terça-feira, 11 de agosto de 2020

José Falcão: encontro com a morte foi há 46 anos em Barcelona


Falcão na Figueira da Foz a 4 de Agosto de 1974,
a última corrida em Portugal

11 de Agosto de 1974, Barcelona: o trágico encontro com a morte


José Falcão morreu há 46 anos na Monumental de Barcelona, colhido pelo toiro "Cuchareto", nº 12, com 506 quilos, da ganadaria espanhola de Hoyo de la Gitana.

O famoso toureiro vilafranquense, único matador de toiros português vítima de colhida mortal, era natural de Povos (Vila Franca de Xira), tinha 30 anos no dia em que morreu (11 de Agosto de 1974).

Oito dias antes (domingo, 4 de Agosto) toureara com Ricardo Chibanga na praça da Figueira da Foz, sua derradeira actuação em Portugal, onde em Junho desse mesmo ano estoqueara um toiro no Campo Pequeno em plena Corrida TV. Foi também o último matador de toiros a matar um toiro na arena de Lisboa.

Novilheiro de renome, que formou ao tempo histórica parelha com o eborense Óscar RosmanoFalcão era o mais emblemático representante do toureio a pé nacional em Espanha.

Recebera a alternativa a 23 de Junho de 1968 na Feira de Badajoz, apadrinhado por Paco Camino na presença de Francisco Rivera “Paquirri", que anos mais tarde viria também a ser vítima de colhida mortal em Espanha.

José Falcão sofreu a grave cornada na femoral quando batiam as sete menos dez da tarde de 11 de Agosto do ano da nossa "revolução". Alternava nessa corrida em Barcelona com os matadores espanhóis Manolo Cortés e Paco Bautista e com o rejoneador Álvaro Domecq.

Foi Domecq quem primeiro saltou à arena a acudir o matador português, procurando estagnar-lhe com a mão a tremenda hemorrogia no caminho que decorreu entre a arena e a enfermaria. Mal o deitaram na mesa de operações, José Falcão dirigiu estas palavras ao famoso cavaleiro: "Gracias, Álvaro, muchas gracias".

Estava consciente da gravidade da cornada. Depois virou-se para o Dr. Olivé, que se preparava para o operar e pediu: "Doutor, duérmame" (adormeça-me). E adormeceu para sempre. Morreu às onze horas e dez minutos dessa noite.

Casara no Inverno anterior e não chegou a conhecer a filha, que nasceria poucos meses depois da tragédia. Inicialmente sepultado em Barcelona, o corpo de José Falcão foi trasladado anos mais tarde para o cemitério de Vila Franca de Xira, onde repousa desde então em paz.


Fotos João Carlos D'Alvarenga e D.R.