Não resistindo às sequelas de uma queda em sua casa no passado dia 7 de Janeiro, morreu hoje em Salamanca o antigo matador de toiros José Ruiz "Calatraveño", natural de Bolaños de Calatrava (Ciudad Real), hoje recordado nos sites espanhóis como "um toureiro estético, de arrojo e poderio". Tinha 75 anos.
Tomou a alternativa a 17 de Agosto de 1968 em Ciudad Real, apadrinhado por Diego Puerta, com o testemunho de "El Viti", frente a toiros de Samuel Flores, tendo cortado nessa tarde quatro orelhas e um rabo. Uns meses antes abrira a porta grande da Monumental de Madrid na sua apresentação como novilheiro em Las Ventas.
Confirmou a alternativa em Madrid a 22 de Agosto de 1971 e voltou a sair em ombros pela porta grande, depois de enfrentar três toiros por colhida de Pedrín Benjumea, que fora seu padrinho.
Vicente de Gregório foi o autor da sua biografia, um livro intitulado "A sangue e fogo", precisamente pelo facto de "Calatraveño" ter sido um dos toureiros mais castigados pelos toiros. Em 12 de Maio de 1974 sofreu a mais grave cornada da sua carreira na Monumental de Madrid, infringida por um toiro de Victorino Martín.
Despediu-se das arenas em 1982 e no ano seguinte actuou como bandarilheiro, chegando a integrar a quadrilha do matador Victor Puerto. Voltou a tourear como matador no ano de 1986, temporada em que cortou definitivamente a coleta.
Ao longo da sua trajectória, "Calatraveño" participou em 50 novilhadas com picadores (em que obteve 88 orelhas e 20 rabos) e em 209 corridas de toiros (em que foi premiado com 331 orelhas e 34 rabos).
"Calatraveño" fez a sua apresentação em Portugal na praça do Campo Pequeno em 1971 e actuou em Lisboa pela última vez a 14 de Maio de 1972 (programa em baixo), repartindo cartel com o saudoso Francisco Rivera "Paquirri", com os cavaleiros José Mestre Batista e José Maldonado Cortes e com os forcados Amadores de Santarém, ao tempo comandados por José Manuel Souto Barreiros. Lidaram-se oito toiros da ganadaria do então empresário Manuel dos Santos, a de Porto Alto.
Fotos D.R.