se radicou (na
Charneca da Caparica, em casa do referido ginete) para aprender a arte, é hoje
uma Figura em potência e vai dar muito que falar nos próximos tempos,
acreditem. Botero nasceu toureiro, aprendeu, cresceu e vai chegar longe.
Sente-se maturidade, segurança, tranquilidade e uma raça desmedida em tudo o
que faz e como o faz. Nasceu uma estrela pela mão dedicada e solidária de Rui
Fernandes - a quem também é preciso aplaudir e reconhecer pelo que se empenhou
em ajudar e "formatar" este jovem sonhador.
Sairam à praça seis bonitos e sérios
toiros da ganadaria Ortigão Costa, de excelente jogo e entrega, que
proporcionaram e contribuiram para o bom desempenho dos cavaleiros, mas
dificultaram a vida aos forcados. Destoou apenas o primeiro, mais reservado,
com o qual não pôde brilhar António Maria Brito Paes - que não esteve bem, nem
mal. Procurou o triunfo, mas acabou por não o encontrar, apesar do seu esforço
e do seu empenho.
A corrida de ontem em Salvaterra foi
muito bem dirigida por Rogério Jóia, que impôs ritmo e alegria, concedendo
música e incentivando os jovens toureiros. Na forcadagem, destacou-se o grupo
da terra em tarde azarada para a rapaziada do Aposento da Chamusca.
No início foi guardado um minuto de silêncio em memória, entre outros, do saudoso provedor da Misericórdia de Salvaterra, do antigo cabo dos forcados locais António Lapa, de Dª Maria de Fátima Brito Paes, do forcado José M. Teles (Amadores de Vila Franca) e de Hélder Sobral Mendonça, fundador do programa "Sol e Toiros".
No início foi guardado um minuto de silêncio em memória, entre outros, do saudoso provedor da Misericórdia de Salvaterra, do antigo cabo dos forcados locais António Lapa, de Dª Maria de Fátima Brito Paes, do forcado José M. Teles (Amadores de Vila Franca) e de Hélder Sobral Mendonça, fundador do programa "Sol e Toiros".
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Fotos Emílio de
Jesus/fotojornalistaemilio@gmail.com