domingo, 9 de julho de 2017

Polémica em Beja: guerra de forcados atira festival da Cerci para uma portátil...




Uma guerra entre grupos de forcados está a agitar a aficion de Beja e vai levar a que o tradicional festival taurino a favor da Cerci se efectue este ano, em Outubro, numa praça portátil e não na praça “José Varela Crujo”.
José Manuel Ferreira Paulo “Cachapim” (foto da direita), co-proprietário da praça de toiros bejense, assumiu um compromisso com o Grupo de Forcados de Vila Franca (foto de cima), com a concordância do presidente da CerciBeja, José Hilário, para que este grupo regressasse, após muitos anos de ausência, nesse festival, à arena de Beja. Mas José Maria Charaz (foto da esquerda), cabo dos Amadores de Beja, recusa-se a pegar com os companheiros vilafranquenses, porque, afirma, gente próxima do Grupo de Vila Franca tratou no ano passado o seu grupo “abaixo de cão” nas redes sociais quando este pegou na Arruda dos Vinhos.
O presidente da CerciBeja recuou uns passos para trás e “Cachapim” alega que só tem uma palavra e por isso não cede a sua praça à Cerci se o Grupo de Vila Franca não pegar.
Resultado: não há praça para ninguém e o festival a favor da Cerci vai realizar-se este ano numa praça portátil.
Ricardo Castelo, cabo dos Amadores de Vila Franca, queixou-se desta espécie de veto do Grupo de Beja à Associação Nacional de Grupo de Forcados e teve mesmo na última segunda-feira uma reunião com a direcção. Mas a ANGF sacudiu a água do capote e não se vai envolver numa briga entre dois grupos. “É problema deles, eles que o resolvam”, disse ao “Farpas” uma fonte da ANGF, acrescentando: “Todos têm o direito de convidar para a sua casa e para a sua mesa quem querem e de não convidarem quem não querem. A associação não tem que se envolver nessa contenda”.
“Cachapim” conta ao “Farpas” que tudo começou a 10 de Fevereiro, por sinal o dia do seu aniversário natalício, quando numa conversa com o cabo dos Amadores de Vila Franca, este lhe manifestou o desejo de voltar a pegar na praça de Beja, uma vez que muitos antigos elementos do grupo são naturais do concelho. O empresário prometeu falar com o presidente da Cerci e assegurou que posteriormente lhe daria uma resposta.
Ainda nesse mês de Fevereiro, almoçou em Beja com José Hilário, que concordou com a participação dos forcados vilafranquenses no seu festival em Outubro e, conta “Cachapim”, “me autorizou a telefonar à sua frente para o cabo Ricardo Castelo,  dando conta da sua concordância”.
“O próprio presidente da Cerci acordou com Ricardo Castelo as condições todas para a contratação do grupo”, adianta o proprietário da praça.
A 20 de Junho, “Cachapim” voltou a Beja, acompanhado por seu filho, para novo almoço, desta vez com o presidente da Cerci e também com o cabo dos Amadores de Beja, José Maria Charaz.
Quando se falou do cartel e da actuação dos Amadores de Vila Franca, Charaz opôs-se determinantemente, justificando a sua atitude com o facto, disse, de “no ano passado, quando o Grupo de Beja pegou na Arruda dos Vinhos, fomos ofendidos nas redes sociais por elementos próximos do Grupo de Vila Franca”.
“Cachapim” retorquiu que “na minha casa, quem põe as condições sou eu, comprometi-me com o Grupo de Vila Franca, o presidente da Cerci concordou e eu não falto à minha palavra”. E concluiu: “Se não pega o Grupo de Vila Franca, não cedo a praça à Cerci”.
Contactado pelo “Farpas”, José Maria Charaz confirmou o teor destas conversas e disse: “Há grupos que não pegam com outros grupos, apesar de todos pertencermos à associação. Não sou obrigado a pegar com o Grupo de Vila Franca e não quero pegar com ele pelas razões que expliquei ao senhor ‘Cachapim’. Como o Grupo de Beja, há vários anos que tem colaborado e intervindo na elaboração do cartel do festival, vamos organizá-lo este ano numa praça portátil junto à feira que ali terá lugar em Outubro”.
Para “Cachapim” o assunto está encerrado: nos anos da sua vigência (de dois em dois) a praça de Beja não é mais cedida à Cerci

Fotos Emílio de Jesus e Fernando Clemente