40 deputados do PS são contra o aumento do IVA nas touradas e vão votar vencidos, mas não convencidos, por causa da disciplina de voto. Que raio de democracia é esta? Não será antes uma ditadura?
Um grupo de cerca de 40 deputados socialistas manifestaram-se contra o aumento do IVA nos espectáculos tauromáquicos para a taxa máxima (23%) - noticia hoje o "Expresso". Em conferência de imprensa, a deputada socialista Maria da Luz Rosinha, antiga presidente da Câmara de Vila Franca de Xira e que sempre apoiou a tauromaquia sem complexos, disse que "cabe aos deputados respeitar a disciplina de voto", ainda que o grupo de 40 deputados não concorde com a medida. “Não nos foi concedida a liberdade de voto”, afirmou a deputada do PS, admitindo que estão vencidos, mas não convencidos quanto à medida.
"Portugal é feito de um conjunto de tradições, de percursos e de inovações, num quadro de memória e respeito pelas comunidades locais e pela sua cultura popular. É por isso absolutamente contraditório com estas realidades a imposição de uma cultura do gosto", declarou Maria da Luz Rosinha.
De acordo com a deputada e segundo o "Expresso", a medida fiscal reveste-se de "preconceito" relativamente a uma vertente da cultura popular portuguesa que "deve ser respeitada" por quem não aprecia.
"Continuaremos a defender o direito á cultura popular e diversificada e o princípio constitucional da igualdade e do direito à cultura para todos. Continuaremos a defender a liberdade de escolha e de acesso aos espectáculos em igualdade de circunstâncias. Continuaremos a defender, tal como previsto na Lei, que a tauromaquia constitui uma atividade cultural, sendo parte integrante do património da culltura portuguesa", acrescentou.
Garantindo que não temem 'represálias' a nível interno, Maria da Luz Rosinha disse ainda que nenhum dos deputados em causa considera as touradas como uma "selvajaria". "Ninguém é obrigado a ir aos espetáculos de tauromaquia", insistiu.
Já o deputado Pedro do Carmo, também do PS, explicou que se o número de deputados socialistas com esta opinião fosse superior a 50% teriam aqui outra posição, por uma questão de democracia interna. "Continuaremos defensores da tauromaquia, da tolerância e da ruralidade. Acreditamos neste expoente cultural", frisou Pedro do Carmo.
Fotos Emílio de Jesus/Arquivo e Maria Mil-Homens