quinta-feira, 17 de novembro de 2016

A intervenção do Dr. Paulo Pereira ontem no jantar da Tertúlia "A Mexicana"

A Drª Paula Mattamouros Resende no uso da palavra, ontem, com Rui Bento,
na mesa de honra do jantar de homenagem à dupla de sucesso que tem
gerido o Campo Pequeno
Um aspecto da sala, ontem, completamente esgotada. Em baixo, o Dr. Paulo
Pereira no uso da palavra

Publicamos na íntegra o texto da intervenção do Dr. Paulo Pereira, Relações Públicas da empresa do Campo Pequeno, ontem no jantar de homenagem à mesma promovido pela Tertúlia Tauromáquica "A Mexicana" no restaurante da conhecida pastelaria lisboeta., apresentando as duas figuras que tão bem têm gerido a primeira praça do país:

Senhor Presidente da Tertúlia Tauromáquica "A Mexicana", Senhor Joaquim Tapadas
Senhora Dr.ª Paula Resende
Senhor Rui Bento
Senhores Convidados
Caros amigos

Antes de mais quero agradecer ao meu Director Rui Bento e à minha Administradora, Dr.ª Paula Resende, o convite para os apresentar aos sócios e convidados da Tertúlia Tauromáquica "A Mexicana".
Muito obrigado pela prova de estima com que me distinguem.
Não vou falar da carreira do Matador de Toiros Rui Bento Vasquez. Essa é, pública e credora do maior respeito de todos nós, aficionados.
Falarei sim de uma sua faceta menos conhecida: A de Gestor, como Director de Actividades Tauromáquicas do Campo Pequeno, lugar que ocupa com o maior mérito e para o qual foi indigitado pela experiência e resultados obtidos em Espanha, ao trabalhar com a mais importante casa de gestão de assuntos taurinos, a Casa Chopera, e como Apoderado.
Comecemos por esta última: Apoderado. Apoderado-Revelação, distinguido pela revista espanhola 6Toros6 em 2003, fruto da sua esclarecida actividade neste complexo ramo do negócio taurino. Teve o mérito de relançar toureiros; teve a visão de descobrir talentos. Hoje apodera figuras do toureio. Mais do que apoderado, um amigo e um gestor de carreiras.
Director de Actividades Tauromáquicas… Lugar difícil de desempenhar, mas que ele tem exercido com inexcedível competência, fruto do seu bom senso e do saber de experiência feito.
Mas, por detrás do gestor está o homem.
Frontal. Amigo do seu amigo;
Exigente, em primeiro, lugar consigo próprio;
Apaixonado pelo que faz;
Capaz de se zangar e nunca guardar o mínimo rancor;
Possuidor de uma intuição inata, que foi desenvolvendo ao longo da vida e que lhe permite, não só antecipar coisas como fazer acontecer coisas;
Grato a quem o ajuda;
Coerente mas suas decisões e atitudes;
Entende uma negociação como uma situação onde não haja perdedores, antes sim, dois vencedores;
Este é, em breves palavras, o perfil de homem e de gestor que tornou possível ao Campo Pequeno ser, hoje em dia, uma praça de toiros das mais respeitadas do mundo e onde as grandes figuras do toureio anseiam por vir actuar.

Quanto à Drª. Paula Resende:
Conhecemo-nos em meados de Fevereiro de 2014, creio que a 17 ou 18, não me lembro bem, numa situação um pouco bizarra. A Dr.ª Paula acabava de materializar, por via da ocupação do espaço, a sua posse como Administradora de Insolvência da Sociedade de Renovação Urbana do Campo Pequeno, SA. Chegou ao Campo Pequeno, numa tarde cinzenta de Inverno e, naturalmente, tocou à campainha. Eu estava de passagem pelo átrio do primeiro piso de escritórios e, vendo uma senhora do outro lado do vidro, (nunca se faz esperar uma senhora), abri-lhe naturalmente a porta, perguntei-lhe quem procurava, e disponibilizei-me para a ajudar.
Com grande determinação, disse-me quem era e aquilo que seria, a partir desse momento, a sua missão no Campo Pequeno. Surpresa e, à partida, nada agradável, diga-se…
A qualquer momento iriamos ser confrontados com a notícia de uma insolvência, o que, naturalmente nos deixaria, a todos quantos desde 2006 e mesmo antes, no período de obra, vimos dando o nosso melhor esforço em prol do projecto Campo Pequeno, extremamente preocupados.
A primeira ideia que se tem do Administrador de Insolvência é a de que ele entra na empresa com o objectivo da sua liquidação…. E isto não era nada tranquilizador… Fechar o Campo Pequeno, eventualmente erradicar a tauromaquia da nossa cidade, com os efeitos directos e indirectos que arrastaria para a actividade em todo o país… destruir postos de trabalho, enfim, o desfile do cortejo de desgraças habitualmente associado a estas situações.
Contudo, segundo o Estatuto do Administrador Judicial este é uma pessoa incumbida da fiscalização e da orientação dos actos integrantes do processo especial de revitalização, bem como da gestão ou liquidação da massa insolvente, no âmbito do processo de insolvência.
Ora bem… havia aqui duas palavrinhas que poderiam vir a fazer toda a diferença…. Eram a “Gestão” e a “Revitalização”. Revitalização Formal (dependente da existência de um Processo Especial de Revitalização), ou De Facto, dependendo da vontade própria de tudo fazer para que o Campo Pequeno superasse as dificuldades que levaram à declaração pelo tribunal do “estado insolvente da empresa”.
E foi essa vontade, de tudo fazer para que o projecto Campo Pequeno continuasse, que a Dr.ª Paula nos transmitiu poucos dias depois, quando reuniu com os colaboradores da empresa. Nessa ocasião estabeleceu connosco um compromisso, que se mantém válido e actual: Que lhe propuséssemos, para cada área de negócio, estratégias que observassem os três “RRR”: Realismo na Proposta, Rigor na execução e focus nos Resultados. Com este compromisso, assegurou-nos a libertação da nossa criatividade sublinhando, contudo, o quadro particularmente complexo em que iríamos trabalhar e manifestando a sua total confiança nos Directores de Departamento e suas equipas que, desde 2006, vinham dando o melhor de si a este projecto. Foi uma prova de confiança naqueles que não viraram a cara às dificuldades.
Não se pense, contudo, que este “Pacto de Confiança” significou qualquer atitude de “baixar a guarda”. Não. A confiança constrói-se no dia a dia e palmo a palmo, fruto da dialéctica que lhe é própria: O quê? Como? E para quê? Separar factos, dividir ideias para as debater com mais clareza; chegar onde se pretende, através da contraposição e reconciliação das contradições.
É neste clima que sabemos poder contar com o seu apoio claro nos momentos mais difíceis, como já algumas vezes aconteceu. Ela está presente nos momentos de celebração, como nos momentos de stress. Vive o Campo Pequeno por dentro, sente-se a sua presença; desafia; quer saber o porquê das coisas e pergunta, as vezes que forem necessárias, até que a questão lhe fique inteiramente esclarecida.
Particularmente no que respeita à tauromaquia, tem a Dr.ª Paula Resende evidenciado uma enorme abertura e compreensão pelas especificidades deste espectáculo, procurando sempre a sua valorização quer intrínseca pelo valor dos cartéis que aprova, quer extrínseca pela contribuição que o Campo Pequeno está a dar para a dignificação da tauromaquia em Portugal.
Os seus actos de gestão são perceptíveis mas nem todos são visíveis, nem é necessário que o sejam. No entanto, o seu toque pessoal, de evidente bom gosto, acrescente-se, está, paulatinamente, a tomar conta do edifício…. Veja-se a reposição e a colocação de novas placas comemorativas, visite-se o museu tauromáquico, responsável por 25 mil visitantes em apenas 16 meses de actividade…Ligue-se o televisor e aprecie-se o valor documental do canal Campo Pequeno TV, que nos posiciona como a primeira praça de toiros do mundo a dispor desta ferramenta de comunicação.
Gerir um projecto como o do Campo Pequeno é um desafio constante que exige grande sensibilidade em cada uma das áreas de negócio que integra e a compreensão do valor estratégico do empreendimento, no contexto de uma cidade (Lisboa) que se projecta com enorme vitalidade no espaço europeu e mundial e que assiste, orgulhosa, à descoberta que de si fazem, as centenas de milhares de turistas que, anualmente a visitam.
A este desafio global tem a Dr.ª Paula Resende correspondido, reunindo e motivando uma equipa dedicada, disposta a projectar o Campo Pequeno ao mais alto nível.

Paulo Pereira

Fotos Maria Mil-Homens