A última rija e garbosa pega de José Pedro Pires da Costa ao primeiro toiro da corrida ontem na Moita. O nosso olé na hora da despedida! |
José Maria Bettencourt sagrou-se ontem um forcado de alma e de corpo inteiro assumindo o comando do consagrado grupo do Aposento da Moita com uma pega que vai ficar na História. Executou-a com uma galhardia e uma valentia, também uma apurada técnica que são apanágios só mesmo dos grandes. Pegou o segundo e complicadíssimo (como todos, aliás) toiro da ganadaria de Sommer d'Andrade à quarta tentativa, sem nunca se dar por vencido ou alguma vez virar a cara.
A pega contou com uma ajuda extraordinária do bandarilheiro Gonçalo Veloso (da quadrilha de Marcos Bastinhas), antigo e valoroso forcado dos Amadores de Santarém, que sofreu violenta colhida e ainda veio à arena, a convite de Bettencourt, agradecer os merecidos aplausos do público, mas depois teve uma perda de memória e foi conduzido ao hospital, onde lhe diagnosticaram um forte traumatismo craniano. O seu estado, segundo apurámos, é agora "estável", dentro da gravidade.
A primeira pega foi executada à primeira por José Pedro Pires da Costa, que se despediu das arenas e passou o testemunho no comando do grupo a José Maria Bettencourt. Foram ainda caras os forcados João Rodrigues (à terceira), Nuno Inácio (à segunda), Ruben Serafim e Leonardo Mathias (ambos à primeira). José Maria Ferreira também se lesionou quando dava ajudas na terceira pega e foi assistido no Hospital Garcia de Orta, em Almada.
Com cerca de meia casa, a corrida de ontem na praça moitense "Daniel do Nascimento" ficou marcada pela dureza dos toiros de José Luis Vasconcellos de Souza d'Andrade (toiros à antiga, daqueles que não dão facilidade, pedem contas e aos poucos vão conseguindo devolver a verdadeira essência, o risco e a emoção, à nossa Festa), com os quais poucos triunfos se alcançaram. O cavaleiro António d'Almeida foi autor dos dois melhores ferros da corrida. Luis Rouxinol, Sónia Matias, Filipe Gonçalves, Marcos Bastinhas e a praticante Mara Pimenta protagonizaram valorosas actuações, mas sem o brilhantismo que os toiros não permitiram. Dirigiu bem a corrida Pedro Reinhardt.
Fotos Emílio de Jesus/fotojornalistaemilio@gmail.com