
Tão grave e preocupante quanto a indefinição em que o novo dono do Campo Pequeno está a deixar arrastar o futuro da primeira praça do país é a ineficácia e a falta de actuação que estamos a sentir por parte dos agentes tauromáquicos e sobretudo por parte da ProToiro - que já se devia ter mexido e continua a dormir e a deixar o barco passar...
Miguel Alvarenga - Há seis anos, desde que foi decretada a insolvência da empresa da Família Borges, que se sabia de antemão que o Campo Pequeno, mais tarde ou mais cedo, haveria um dia de ser vendido e os agentes do mundo tauromáquico foram "deixando andar" sem nunca se preocuparem verdadeiramente com a situação. Podiam, e não o fizeram, ter constituído uma empresa forte para concorrer à compra da concessão e dessa feita evitar que "o poder caísse em mãos não taurinas", como veio agora a acontecer.
Só agora, depois da "casa roubada" (salvo seja), estão a pôr trancas à porta. Só agora estão, em segredo, a tentar formar grupos empresariais com o objectivo de propôr a Álvaro Covões o subarrendamento da praça para promoverem touradas - deviam tê-lo feito muito antes... e agora pode já ser demasiado tarde.
Por outro lado, estranha-se a arreliadora ineficácia que em todo este conturbado processo está a ter a Federação ProToiro, muito mais preocupada com o aumento do IVA nas touradas (que não conseguiu evitar, apesar de se vangloriar, entre dentes, que se mexia muito bem nos corredores do Parlamento...), do que com o futuro sombrio da praça de toiros do Campo Pequeno.
A direcção da ProToiro esteve ontem, como anteriormente noticiámos, reunida na praça de toiros com o director de eventos Vasco Cornélio para tratar de assuntos referentes ao Dia da Tauromaquia - podia e devia ter aroveitado a ocasião para pedir uma reunião institucional ao novo empresário e saber de viva voz quais as suas intenções sobre o futuro taurino da primeira praça do país.
Mais: Álvaro Covões assinou a escritura e assumiu a liderança do Campo Pequeno na última sexta-feira. Na segunda-feira, a ProToiro já tinha obrigação de estar "à sua porta" para lhe pedir uma reunião urgente. Mas pelos vistos continua a dormir na fila.
Como aqui escrevemos há uma semana, se estivessemos em Espanha, se se tratasse da Monumental de Madrid e se alguma vez alguém sonhasse, sequer, que poderiam acabar as corridas de toiros em Las Ventas, há muito que já tinha sido desencadeado uma "guerra civil" (salvo seja, também) e há muito que as associações tauromáquicas e os aficionados não tinham largado a porta da Monumental até que a situação fosse clarificada.
Sabemos que a Associação Portuguesa de Empresários Tauromáquicos (APET) vai amanhã ter a sua reunião magna na sede da Associação de Ganadeiros no Porto Alto, mas o assunto do Campo Pequeno não faz parte da agenda...
Andam todos de braços cruzados, a deixar passar o barco e a dormir. E depois, queixem-se...
Fotos D.R. e Frederico Henriques