segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Toiros, toureiros e forcados triunfam em noite séria em Évora!

Eram para homens de barba rija os toiros de Castro em Évora: o que reforçou
e destacou o triunfo de uma Senhora, Sónia Matias!
Aplaudida volta à arena do ganadeiro Fernandes de Castro com Luis Rouxinol e o
forcado Ricardo Sousa, dos Amadores de Évora
A corrida de Évora contou com a brilhante intervenção dos campinos a cavalo na
recolha de todos os toiros
Momento marcante: Miguel Moura brindou a sua lide ao conhecido agricultor
eborense João Pinto, de que se diz poder ser o seu novo apoderado...
Miguel Alvarenga - A corrida de sexta-feira em Évora ficou marcada pela seriedade dos toiros da ganadaria Fernandes de Castro e também pelo seu excelente comportamento, que motivou mesmo a volta à arena do ganadeiro após a lide do terceiro que, por sinal, até foi um toiro complicado e não o melhor dos seis. Vínhamos de uma "tourada a brincar" na véspera em Lisboa e isso terá acentuado ainda mais a importância do êxito dos seis cavaleiros e dos dois grupos de forcados nesta nocturna de Évora frente a toiros de Verdade, daqueles que criam emoção, suscitam suspiros nas bancadas e páram corações em todas as sortes. Quando há risco na arena, há sucesso no espectáculo. E foi isso que aconteceu - e era importante que acontecesse - na sexta em Évora, por obra e graça da seriedade da empresa "Toiros & Tauromaquia" de António Manuel Cardoso "Nené" - que, diga-se em abono da verdade, apostou sempre no toiro-toiro nas suas praças e jamais vendeu gato por lebre ao aficionado pagante.
Os seis Castros eram toiros para homens de barba rija e há que destacar que entre os seis cavaleiros estava uma Senhora e é por ela que começo: Sónia Matias, que se bateu de igual para igual com os companheiros, como sempre o faz, com a valentia e a raça que a destacam, há já muitos anos, como um caso sério na Tauromaquia nacional. Sónia arriscou, pisou terrenos de alto compromisso e protagonizou uma lide empolgante. O público entregou-se e o triunfo foi reconhecido não apenas com música, mas numa aplaudida volta à arena.
Os veteranos estavam em maioria em Évora, o que, aliás, parece ser notório nos últimos cartazes da temporada onde figuram os "antigos" em detrimento dos novos - o que pode significar algum desânimo por parte dos empresários em relação ao futuro ou, pelo menos, à escassa força de bilheteira da juventude, mas também à falta de uma verdadeira Figura entre os mais novos.
Em Évora e, repito, com toiros de Verdade, foi bem patente a grande forma dos consagrados Joaquim Bastinhas, Rui Salvador e Luis Rouxinol. Cada qual no seu estilo, vimos um Bastinhas empenhado e esforçado, a ir com a sempre aplaudida entrega à cara do toiro e a manter inalterável a popularidade e o carinho com que o público sempre o recebe; um Salvador em noite de enorme inspiração, a protagonizar uma lide de imenso valor com os sempre esperados "ferros impossíveis", parecia ele um jovem em busca do triunfo, que foi fortíssimo e aplaudido; e um Rouxinol igual a si próprio, enorme, a assustar, com ferros de muita emoção, arriscando mesmo o par, feito valente, que resultou espectacular, num toiro complicado e que não facilitava.
A nova vaga esteve muitíssimo bem representada por Tomás Pinto e Miguel Moura, que não deixaram os seus créditos, nem o seu valor, por "veteranos alheios"...
Tomás surgiu este ano com uma vontade e uma credibilidade reforçadas e a triunfar em todas as praças, pena que não toureie mais e que as empresas grandes não ponham os olhos na importância que é promover e dar andamento a toureiros como ele. Esteve brilhante em Évora.
Miguel Moura é também um caso de uma primeira figura em potência. Pode com todos os toiros, tem um "gancho" (empatia) enorme com o público, toureia com verdade e põe a carne no assador. Empolgou com ferros de fazer saltar as pessoas das cadeiras.
Frente a grandes toiros, houve grandes Forcados. Grandes pegas e dois grupos coesos e valentes a ajudar verdadeiramente bem: Évora e S. Manços. Pegaram pelos da casa os forcados Francisco Oliveira (à primeira), Ricardo Sousa (à primeira) e João Madeira (à terceira). Pelos de S. Manços foram caras Manuel Vieira (à primeira), Pedro Galhardo (à quarta) e João Fortunado (à terceira).
A corrida foi bem dirigida por João Cantinho, assessorado pela médica veterinária Ana Gomes, sendo cornetim (sempre muito ovacionado) o decano José Henriques. Ao intervalo, todos os intervenientes foram presenteados na arena com um livro oferecido pela Associação de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental/Évora, a favor da qual reverteu parte da receita do espectáculo.

Fotos Emílio de Jesus/fotojornalistaemilio@gmail.com