sexta-feira, 4 de julho de 2014

Campo Pequeno, ontem: a noite grande dos Forcados!

A primeira grande pega de uma noite de glória para a forcadagem. Executada
à primeira tentativa por João Tavares, dos Amadores de Montemor
Pedro Gil (Amadores de Lisboa) na segunda pega da noite, com excelente
intervenção do primeiro-ajuda. Pega executada à primeira
Brilhante a terceira pega da noite, vencedora do troféu em disputa, por intermédio
do grande forcado João Romão Tavares (Montemor)
Um por todos, todos por um. A 4ª pega foi executada por Daniel Batalha (Lisboa)
 à segunda tentativa, depois de ter sido colhido na primeira (foto de cima)
O impressionante derrote sofrido por Frederico Caldeira, quando foi emendar
Francisco Borges. Acabou por fechar-se à segunda intervenção no 5º toiro da noite,
último dos Amadores de Montemor
O veterano Manuel Guerreiro (Lisboa), autor da 6ª pega, num momento de
concentração, antes de saltar à arena

Miguel Alvarenga - Para grandes toiros, grandes Forcados! E foi assim ontem à noite no Campo Pequeno, com as triunfais actuações dos Amadores de Montemor e dos Amadores de Lisboa, exactamente os mesmos grupos que há 51 anos executaram as pegas, também a toiros de Joaquim Grave, na primeira edição da Corrida da RTP.
Os dois grupos deram ontem uma lição enorme da nobre arte de pegar toiros - e por isso há que distinguir e louvar todos os elementos que estiveram em praça, sem excepção. Os Graves pediam, como disse anteriormente, forcados de barba rija. E eles, ontem, estavam lá. Dois grandes grupos.
Há que destacar a coesão de todos os forcados de ambos os grupos e a decisão - mais a força, o saber e a experiência - com que ajudaram os forcados da cara. Houve espírito de solidariedade e de união, um por todos, todos por um, mas houve, acima de tudo, a imagem de culto do bom forcado patente em todas as seis intervenções. Não houve vencidos, nem vencedores. Havia, como todos os anos há nesta corrida, um prémio em disputa para a melhor pega. Um júri, onde o elemento mais credenciado era, sem dúvida, o antigo cabo dos Amadores do Aposento da Moita, João Simões, júri de duvidosa cedibilidade e onde até estava a Tia Cinha Jardim (apupada quando anunciaram o seu nome...) - há que ter um pouco mais de cuidado quando se forma um grupo de jurados numa corrida com esta importância... - decidiu entregar o prémio a João Romão Tavares, do grupo de Montemor. E o prémio da melhor lide (o júri era o mesmo) a António Telles. Por acaso, não houve contestação e os troféus foram bem atribuídos, mas podia ter havido bronca...
Vamos às pegas!
Foram pegas duras, rijas, de uma enorme emoção, algumas quase "impossíveis", a reafirmar a grandeza destes dois grupos e o fantástico momento dos seus elementos, bem como a eficiência e o saber das respectivas chefias, a cargo dois jovens filhos de antigos cabos, António Vacas de Carvalho e Pedro Maria Gomes.
Por Montemor, pegaram João Tavares (enorme, à primeira), João Romão Tavares (na pega premiada, com a decisão e a técnica a que nos habituou) e Frederico Caldeira, valentão até dizer chega, a emendar, à segunda, o lesionado Francisco Borges, violentamente colhido. Caldeira sofreu um derrote brutal na primeira entrada, idêntico ao que deixara Borges inanimado na arena. Na segunda tentativa, com as ajudas carregadas, mas mesmo assim a aguentar barbaridades, esteve muito bem. Recusou dar a volta com o cavaleiro Vitor Ribeiro, num gesto de dignidade - mas merecia dá-la.
Por Lisboa, foram caras Pedro Gil (numa grande pega à primeira), Daniel Batalha (ao segundo intento, depois de ter sido derrotado com violência, fechando-se muito bem e com excelentes ajudas na segunda intervenção) e o veterano Manuel Guerreiro, numa pega fora do normal, magistral, que também merecia o prémio, havendo a destacar a grande ajuda de João Pedro Mota Ferreira, que muito justamente foi depois chamado à praça e aclamado.
Noite de glória para a forcadagem!

Já a seguir: não perca as fotos de todas as pegas, uma a uma, numa notável fotoreportagem de Maria João Mil-Homens!

Fotos M. Alvarenga