segunda-feira, 8 de junho de 2015

Santarém, sábado: as 6 magníficas pegas do centenário do GFA de Santarém

A antiguidade é um posto e quem é Rei jamais perde a Majestade. Quatro forcados
retirados - o antigo cabo Gonçalo da Cunha Ferreira, Manuel Murteira, Gonçalo
Veloso e Tó Gama - emocionaram no sábado o público que assistiu em Santarém
à histórica corrida comemorativa do centenário do glorioso Grupo de Forcados
Amadores de Santarém
. Dos forcados actuais, pegaram o cabo Diogo Sepúlveda
e António Grave de Jesus. A rabejar, destacaram-se também os antigos cabos
Carlos Grave e Carlos Empis e António Cachado. Em todas as pegas intervieram
actuais e antigos forcados. Nas cortesias, estavam na arena mais de cem!
Foi uma festa única e que marca para sempre esta temporada de 2015

1ª pega (Diogo Sepúlveda)
O cabo Diogo Sepúlveda abriu a tarde comemorativa do centenário do grupo
executando um pegão, como sempre, à primeira tentativa, onde voltou a evidenciar
os seus dotes de grande e respeitado forcado, um dos melhores da actualidade.
Deu volta com João Moura e no final ainda recebeu especial ovação

2ª pega (Gonçalo da Cunha Ferreira)
Primeira surpresa da tarde: para pegar o segundo toiro, saltou à arena o antigo
cabo Gonçalo da Cunha Ferreira, depois de um emotivo brinde a Francisco
Seabra (primeira foto, em cima), pai do antigo forcado do mesmo nome
falecido recentemente numa prova hípica em Espanha. "Pelo Francisco e por todos
os que estão lá em cima a ajudar-nos"
- foram as palavras de Gonçalo. Depois,
citou com a raça de outros tempos, recuou com "toreria" e fechou-se com braços
de ferro, não mais saindo da cara do toiro. A praça explodiu em ovações e
Cunha Ferreira deu lenta e aplaudida volta à arena com Joaquim Bastinhas. A
rabejar, esteve o consagrado Romão Tavares

3ª pega (António Grave de Jesus)
O valente e consagrado António Grave de Jesus teve a tarefa mais dura ao tentar
pegar o terceiro toiro da tarde, um manso que mal saíu das tábuas e quase
nunca se cansou, chegando ao forcado praticamente "inteiro". Grave de Jesus
esteve portentoso na primeira tentativa, mas sofreu violentíssimo derrote e saíu,
repetindo-se a cena em mais duas tentativas. À quarta, com as ajudas carregadas,
a pega foi finalmente consumada. Não deu volta à arena.

4ª pega (Manuel Murteira)
O forcado retirado Manuel Murteira foi o autor da quarta pega da tarde, consumada
ao segundo intento, depois de ter aguentado tudo e mais alguma coisa na primeira
tentativa. Outro momento de grande emoção, a recordar tardes de glória de outros
tempos. A arte com que citou, a valentia e decisão com que se fechou - foram
enormes. A rabejar esteve António Cachado, outro dos grandes de outrora.
Murteira deu aplaudida volta à arena com o primeiro-ajuda M. Cabral e Rui Salvador

5ª pega (Gonçalo Veloso)
Outro forcado retirado a brilhar (e de que maneira!) no quinto Grave da tarde: foi
para a cara Gonçalo Veloso, que agora é bandarilheiro da equipa de Bastinhas.
Garboso no cite, enorme na cara do toiro, fechando-se à primeira de braços e
pernas. Um verdadeiro compêndio de como se pega um toiro. No final, Veloso e o
primeiro-ajuda Nelson Ramalho deram aplaudida volta  com o cavaleiro
Luis Rouxinol

6ª pega (António Gama)
Fez-se silêncio na praça e viveu-se um motivo particularmente emotivo com o
regresso às arenas do enorme forcado António (Tó) Gama, histórica referência
dos anos 90. Brindou aos céu e, com o grupo e o público a torcer por ele, foi o
portento de sempre a citar, a recuar e a fechar-se com técnica e valentia, à primeira,
aguentando derrotes e derrotes quando o toiro se desviou da rota, sem nunca
sair. Um hino à arte de pegar toiros. Rabejou o antigo cabo Carlos Empis, como
nos tempos antigos e no final os dois deram a volta com Vitor Ribeiro

Fotos Emílio de Jesus e Maria João Mil-Homens