segunda-feira, 13 de abril de 2015

Regresso (emotivo) à Herdade do Pedrogão

Sábado, o meu regresso, quase vinte anos depois, à Herdade do Pedrogão, com
o ganadeiro e meu Amigo António Francisco da Veiga Teixeira. Na foto de baixo,
com a Ana e o simpático casal anfitrião, António e Cristina

Miguel Alvarenga - Em 1976, quando pela primeira vez toureei (a pé) no Campo Pequeno (esgotado) na primeira garraiada do CDS, nunca mais me esqueço, vesti um fato curto que pertencera ao saudoso ganadeiro António José Teixeira, que um dia o oferecera ao meu tio Carlos (irmão de minha Mãe e meu padrinho). Eram amigos, não sei de onde, mas eram amigos há longos anos. Essa grata recordação mantive-a e mantenho-a ao longo dos anos e relatei-a ao próprio António José Teixeira, que achou imensa piada, há uns bons anos (quase vinte), da última vez que estive na Herdade do Pedrogão, quando ali foi feira, com a presença de D. Duarte e D. Isabel de Bragança, a apresentação da célebre corrida organizada por Luis Peças no Campo Pequeno, a favor da Associação de Trissomia 21.
Voltei este sábado à Herdade do Pedrogão, para assistir à apresentação da grande corrida que dia 1 de Maio se realiza em Montemor-o-Novo e onde os toiros são da ganadaria Veiga Teixeira, agora dirigida pelo meu Amigo (de tantos anos) António Francisco, o anfitrião deste evento. Senti de novo todas essas emoções que fazem parte do meu passado. Relembrei um ganadeiro à antiga, de que tenho saudade,s e cujo filho tão bem soube seguir os exemplos, relembrei António José da Veiga Teixeira, um Pai-Coragem a quem a "revolução" roubou um filho, o irmão do António, assassinado por comunistas um dia em Coruche, quando se pôs à frente do Pai e evitou que o matassem. morrendo ele. Uma das muitas históricas trágicas de Abril, que a memória não apaga e o tempo não deixa esquecer.
Gostei de ouvir o António Francisco lembrar que os seus toiros "às vezes, causam pesadelos aos toureiros", congratulando-se pelo facto de três jovens cavaleiros - Moura, Telles e Salgueirinho - terem aceite o desafio de os lidar no próximo dia 1 de Maio em Montemor, num confronto de toureiros de dinastia que, acredito, vai marcar este início de temporada. Os toiros de Veiga Teixeira são, de facto, Toiros de Verdade, toiros que pedem toureiros de raça e de luta - como estes três.
Vai ser uma grande corrida e Montemor, não duvido, vai ser outra vez praça cheia. Aplauda-se o empenho e o esforço com que quatro jovens forcados montemorenses organizaram e estão a promover esta corrida: João Braga, João Caldeira, João Cabral e Federico Caldeira apostaram na diferença e primaram pela seriedade. O confronto, também, entre os dois grandes grupos de forcados nacionais, Santarém e Montemor, que nessa tarde vão disputar o regressado troféu "Barra d'Ouro", é outro dos grandes atractivos desta corrida.
Aplauda-se ainda a atitude dos ganadeiros - António Francisco da Veiga Teixeira e Cristina de Melo Ribeiro Teixeira - que abriram de par em par as portas do seu monte para realizar a primeira grande acção de promoção desta corrida. Sábado, vivemos na Herdade do Pedrogão, santuário de outros tempos, templo de seriedade da ganadaria Veiga Teixeira, uma agradável manhã, à maneira antiga.

Fotos Emílio de Jesus/fotojornalistaemilio@gmail.com