Miguel Alvarenga - Eu digo e redigo, e não me canso de dizer, que quando decidiram que tínhamos de caminhar para o progresso, andámos para trás e caminhámos para a estupidez total. Hoje, infelizmente, tudo na nossa vida é "digital", mais ou menos virtual e obedece obrigatoriamente a tecnologias dessa parvoíce a que chamam internet.
Durante anos a fio, escrevi tudo o que tinha a escrever na minha velhinha máquina Hermes Baby (que ainda guardo religiosamente) e nunca precisei de computadores para nada. 
Quando falava ao telefone, fazia-o com aparelhos que tinham fios e estavam ligados à parede. Se estivesse na rua e precisasse de fazer uma chamada urgente, havia cabines telefónicas - que trabalhavam com moedas e mais tarde com cartões que se compravam nas tabacarias. Era tudo normalíssimo.
Depois vieram com as modernices e lixaram-nos a vidinha! Falava ao telefone e recebia telefonemas quando estava em casa ou na Redacção, não me chateavam a todo o momento, quando estou na fila do supermercado, quando estou na Barata a ver livros, etc., quando estou em trabalho a fotografar.
Escrevia na Hermes Baby e nunca se perdia um texto, ficava tudo lá, já impresso e tudo, não precisava de impressoras, de cartuchos, dessas coisas...
De repente veio o chamado progresso, fazem-se as coisas mais rápido? Talvez, acredito que sim. Mas com maiores perigos.
Hoje em dia, quem lhe apetecer, como apeteceu aos que nos últimos dias pararam a Vodafone, pára um país, porque tudo funciona pela internet. Qualquer dia páram os aviões no ar, é só quererem.
Vivemos melhor? Claro que não. Vivemos mais depressa, mais acelerados. Mas mais estúpidos. E mais vulneráveis, nas mãos de quem queira brincar connosco, como brincaram os que travaram a Vodafone.
Mundo estúpido, este em que vivemos. Sou saudosista? Não. Sou mas é realista.
Merda para o progresso!
Fotos D.R.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
