Aos ombros na sua praça "Palha Blanco" com o também falecido José Falcão |
Mário Coelho foi considerado no seu tempo o maior bandarilheiro do mundo |
Os cartazes da sua alternativa em Badajoz e da sua apresentação como matador no Campo Pequeno |
Esta é a história de um vencedor. A trajectória de um toureiro imortal
Mário Coelho Luís (Vila Franca de Xira, 25 de Março de 1936) é um matador de toiros português. Atingiu prestígio internacional como bandarilheiro, sendo mesmo considerado o maior do mundo no seu tempo (actuou vários anos às ordens do matador espanhol Andrés Vásquez) e posteriormente como matador de toiros, um dos mais emblemáticos de Portugal.
Mário Coelho Luís nasceu em 25 de março de 1936, em Vila Franca de Xira.
Desde criança quis ser toureiro, chegando a apresentar-se aos 14 anos como amador praça de toiros "Palha Blanco" (Vila Franca de Xira) na Quinta-feira da Ascensão de 1950.
Mário Coelho apresentou-se para prestar provas de profissional para praticante de bandarilheiro também na "Palha Blanco", em 1955, e tomou a alternativa de bandarilheiro, na praça do Sítio (Nazaré), a 13 de setembro de 1958.
Nas temporadas seguintes foi o bandarilheiro de maior relevo nível nacional conquistando os prémios mais importantes do País.
Integrou as quadrilhas das principais figuras portuguesas do toureio a pé, como Manuel dos Santos, José Júlio e Diamantino Viseu.
Em Espanha acompanhou Francisco Corpas Brotons e Andrés Vázquez tendo alcançado o escalão do Melhor Bandarilheiro do Mundo e o único na História do toureiro que saía em ombros em diversas praças de Espanha e Portugal, como bandarilheiro, ao lado dos matadores. Foi na sua época o bandarilheiro que mais prémios conquistou em todo o mundo.
Depois de trocar a prata pelo ouro, presentou-se na Monumental de Las Ventas, em Madrid, como novilheiro debutante em 4 de Maio de 1967 após 11 novilhadas em dois meses.
A 25 de julho de 1967, Mário Coelho tomou a alternativa em Badajoz, tendo como padrinho Julio Aparicio e como testemunha Manuel Cano «El Pireo». Foi a primeira alternativa que se concedeu na Monumental de Badajoz, precisamente no dia imediato à sua inauguração.
O toureiro confirmou a alternativa na Monumental do México em 1975, confirmando na Monumental de Madrid a 14 de maio de 1980 durante a Feira San Isidro.
Tendo vivido em Espanha e no México durante vários anos, a carreira de Mário Coelho passaria por França, Marrocos, Canadá, EUA, Angola e Moçambique, mas sobretudo pelas praças da América Latina como México, Venezuela, Perú, Colômbia e Equador.
Foi um toureiro admirado e aclamado pelas grandes figuras da Cultura e da Literatura, como Pablo Picasso, Hemingway, Orson Welles e tantos outros, com quem conviveu de perto ao longo da sua vida de toureiro.
Na sua trajectória de 1955 a 1990, Mário Coelho por todos os países onde andou toureou 3.149 toiros em 1.472 corridas e em 205 festivais.
No campo, neste meio século campero, tentou em 139 ganadarias do mundo,incluindo Portugal sendo em algumas delas o seu conselheiro durante 20, 30 ou mais de 40 anos. Em todos os seus 50 anos de profissão, tentou 158 toiros puros, 1.292 novilhos, 13.416 vacas e novilhas e retentou 310 já corridos.
Somando tudo,é um número fantástico de 18.947 cabeças, o que lhe deu uma riqueza incalculável de conhecimento.
Mário Coelho durante a sua trajectória de matador alternou com as maiores figuras do toureio como Ordoñez, Camino, Ojeda, Manzanares, Palomo Linares, Capea, Dámaso González, Manolo Martinez e Eloy Cavazos e tantos outros.
Foi durante 20 anos considerado o matador que melhor bandarilhava no mundo.
Mário Coelho foi dos poucos matadores a exercer a função numa arena portuguesa quando, a 12 de Setembro de 1984 numa corrida picada alternando com "Niño de la Capea" e Paco Ojeda na praça "Daniel do Nascimento", na Moita, deu uma estocada fulminante no toiro "Corisco", da ganadaria Ernesto de Castro. Por tal acto seria julgado em tribunal e ilibado.
Em 1990 despediu-se do público, cortando a coleta numa grandiosa corrida realizada no Campo Pequeno. A cerimónia do corte de coleta foi realizada pelo seu filho, um dos momentos mais simbólicos da vida do toureiro: "Havia lenços brancos e muitas lágrimas", recordou mais tarde. Nesse mesmo dia, Mário Coelho jurou que não mais voltaria a envergar o traje de luces nem voltaria a deixar crescer a coleta.
Em Outubro de 2001 foi aberta ao público a Casa Museu Mário Coelho, localizada junto à Igreja Matriz de Vila Franca de Xira, na habitação onde o toureiro nasceu, resultado de uma parceria estabelecida entre este, a Câmara Municipal e a Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira.
Em 2005, ano em que comemorou 50 anos de toureio, Mário Coelho publicou um livro onde estão reunidos textos autobiográficos, com o título "Da Prata ao Ouro", com prefácio de Agustina Bessa-Luís.
Já este ano, o jornalista e escritor António de Sousa Duarte escreveu a sua biografia, um livro que foi apresentado por Manuel Alegre no Campo Pequeno no Dia da Tauromaquia no passado dia 29 de Fevereiro.
Fotos D.R.