Miguel Alvarenga - Mais degradante e mais consternante que a tourada que ontem à noite abriu a Feira da Moita, santa paciência dos poucos que lá estiveram (talvez, cem, talvez duzentos, já vi treinos à porta fechada com mais gente a assistis...), só mesmo as tristes imagens dos jornalistas a serem degolados pelos islamitas lá longe, no Médio Oriente. Esqueçam lá isso da apregoada aficion moitense ao toureio a pé, que é mentira. Ninguém foi à praça ver o matador que regressava, os toiros não prestaram para nada, o momento mais emotivo da noite foi a grande primeira ajuda que o cabo Amorim Ribeiro Lopes deu ao seu forcado que pegou o quarto toiro da noite depois de quatro tentativas frustradas e com um resultado dramático de dois pegadores na enfermaria. O resto... foi uma seca das antigas. Começou às dez, terminou pouco faltava para a uma da manhã, tira burladero, põe burladero, entra toiro, não entra toiro, irra, que ninguém merece uma coisa assim. Chuva pelo meio, mais gente na trincheira que nas bancadas, o Duarte Pinto, educadíssimo, a pôr ferros e a dizer "obrigado!" à malta, o "Parrita" cheio de vontade, o João Augusto Moura a dar umas pinceladas de arte, um ambiente desolador de praça completamente vazia, ninguém a ver, enfim, mas também alguém esperava outra coisa? Estúpido fui eu em ir à Moita ver aquilo, mas não tenho emenda, nem eu, nem a Ana, ainda para mais o Fábio Machado e o João Augusto Moura tiveram a simpatia de colocar os seus capotes de passeio à nossa frente, na barreira, e assim, por um questão de educação, tivemos que ver até ao fim, parecia mal ir embora a meio e deixar ali os capotes. Quando uma empresa monta um elenco daqueles, espera o quê? Que as pessoas vão comprar bilhete para ver? Uma desgraça autêntica. Em muitos anos de touradas, nunca vi coisa mais degradante... só mesmo as imagens dos jornalistas degolados pelos islamitas, credo, cruzes, canhoto! Ainda estou ressacado, nem me apetece ver touradas tão cedo, mais vale ir ao cinema, chiça!
Foto D.R.